LottysMaffhaus 20/11/2022
Somos e não somos Severino.
Somos todos Severinos.
E como um bom Severino que sou, me apresentarei.
Sou Lottys, Lottys de Nascimento.
Nascimento que foi casada com Josias.
Josias esse que viveu na zona da mata de Pernambuco.
João Cabral de melo Neto um dos principais autores junto com Drummond e tantos outros do período modernista do Brasil, nasceu em São Lourenço da mata uma cidade que é a transição entre a região metropolitana e a zona da mata de Pernambuco. Em 1954 ele pública uma de suas obras de maior prestígio "O rio" e seguindo uma certa linha em 1956 pública suas obras e sua estrela, "duas águas" onde nela está "morte e vida Severina".
O livro conta sobre um retirante da região do sertão entre Pernambuco e paraíba. Tentando de uma maneira desacelerar o processo da dor e da morte por causa desse "sol" que ameaça a vida, ele começa uma viagem até onde a água do rio Capibaribe deságua, no mar de recife.
Nessa viagem ele vai encontrando a dura realidade do povo que vive ali ( um retrato do povo nordestino) que morre de morte morrida e matada, as vezes até ao mesmo tempo. Encontra seus santos e suas profissões que levam tanto o tempo quanto a alma e que de uma forma tão firme se compara ao rio, ao mangue.
Antes, eu li nesse conjunto de obras "O rio" antes de a "morte e vida Severina" e recomendo fazer o mesmo. Em "o rio", o autor coloca a perspectiva do rio Capibaribe como personagem nas realidades que passa, ele coloca os sentimentos da região, junto com os detalhes de uma poesia tão linda, nítida e incrivelmente social. Aliás, estás obra de J.C é de cunho social, até aquelas que não se imaginaria um conflito, ele as colocas com um pincel pequeno, como paisagem figurada.
Voltando, ele vive essa Jornada e quando chega ao seu destino, percebe-se a realidade, a lama que cobre o problema e não tem como sair e decide parar com o seu sofrimento que sempre foi desenhado, ele quer se jogar ao mar e vira água. Mas, antes do fim, da morte, de se jogar, ele encontra um homen chamado José e pergunta o sentido de tudo, sem respostas ele parece aceitar o seu fardo. Porém, aparece vida em um garoto que nasce numa casa perto da ponte lá embaixo, garoto sem nome, sem Severino e é de José que também não é Severino, é um caminho da vida que resta o tempo todo e da esperança de que o rio vai descer e chegar no mar bem, sem lama.
Tem filmes e obras de teatro com este livro, incluindo uma música do Chico Buarque no momento em que o retirante chega a zona da mata e encontra um grupo de pessoas enterrando um homem trabalhador. E temos que lembrar sempre que:
"o mar de nossa conversa precisa ser combatido, sempre, de qualquer maneira, porque senão ele alaga e devasta a terra inteira."
Em Recife 156 pessoas morreram em 2022 por causa de fortes chuvas e a grande maioria foi pessoas com uma extrema condição de pobreza, está chuva criou lama que engoliu o povo, mas não os prédios de Recife. Parou os ônibus onde haviam pessoas para ir trabalhar, parou escolas onde haviam pessoas que precisavam se alimentar, parou hospitais onde haviam pessoas para se tratar. E pior que isso é pensar que quem está acompanhando este rio, está muito pior.
É um livro sobre origem, uma nação que sofre de uma crise pobre e que parece finalmente ter escolhido uma pessoa que se importa um pouco com este rio.