Davi.Paiva 16/12/2022
Não deixem de ler!
De vez em quando eu me considero uma pessoa de muita sorte. E encontrar este livro foi um destes momentos de lampejo, pois lá estava eu indo trabalhar quando achei dois exemplares na caixa de doação da estação de trem do meu bairro. Um ficou comigo e outro foi oferecido (e aceito) para ser entregue para uma das minhas irmãs.
Eu já conheço a coleção "Cadernos Negros" há muito tempo. E até cheguei a ler uma das edições. Creio que eu leria mais se todas estivessem disponibilizadas para Kindle. Infelizmente, não tenho esta sorte. Então me contentei com esta obra de altos e baixos.
E por que altos e baixos?
Fonte serifada e com bom espaçamento é algo que eu nunca canso de elogiar. Agora usar papel reciclado foi ótimo para o meio ambiente e uma boa solução para não se usar o brilhante papel sulfite e nem o (que deve estar caro atualmente) papel pólen.
Detalhes editoriais a parte, outro ponto bom foi dar espaço para escritoras negras. Como negro, já sei que é difícil publicar no Brasil. E como sei que o mercado é machista, para elas há mais dificuldade. Então um espaço somente para escritoras vira um ótimo lugar para revelar talentos ou sacramentar quem já tem consagração.
Infelizmente os pontos baixos existem: na parte dos contos, temos a organização dos textos por ordem alfabética de nome do autor (o que acho bem pobre), além dos detalhes individuais de cada texto, como alguns com aberturas ruins e outros com diálogos malfeitos ou excesso de personagens. E na parte das poesias, o meu velho dilema com poesias:
"Não é por escrever
desse jeito
E expor todos os seus sentimentos e angústias
que necessariamente estará fazendo poesia".
Ainda assim, acho que a nota 3 de 5 cai bem porque o trabalho como um todo está acima do regular e possui bons textos, como:
- A Última Empregada (Ana dos Santos);
- Renascimento (Claudia Walleska);
- Trajetórias (Debora Rodrigues).
Então se tiverem oportunidade, não deixem de ler "Escritoras de Cadernos Negros."
Recomendo!