Roger9 10/06/2024
The Invisible Life of Addie LaRue
?I remember you.?
Three words, large enough to tip the world.
Eu nunca pensei que Addie Larue fosse virar um dos meus livros favoritos da vida. Eu tentei ler esse livro logo quando ele foi lançado, acho que não havia nem tradução em português ainda, e eu achei a história extremamente entediante, eu achei sim a escrita da V.E. Schwab muito bonita como a maior parte das pessoas estava falando na época, mas a história não me pegou de nenhum jeito, então eu apenas abandonei o livro por volta dos 60% e nunca mais lembrei da existência dele até seis dias atrás.
Eu vi um vídeo de um booktoker falando sobre os livros favoritos da vida dele e Addie Larue estava no meio, e eu estou em uma ressaca literária eterna nos últimos tempos, mas me deu vontade, por algum motivo, de pegar o livro para ler e foi a melhor decisão da minha vida. Eu dividi o livro em seis partes, então eu li cem páginas por dia e foi uma experiência maravilhosa, eu senti como se estivesse acompanhando uma minissérie de seis capítulos ao longo dos dias. Pela primeira vez em muito tempo eu consegui ler com um ritmo, eu sentava para ler a meta do dia e eu conseguia ler de uma vez só as cem páginas e, quando eu acabava, eu queria ler mais, e isso era algo que não acontecia em muito, mas muito tempo.
Pensando agora eu ainda não sei por que essa história não funcionou comigo da primeira vez que a li, talvez porque não fosse o momento certo, talvez eu não tivesse maturidade o suficiente ou talvez meu inglês não fosse o suficiente na época para absorver completamente essa história, ou talvez foi um pouco de tudo. Qualquer que seja o motivo, eu sei que dessa vez o que me fez mergulhar de cabeça nela foi entender desde o começo que esse é um livro sobre os personagens e apenas sobre eles.
O foco aqui desde o começo não é reviravoltas mirabolantes ou cenas frenéticas, o foco é o relacionamento da Addie com as pessoas que ela vai encontrar ao longo dos seus séculos de vida, em especial o relacionamento dela com o Luc e com o Henry. A V.E. Schwab não tem pressa alguma em contar essa história, na maior parte do tempo eu senti como se estivesse acompanhando o dia a dia da Addie, e na verdade é meio que isso porque a maioria das cenas aqui vão ser cenas comuns como uma ida ao parque, um encontro em um bar ou um jantar em um lugar especial, e esse padrão de cenas vai se repetir muito ao longo deste livro, o que para alguns pode ser algo muito entediante, inclusive para o meu eu de alguns anos atrás, mas dessa vez foi algo que eu achei extremamente interessante porque a Addie é uma personagem que vive séculos e ela em vários momentos tem a sensação de déjà vu, então por mais que ela esteja vivendo algo novo, ela meio que no final das contas ao longo dos séculos já viveu inúmeras versões daquele momento, mas ao mesmo tempo ela sempre consegue achar algo novo toda vez que ela vive uma nova versão daquele acontecimento. A V.E. Schwab poderia facilmente escrever inúmeras cenas da Addie vivenciando grandes momentos históricos, mas em vez disso ela escolhe mostrar esses pequenos e simples momentos da história dela, o que muitas pessoas podem achar frustrante.
O relacionamento disfuncional dela com o Luc foi de longe a melhor coisa de ler no livro, é muito bem escrito e a V.E. Schwab escreve e explora os sentimentos e pensamentos da Addie de uma forma tão profunda que você consegue entender todos os motivos pelos quais ela odeia ele e ao mesmo tempo anseia pela companhia dele, isso é também uma das situações que mostra muito bem a força que a Addie tem, por mais que ela deseje a companhia dele, porque no final das contas ele é a única pessoa que ela não tem que recomeçar de novo e de novo, ela tenta ao máximo não implorar ou se humilhar por isso. O final dos dois eu achei bom, não foi um final perfeito, mas foi um bom final, não sou um grande fã de finais abertos, mas eu gostei como o final deixa uma ideia clara que a história deles dois pode levar décadas ou séculos para chegar a um ponto final.
A história do Henry é muito boa, mas se fosse para eu apontar um momento em que o livro perdeu um pouco o ótimo ritmo dele foi durante a parte em que a história deixa de lado a Addie e foca um pouco mais no Henry, no entanto, por mais que tenha um ritmo um pouco mais lento, eu não retiraria nenhuma página da história dele, essa é uma coisa que a V.E. Schwab faz muito bem aqui, por mais que o ritmo do livro caia um pouco, ainda parece que toda página é importante e necessária. O relacionamento dele com a Addie não foi tão interessante para mim quanto com o Luc, mas ainda é algo muito bom, é muito interessante como são dois relacionamentos muito parecidos, mas que parecem muito diferentes ao mesmo tempo.
Toda a relação da Addie com a vida que ela perdeu e deixou para trás é outro grande ponto forte dessa história para mim, acho que aqui é onde estão as cenas mais tristes da história, por mais que ela tenha passado pelo luto dessa perda nos primeiros anos de sua vida, ela sempre vai voltar de alguma forma para aqueles primeiros anos e vai tentar se agarrar ao máximo às memórias daqueles dias.