spoiler visualizarIzzyaas 19/10/2024
A vilania humana diante do desejo contido e de um amor frustrado e destruído
Acho que esse livro foi uma grande maratona, sinceramente, foi a primeira vez em tantos ANOS que fiquei um dia todo lendo, embora tenha lido puramente por propósitos acadêmicos hehehe.
Bem, sobre a obra:
Em primeira instância, eu gostaria de dizer que Emily Bronte foi CIRÚRGICA nessa narrativa, que ironicamente é extensivamente descritiva, mas que carrega tanta maldade, tanta vilania que chega a repulsar!
Não me entenda mal, essa é uma GIGANTESCA obra de arte da humanidade, mas tem tanta dor, tanta frustração, tanta violência, que cria certa aversão, apesar de a história por si só nos fazer refletir muito sobre o caráter humano como um todo. Acredito que é genial, plenamente genial, toda a crítica que é feita nesse livro, sinceramente.
Se você está atrás de um romance puro como em Orgulho e Preconceito, com certeza esse livro não é o que procura, porque ele nos entrega sobretudo, o resultado da crueldade humana frente ao que é diferente, e o resultado de um amor frustrado e cheio de vingança e ódio.
Escrevo essa resenha, ouvindo Lover of Mine do 5SOS, que pra mim, é exatamente algo que Heathcliff diria ao fantasma da Cathy enquanto vagava descompassado perto do fim do livro, buscando a morte que os uniria no final:
“Quando dou uma olhada na minha vida e em todos os meus crimes[...] Você é a única coisa que eu acho que está certa [...] Eu nunca vou te mandar embora [...]Porque eu já cometi, já cometi esse erro.”
Uma coisa que me fez pensar, foi o quanto nós estamos suscetíveis a querer buscar vingança pela maldade que nos atinge, acho que de certa forma isso faz parte da natureza humana, mas nesse livro, me fez realmente pensar, principalmente com essa cadeia vingativa, que começa com o Heathcliff, passa pelo pobrezinho do Hareton, chegando no próprio filho do Heathcliff, atingindo a Catherine, filha do casal Linton, até alcançar novamente o Heathcliff, que morre sozinho, sem ninguém amando ele, afinal. Algo interessante que percebi, foi que toda a vingança, toda a vilania contra as famílias Earnshaw e Linton acaba indo pro espaço, porque no final temos Catherine Linton e Hareton Earnshaw bem felizes juntos, obrigado, tal como Edgar Linton e Catherine Earnshaw foram a princípio. Realmente, não sei se foi proposital da autora, mas isso me fez pensar um pouco no quão vã acaba sendo toda essa busca do Heathcliff, que termina sozinho.
De certa forma me compadeço dele, mesmo não acreditando que ele estava certo no que fez, nada justifica o que ele fez com a Isabella, ou com o próprio filho, nem o que fez com a Catherine filha, acho que por falta de amor e de misericórdia, e por uma excessiva exposição à violência, no final ele se torna violento também e acha que por ter sido oprimido uma vez, o poder que ele agora tem o dá o direito de oprimir também, acho que isso é uma descrição pura e fidedigna da maldade humana e da corupção da sociedade, algo que também vemos em Frankenstein, e a ideia de que afinal, o homem é mau ou a sociedade o corrompe?
APESAR DE eu não ter gostado do livro, porque não é meu tipo de enredo, reconheço perfeitamente que temos aqui uma obra de arte que deveria ser lida com o coração aberto, e embora não esteja em minha lista de favoritos, com certeza o indico para leitura.
Dou 5/5 porque Emily Bronte foi genial em cada linha, cenário, personagem e narração nesse livro. Claro que a edição da Zahar me ajudou muito( embora eu tenha lido grande parte pelo Kindle)