Sueli 03/10/2011
O Quarto Arcano/O Anjo Negro
O Quarto Arcano
De Florencia Bonelli
A minha principal dúvida, depois de ter lido mais de 1200 páginas de uma das mais fecundas histórias de que já tive o prazer de ler, é o que fazer depois de Roger Blackraven?
Sim, queridos...sem sombra de dúvida o Conde de Stoneville ou Roger Blackraven ou Alejandro di Bravante ou futuro Duque de Guermeaux ou Escorpião Negro é um daqueles personagens que nos deixam aniquilados depois que se despedem de nós.....
Se bem que para ser verdadeira, todos os vários personagens saídos da mente fértil dessa Sherazade argentina, são inesquecíveis!
O Quarto Arcano é uma obra composta de dois volumes e, apesar de terem títulos para cada um deles – “O Anjo Negro” e “O Porto das Tormentas” - os dois são a mesma incrível, longa, maravilhosa e viciante história.
O primeiro volume intitulado “O Anjo Negro”, narra o começo do romance de Roger e Melody, duas personalidades conflitantes e fortes, o que me lembrou de um livro que li há muitos anos chamado “O Sacrifício da Inocência”, de Taylor Caldwell.
Não que exista qualquer semelhança entre os personagens, mas porque Taylor Caldwell usou seus personagens como instrumento para exemplificar o cenário histórico e econômico do EEUU,da época em que se passa a ação, então, me ocorreu que essa Sherazade moderna pudesse estar utilizando suas personagens principais para nos fazer entender o fascínio exercido pelo novo mundo (Melody)cheio de exuberância, intocado, generoso, belíssimo, enfim, fascinente, em um continente muito antigo (Roger), culto, rico e que precisa expandir seu comércio e poder, desesperadamente, ou não conseguirá sobreviver.
Não foi uma leitura fácil, embora tenha sido muito prazerosa, pois Florencia Bonelli é muito generosa na construção de suas personagens e nos deixa muito pouco para imaginarmos, assim como, todos os “figurantes” de destaque têm os seus cinco minutos de fama e, é justamente por isso que resolvi apelidá-la de Sherazade do Rio da Prata, pois são mil histórias dentro de uma só história. Foi um prazer saber que essa autora, até agora, desconhecida para mim, não se fez de rogada e nos presenteou com tramas paralelas ao drama principal.
É notável o trabalho de pesquisa, pena que não pude aproveitar em toda a sua extensão, mais uma vez recorro à outra obra para exemplificar o trabalho de Flor, como é chamada por seus fãs... o cenário descrito por ela, me lembrou muito o filme “Forrest Gump”, em que o diretor, através de truques cinematográficos, insere o personagem de Tom Hanks, nos mais diferentes e impossíveis momentos da história americana. Foi dessa forma que senti o trabalho da autora em relação a Roger Blackraven, no cenário político e econômico do século XIX.
O livro poderia ser comparado à ONU, pois, nele encontramos personagens dos mais diversos e distantes países, tais como: Espanha, Inglaterra, Irlanda, França, Sri Lanka (Ceilão), Turquia, Holanda, Brasil, etc....
Por incrível que pareça, depois de mais de 1200 páginas, a história não se esgota, apesar do amor do casal protagonista estar sedimentado de forma sublime e absoluta. O que fica é um gosto de quero mais e, segundo a minha amiga Adriana do Belém, penso que a ação política continua com o livro “Me Chamam Artemio Furia”.
Tenham coragem e leiam essa obra fantástica e fascinante. O difícil é despedir-se dela....