Zana 11/08/2016
‘considerações acerca de’
Note que isso não é uma resenha, são apenas ‘considerações acerca de’. Isso porque a contextualização ambiental da história é tão abrangente que para fazer uma resenha decente seria preciso estar isento de preguiça, o que nunca acontece com esta leitora que vos escreve. A trama do livro é composta de nuances histórica e ficcional (estariam os fatos históricos combinados com ficção ou não? A verdade é que para fatos relativos à História de alguns não lembro e de outros desconheço, mas alguns simplesmente me causam estranheza. Como, por exemplo, o Código Negreiro, citado no livro, falar do direito dos escravos a conservarem seu pudor. Verdade? Mentira? Deixa quieto, quem souber morre!). O livro aborda sobre escravidão, mas também temos pirataria, espionagem, movimentos independentistas, Napoleão, conspiração, guerras, brigas pelo poder, etc., etc., etc.
A prolixidade da hermana argentina Florencia Bonelli é tão grande que seu enredo resultou num livro acima de mil páginas, sendo que dividido em dois livros: ‘O Quarto Arcano - O Anjo Negro’, livro 1, e ‘O Porto das Tormentas’, livro 2. Entretanto, falando do livro um de 544 páginas, observo que pinçando apenas a relação dos protagonistas somente umas 168 páginas bastariam. Isaura Maguire ou Melody é uma voluptuosa ruiva de feições negras, que por literalmente ter sentido na pele as agruras da escravidão defende os Africanos com ardor. Alma piedosa e boníssima, ela é a dita Anjo Negro. Confesso que esperava ela mais tipo heroína aguerrida, todavia não é. Ela virá a ser perceptora do afilhado do protagonista, Roger Blackraven - ‘O Escorpião Negro’. Um riquíssimo e arrogante nobre de origem bastarda, cujo verdadeiro interesse não é escravidão, mas segredos reais e independentistas. O antagonismo inicial dos dois transforma-se rapidamente (até demais) em um possessivo amor roxo. Eles ficam juntos, para no final do livro separarem, e provavelmente juntarem-se no livro dois. Achei a circunstancia desta separação um tanto quanto fraca, afinal mesmo que superficialmente ela sabia de que escopo ele era feito!
Agora é encarar mais 688 páginas do segundo livro. É isso mesmo produção?! Oh céus, aonde fui amarrar a minha égua, Omg! O livro é bom não me entendam mal, mas, por favor, escritores não me confinem por muito tempo numa história, pois sofro de nostalgia pelos livros que ainda não li, minha imaginação insiste em querer alçar voo. Como bem disse Fernando Sabino ‘O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove’. Vida, digo leitura, que segue, vamos ao ‘O Porto das Tormentas’, livro 2.