Resenhas - Despertar os leões

Pedro.Carneiro 09/11/2024

O movimento correto?
Pode ser que com o tempo eu gostei mais do livro. Pode ser. Não sei ao certo, talvez isso seja muito bom. Algumas coisas me incomodam e me fazem pensar. Penso que o mundo girando normalmente não é bom, mas é tudo que mais queremos. É perturbador que somos um pouco de cada personagem. Só esperando o mundo voltar a sua ordem.

Alan kleber 04/12/2023

Os dilemas que enfrentamos na Montanha-russa da vida.
Em "Despertar os Leões", Ayelet Gundar-Goshen nos apresenta uma trama envolvente que vai muito além das fronteiras do suspense convencional. No cerne da história está Eitan Green, um neurocirurgião cuja vida aparentemente perfeita é virada de cabeça para baixo após atropelar um imigrante africano nas estradas poeirentas de Beer Sheva.

A trama desvela-se como um intricado quebra-cabeça ético, onde as escolhas de Eitan reverberam não apenas em sua própria existência, mas também nas relações que ele mantém. Sua esposa, Liat, uma policial encarregada da investigação, emerge como uma figura essencial. O casamento deles é exposto à medida que o enredo avança, revelando fissuras e desafios psicológicos diante das provações.

Gundar-Goshen não se limita à figura do protagonista e de sua esposa. A viúva do homem atropelado traz uma camada adicional à trama, desafiando Eitan com uma oferta que transcende o aspecto financeiro. Essa personagem não é apenas uma vítima, mas uma peça fundamental no quebra-cabeça moral que se desenha.

Ao explorar essas relações complexas, a autora humaniza não apenas os protagonistas, mas também os imigrantes africanos que buscam uma nova vida em Israel. A obra se torna, assim, um mergulho profundo não apenas na psique individual, mas nas complexidades das interações humanas diante de dilemas éticos.

O título "Despertar os leões" ressoa ao longo da narrativa, simbolizando não apenas os instintos mais profundos dos personagens, mas também os dilemas éticos que muitas vezes preferimos evitar. A escrita envolvente de Gundar-Goshen nos transporta para o calor do deserto israelense e nos imerge nas texturas emocionais dos personagens.

A autora nos convida a refletir sobre as escolhas que definem nossa existência e sobre os leões internos que podem despertar quando menos esperamos. Em "Despertar os leões", não apenas testemunhamos a desconstrução de uma vida aparentemente perfeita, mas somos guiados por uma exploração profunda das interações humanas diante de desafios éticos, destacando que, em meio a escolhas difíceis, as relações se revelam tanto como um refúgio quanto como um campo de batalha. Uma leitura que transcende o gênero, convidando à reflexão sobre as complexidades da condição humana.

Anna2563 17/11/2023

Iniciei o livro com uma super expectativa, presa, ansiosa e adorando, pois achei a história muito boa. Porém, em uma determinada hora começa a enrolar muito, o que me fez não gostar da forma como foi escrito e sentir dificuldade para finalizar; fiz pela garra e pela esperança de um bom fim, o qual também infelizmente não me agradou tanto.
Acredito que se fosse feito de forma mais direta ou usado para um filme, por exemplo, ganharia um espaço no meu coração!
Ainda assim, não restou amor por ele, mas aprendizados dele: tudo pode mudar na nossa vida em fração de segundos, toda escolha tem uma consequência, a mentira consome/destrói, o proibido pode ser muito desejado, classes sociais altas são privilegiadas?

Leila 28/03/2023

Despertar os Leões é o meu primeiro contato com a escrita da autora israelense Ayelet Gundar-Goshen que vem despontando como um dos grandes nomes da atualidade e pra começar digo que acho não comecei bem ou meu espírito não bateu com a vibe da obra. É bem escrita e tals, mas não caiu muito no meu agrado não, é um livro como diz um amigo, muito "hollywoodiano", muito redondinho e isso me incomodou um pouco, as saídas que a autora encontrou para o desfecho dos dilemas morais e éticos também achei sei lá, ambíguos. Por mais que o livro tenha uma fluidez gostosa e nos traga uma cultura e temas relevantes e adversos a nós (essa parte é legal e por isso valeu a pena a leitura), o desenvolvimento da historia em um tudo não gostei. Porém é dificil falar sobre sem dar spoilers também, então estou numa sinuca de bico aqui, sem conseguir me explicar direito para não estragar a leitura de vocês que porventura forem ler. Vamos combinar o seguinte: quem ler, depois me chama para conversarmos, ok? amarei discutir com vocês!

tessa.jean 08/01/2023

Continue a nadar...
No início eu me senti presa, depois eu senti que estava remando em um barco que não se movia, menos da metade em diante eu fiquei presa como se minha felicidade dependesse de saber como a história iria terminar.

O livro retrata a história de um neurocirurgião que acidentalmente atropela um imigrante eritreu e foge sem prestar socorro. Após isso, a viúva encontra o médico e o chantageia para prestar atendimento aos eritreus que vivem de forma ilegal na região.

Comecei esse livro, sabendo sobre o que se tratava. Claro que eu não esperava que a autora iria abordar apenas o que estava na sinopse durante todo o livro, porém, tudo acontece em 30 páginas de forma muito superficial. E até a página 130 por aí, eu sentia que o livro andava, andava e andava e não saía do lugar, pois abordava o acidente de forma bem repetitiva. Depois disso, a história começou a tomar um rumo excelente, e eu só queria saber mais e mais sobre o que ia acontecer.

O protagonista não é nada carismático, por várias vezes eu me peguei torcendo pra que ele se ferrasse. Porém, a narração ocorre em torno dos personagens a sua volta e não fica presa somente ao lado dele da história, o que a torna mais interessante (e menos odiosa).

Por mais que essa história obscura tenha me perturbado, ela também me fascinou, seduziu, excitou, nas profundezas da alma. Eu indico muito a leitura, e digo: se acharem que não estão saindo do lugar, não desistam!

Monique | @moniqueeoslivros 16/08/2022

Leahir Arayot
{Leitura 41/2022 - ?? Israel}
Despertar os Leões - Ayelet Gundar-Goshen

Há uma frase de Schopenhauer que diz que a vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir. É dessa balança em constante desequilíbrio que se trata Despertar os Leões.

O livro gira em torno de um acidente, o atropelamento de um imigrante ilegal africano em Israel. E três personagens movem essa trama: o médico Eitan Green, que sai de um longo plantão no hospital, atropela o eritreu e foge; sua esposa, Liat Green, que é investigadora de polícia e vai, mais tarde, investigar o caso; e Sirkit, esposa do eritreu atropelado, que encontra a carteira de Eitan junto ao corpo do seu marido e resolve chantageá-lo.

A história dá conta dessa chantagem, já que Sirkit não quer dinheiro. O que ela exige de Eitan é que ele atenda outros eritreus numa enfermaria clandestina, já que imigrantes ilegais não têm acesso ao hospital. Paralelo a isso, segue a investigação da polícia, com Eitan escondendo tudo de sua própria esposa.

Mas, exatamente como Schopenhauer nos propõe, esse acidente tira Eitan e Liat de sua normalidade privilegiada (e, para eles, normal e entediante) e os põe em contato com desejos difíceis de serem admitidos. Em contraponto, Sirkit passa a ter o poder sobre alguma coisa, e esse poder também a faz se questionar.

Numa visão psicológica sensacional, o leitor quase entra de fato na cabeça dos personagens, e compreende as motivações, traumas e desejos de cada um. E de formas diferentes, ambos precisam equilibrar a ânsia e o tédio, o desejo e a culpa. Uma leitura que não se esquece.

Bela 11/07/2022

Uma história intrigante
Segundo livro da Ayelet que leio e tenho o prazer de reencontrar essa narrativa fluida e sensível que só ela tem. Esse livro é surpreendente no início, um pouco entediante no meio, mas coerente e inteligente no final. Não seria minha primeira indicação para quem quer conhecer a autora, mas com certeza agrega muito a leitura dessa história, que me fez refletir sobre relacionamentos, deveres e obrigações.

Thamara 14/06/2022

Muito bom
Histórias que se enlaçam, surpreendem a todos os envolvidos... Não teve o final que eu desejava, mas acredito que o final foi bem realista com a vida!

mari 08/01/2022

imprevisível
além de ser um suspense maravilhoso, cheio de controvérsia, faz a gente refletir sobre o normal de quem sofre preconceiro vs o normal de quem é aceito

Sérgio 21/12/2021

Um livrão!
Eletrizante, rico, vivo. Traz um mapa emocional, moral e geográfico de algo que se passa em Israel e suas imediações. O livro poderia ficar apenas na questão moral, mas avança mais, muito mais com uma trama que escancara a fronteira do ético: uma busca pelo limiar entre afirmação e pergunta, moral e ético.

Poderia ser apenas uma história bem contada que impressiona e te prende. A autora consegue dar aquele passo necessário para uma escrita se tornar um livro, um livro uma obra.

De que lado ficar? O que eu faria? Teria feito? É certo, é errado? É a realidade? Como se posicionar frente a estes acontecimentos? Melhor nem pensar?

A tradução é boa, mas falha em expressões que não são utilizadas no português brasileiro. Alguns erros ortográficos e de revisão, mas nada que atrapalhe a leitura.

Agarre o leão com todas as unhas!

Davi.Franzina 03/08/2021

Gostei, é bom, mas nem tanto
Queria salientar que, esse livro trata de muitas coisas, homicídio, mentiras, jogos de poder e corrupção. Isso tudo deixa o livro mais "recheado"...
É uma ficção bem comum, cotidiana, e isso deveria deixar mais fluido, mas a escrita eu não gostei pelo fato de ficar dando descrições exageradas, a leitura fica arrastada e meio chato de imaginar esse tanto de "regra" que a autora impõe.

Esse livro merece essa nota pela análise psicológica dos personagens, isso eu achei que ficou muuuuito bom, a gente entende tudo de todos os lados, as motivações, pensamentos e atitudes tomadas msm qie não concorde, nos entendemos.

(LEVE SPOILER)

Uma coisa que achei que foi uma "ponta solta" é a história de um kibutz e de uns trabalhadores do local... devo ter perdido algo, mas real não vi sentido para aquilo... achei que ia integrar a história do kibutz com o neurocirurgião, mas não.

Como disse é bom, mas não é mais que isso.

@livrosdelei 03/01/2021

Livro que te envolve bastante!
?Apesar de a ciência gostar muito de leis genéricas, constantes, as pessoas, assim como se constata, gostam de ser diferentes umas das outras?
Editora Todavia, 1ª ed., 2020. Loc 76

?Despertar os Leões? de Ayelet Gundar-Goshen foi definitivamente um dos melhores livros que li em 2020. A obra permitiu com que eu conhecesse um pouco da cultura israelense, dificuldades em ser refugiado e também sobre fluxos de consciência (na medida em que a própria escritora é psicóloga).

A experiência da Ayelet com a psicologia foi essencial para toda a obra. O livro nos faz entrar no psicológico de três personagens: Eitan, Liat e Sirkit. O protagonista é o Eitan, um homem branco, rico e neurocirurgião, que é casado com uma investigadora chamada Liat.

A vida dos dois é super comum e privilegiada: moram em um bairro bom, casa própria, carros e dois filhos. Mal sabia Eitan que a sua vida mudaria após um fatal crime: ele acaba atropelando um refugiado da Eritreia ?? (um minúsculo país no continente africano) e entra em uma dívida com Sirkit (esposa da vítima).

A Sirkit é super criminosa e ?prende? Eitan em sua dívida por meio de dois sentimentos humanos: culpa e desejo. Mas não muito da maneira que vocês podem estar pensando? esse livro vai te surpreender!

O livro permite com que a gente se aprofunde na consciência de todos os personagens e entramos nas neuras deles (e eles criam novas na gente também haha). Eitan é um homem bastante escroto e foi super interessante entrar na mente dele, em especial. Nesse mesmo cenário, vemos as dificuldades de Sirkit e as inseguranças de Liat.

É um livro que me deixou ansiosa e tive vontade de engolir o mais rápido possível para saber o desfecho. Ele terminou com o resultado que eu queria (aleluia, irmãos), mas não da maneira que eu pensei.

Indico fortemente essa leitura para todo mundo interessado em livro que te prende do começo ao fim e que instiga a ter questionamentos novos.

Wilma.Suely 14/10/2020

Ótimo
A vida dos eritreus e outros refugiados em Israel. E a vida de um médico que nunca se imaginou envolvido e descobrindo como eles viviam.

Cássia 28/09/2020

Um médico atropela um refugiado eritreu na estrada. Percebendo que não terá chances da vítima sobreviver e as consequências que aquele atropelamento teria em sua carreira, foge.
Porém, além de sua consciência, há sua esposa policial e também a do eritreu atropelado, que o descobre e passa a chantagea-lo.

deborauni 13/06/2020

Bem mais do que um suspense
Depois de ter apreciado muito ?Uma noite Markovitch? da mesma autora, fiquei muito interessada por esse livro. Portanto, ainda que deteste saber de tantos detalhes, quanto os contidos na sinopse, encarei a leitura. E confesso que gostei!
Contada sob diferentes vértices, quase tantos quanto o número de personagens, a trama se desenrola e os personagens principais se enrolam. O enredo se apresenta como as lâminas de uma cebola, descortinando diferentes sentimentos, conflitos pessoais e interpessoais, além de apresentar um panorama da sociedade israelense atual. A cada vez que as ações pareciam se repetir, cada personagem ia se fazendo mais humano e complexo. É preciso salientar ainda a ótima tradução!