Paulo Silas 30/01/2015Uma abordagem bastante útil e salutar para quem se interessar pela historicidade das religiões enquanto objeto de análise.
Em que pese o autor mencione que a obra se trata de um estudo sumário, não alcançado todas as vertentes necessárias para uma análise pormenorizada de todas as nuances levantadas, o livro formula um apanhado, por mais que breve, profundo o suficiente para evidenciar as raízes históricas em comum de todas as religiões. Mesmo contando com alguns exemplos ilustrativos concretos de cada aspecto que é analisado pelo autor (o espaço sagrado e a sacralização do mundo, o tempo sagrado e os mitos, a sacralidade da natureza e a sacralização cósmica...), a abordagem realizada é sobre a essência do objeto de estudo.
Iniciando com uma linha cronológica a qual aponta para as épocas em que a ciência das religiões ("enquanto disciplina autônoma, tendo por objeto a análise dos elementos comuns das diversas religiões a fim de decifrar-lhes as leis de evolução") passou a ser estudada sob tal forma, o autor também evidencia o intento da obra: traçar breves considerações e apontar concretudes para com a historicidade das religiões. Assim, tal análise é feita em seu processo histórico, bem como pelo estudo da fenomenologia da coisa.
O entendimento dos povos antigos sobre a diferenciação do "sagrado" e do "profano". A dificuldade da nação ocidental em analisar a questão sob outro vértice, considerando o cristianismo como religião imperante e predominante em tal lado do mundo. A dificuldade reinante inclusive nos arreligiosos em abandonar certos costumes que surgiram do religioso enquanto como forma de entender o mundo, bem como aquelas atitudes que intrinsecamente estão ligados ao religioso, sem que se dê conta disto. A evolução das formas de compreensão do mundo, do cosmos e dos mistérios das coisas. As semelhanças existentes nas diversas formas de religião, cujos arquétipos permanecem em voga até os dias atuais. Enfim, uma série de referenciais que são feitos mediante a análise do autor, um historiador da religião, tornando a obra, por mais que breve e concisa, profunda o suficiente para que ao menos seja despertada a curiosidade no leitor.
Como dito, o autor aborda apenas o lado histórico das religiões, sem tecer qualquer tipo de opinião sob outros vieses, papel este a ser desempenhado, como arremata no final da obra, pelo filósofo, pelo psicólogo e pelo teólogo, de modo que a leitura é indicada para qualquer pessoa, independente de seu posicionamento (ar)religioso.
Muito bom. Recomendo!