Beatriz3345 15/11/2024
Lolita
Já começo dizendo que este livro não é para quem não gosta de leituras arrastadas. A leitura é, de fato, bastante densa, com muitas partes desnecessárias e detalhes excessivos. Portanto, se você não gosta desse tipo de escrita, melhor evitar.
Apesar do estilo de escrita, devo dizer que amei a história. Li o livro em grupo, e enquanto as outras duas meninas detestaram, eu me envolvia cada vez mais. Tenho muitas opiniões sobre ele.
Conheci *Lolita* através da Bel Rodrigues e sempre quis ler o livro; talvez por isso não tenha ficado com preguiça de enfrentá-lo. A obra nos apresenta dois personagens principais: Humbert Humbert, um pedófilo, e Dolores Haze, uma criança. Primeiro, vamos falar de Humbert. Em determinado momento, senti pena dele, não no sentido de "coitado", mas uma pena pela vida miserável que ele leva e pela certeza de que sempre será um miserável. Por diversas vezes, Humbert teve a chance de parar; ele sabia que era um pedófilo, sabia que era um monstro, mas sempre negava a si mesmo, sempre dizia que o que fazia não era abuso, mas sim amor. Humbert nos mostra que todo pedófilo age de forma premeditada, é alguém que pode estar próximo de você e da sua família. Humbert nunca foi uma pessoa boa, nem mesmo quando era adolescente e apaixonado pela Valéria. Como já dito: uma vez miserável, sempre miserável.
Sobre Dolores, devo dizer que nunca gostei de chamá-la de Lolita, pois é assim que o seu abusador a chamava. Terminei o livro torcendo de coração para que ela fosse feliz. A vida dela foi marcada por pessoas ruins; a única pessoa boa que, ouso dizer, passou pela sua vida foi a diretora da escola, que não descobriu o que estava acontecendo porque Humbert fugiu antes. Fico imaginando tudo o que Dolores poderia ter sido, mas não foi, por causa dessas pessoas, especialmente por causa de Humbert. Ela termina o livro como uma jovem grávida, vivendo uma vida que parecia a de uma mulher de 30 anos, embora tivesse apenas 17, o que é extremamente cruel ? e tudo culpa de Humbert, que sequer se sente responsável por isso. É triste ver que Dolores chegou a dizer que Humbert era um bom pai. Ele foi a única pessoa que lhe deu carinho, mas era o carinho de um abusador, não de um pai.
O livro, publicado nos anos 50, evidencia a importância da educação sexual nas escolas e do acompanhamento de alunos problemáticos. Mesmo hoje, ainda não temos esses recursos adequados no nosso sistema educacional.
Enfim, apesar de tudo, eu realmente amei o livro.