Lane Lou Salomé 06/12/2011
O personagem Severino, é uma metáfora para o nordestino que sai do sertão acreditando que em outras cidades nas quais a seca é mais branda ou não existe, a vida pode ser melhor, mas em todo percurso ele vai percebendo que a vida "Severina" independe do lugar, ou das condições climáticas, as dificuldades o acompanham, pois já fazem parte do contexto socioeconômico que está inserido, e não apenas do sertão, lugar quente, seco e de quase nenhum meio de sustentar a vida, em que permaneceu por tanto tempo.
O livro retrata o sofrimento de Severino na busca de dias melhores e também, a triste realidade de tantas pessoas. Dentre as dificuldades enfrentadas pelo personagem, uma delas foi quando resolveu abordar uma senhora que se encontrava numa janela que avistou, perguntando se havia vaga de emprego, a senhora o disse que havia, porém quando o perguntou sobre o que sabia fazer, aquilo que o sertão o impôs a aprender (lavrar, cuidar de gados...) não lhe foi suficiente para conseguir o trabalho.
Encontramos situações similares em nosso país, a desigualdade social faz com que pessoas de baixa renda ou de quase nenhuma renda, tenham meios de sobrevivência subumanos, onde o endereço das moradias de alguns é encontrado logo abaixo de uma ponte, e um pedaço de papelão sobre o chão (quando há) ocupa o lugar de onde deveria haver uma cama. Sem lugar adequado para morar, há de se encontrar ainda menos, acesso a educação, com isso, não tem como haver emprego disponível para estas pessoas, pois limpar vidros de carro com uma flanela ("Trabalho de alguns") não é uma qualificação suficiente para uma vaga de emprego. Uma frase do livro que achei bastante reflexiva foi: "A cada dia morre gente que nem vivia". Seja esta morte por fome, doenças ou suicídio por não suportar a "vida", continuarão morrendo quem nem vivia, enquanto as políticas públicas não funcionarem adequadamente e o Estado for "instrumento de classe dominante. Sempre!?