Davi 03/06/2024
O guarda-roupa que tem fundo: uma resenha de Nárnia.
"O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa" é o primeiro livro da clássica franquia "AS CRÔNICAS DE NÁRNIA", escrito por C.S. Lewis, e, por ser uma das histórias mais amadas da literatura, eu esperava mais. Publicado em 1950, o livro apresenta os quatro irmãos Pevensie - Peter, Susan, Edmund e Lucy - que, durante a Segunda Guerra Mundial, são evacuados para a casa de um professor no campo. Lá, eles descobrem um guarda-roupa que serve como portal para o mágico mundo de Nárnia. Através deste guarda-roupa, eles entram em uma terra encantada onde animais falam, criaturas míticas vagam e uma bruxa malvada, a Feiticeira Branca, governa com punho de ferro, condenando Nárnia a um inverno eterno sem Natal. A chegada dos Pevensie marca o início de uma profecia, trazendo esperança de liberdade e a possibilidade do retorno do verdadeiro rei de Nárnia, o leão Aslam.
Nessa obra, C.S. Lewis constrói uma narrativa rica em simbolismo e temas com cunho religioso, disfarçados em uma aventura mágica. A história de Nárnia é claramente vista como uma alegoria cristã, com Aslam representando uma figura messiânica que sacrifica sua vida para salvar Edmund, e posteriormente ressuscita. A redenção de Edmund, que trai seus irmãos e se alia à Feiticeira Branca, mostra o incrível e sensacional poder do perdão e da redenção humana. As batalhas na obra refletem a luta entre o bem e o mal que é atemporal em tramas de criança, sempre colocando esse ideal renascentista da batalha entre luz e sombras. O crescimento e a maturação dos irmãos, especialmente Pedro como líder e Lucy como a primeira a acreditar em Nárnia, sublinham temas de coragem, fé e lealdade. Característicos de uma obra cristã - em sua essência.
Por fim, embora esse livro seja amplamente aclamado por sua riqueza simbólica e narrativa mágica, eu esperava uma história que fosse mais complexa e menos direcionada ao público evangélico. A forte presença de alegorias bíblicas, como a figura de Aslam em paralelo a Cristo e a redenção de Edmund, acaba fazendo a trama parecer uma versão simplificada e fantasiosa das histórias bíblicas, o que não me cativou tanto quanto eu esperava. A natureza e o enfoque em um público mais jovem limitaram a profundidade que eu buscava em termos de desenvolvimento de personagens e complexidade da trama, deixando-me um pouco desapontado com a execução da história. Mas, ao olhar com uma visão de criança, essa história certamente me encantaria muito.