A outra volta do parafuso

A outra volta do parafuso Henry James




Resenhas - Outra Volta do Parafuso


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Haida 07/01/2013

A Outra Volta do Parafuso – Henry James

Publicado em 1898, A Outra Volta do Parafuso de Henry James é considerado um dos melhores contos de terror psicológico já escrito.

O livro começa com um rapaz junto a um grupo de senhoras, que fala a respeito de uma história monstruosa que ele sabe, através de um manuscrito que recebeu. Após esse rápido começo o livro passa a ser narrado em primeira pessoa pela tal governanta que foi a pessoa com quem tudo aconteceu.
Uma jovem moça vai a uma entrevista de emprego após ter visto um anúncio de jornal. Chegando lá ela conhece um homem por quem ao que parece ela se apaixona à primeira vista. Ele fala da proposta, que se trata de ser governanta da casa dele, mas não da que eles se encontram, mas de outra em Bly, onde moram seus dois sobrinhos de quem ela deve tomar conta. O problema desta proposta de emprego é que a única exigência do patrão é que ela nunca entre em contato com ele para reclamar ou prestar contas de nada com relação às crianças. Ela tem que dar conta e pronto. Apesar disso ela aceita.

Ao chegar à mansão ela fica maravilhada com tudo, casa, empregados e é claro com a pequena Flora, a mais nova dos dois sobrinhos. Miles chega dias depois da escola de onde foi expulso segundo uma carta que a governanta recebe. É estranho, mas a jovem resolve não questionar o menino sobre o motivo de sua expulsão, ao contrário resolve viver os melhores momentos possíveis junto às duas crianças perfeitas, segundo ela.

Em um desses belos momentos ela vê um homem em uma parte da casa e relata esse acontecimento a Sra. Grose, uma senhora boazinha que faz amizade com ela e se torna sua confidente, a Sra. percebe pela discrição da “visão” da moça, de quem se trata.
A partir desse momento a narrativa muda um pouco, deixa de ser tão encantadora. A moça – o nome não é revelado – passa a ficar super protetora com as crianças, principalmente após a segunda visão, agora com uma mulher, que de acordo com a Sra. Grose mantinha relações com o homem e juntos exerciam má influência às crianças. E agora, a governanta acredita que os dois se comunicam com as crianças para corromperem suas almas boazinhas.

Essas visões parecem ser reais, pois são relatadas pela moça que é a narradora, mas se formos bem atentos aos detalhes a dúvida é inevitável (Nesse ponto a narrativa me lembrou muito meu querido Machado de Assis em Dom Casmurro, mas só pela dúvida mesmo ). Em várias partes podemos perceber sua obsessão; quando Miles pergunta sobre quando voltará para escola, que é um questionamento natural se pararmos para pensar que ele esta se tornando um rapaz e é normal a ansiedade pela independência, a governanta fica cheia de suspeitas da influência dos “fantasmas”; quando ela percorre a casa à procura de Flora, não a encontra e então resolve ir junto a Sra. Grose até o lago procurar pela menina, e lá tem outra visão com a mulher, a menina e a Sra. Grose negam ter visto qualquer coisa anormal.

Ninguém além da moça tem essas visões então talvez, as crianças sejam inocentes (Aliás, Os Inocentes, é nome do filme baseado neste livro) e não marionetes dos fantasmas. O final é daqueles que você precisa ficar parado pensando, pensando e em seguida relendo o último capítulo. Incrível!

Palmas para a Companhia das Letras que colocou um posfácio muito instrutivo. Além de ter dado uma nova tradução ao título que em inglês é “The turn of the screw”, que já foi traduzido como “Os Indefesos” que em minha opinião deixa o título muito tendencioso, assim como o do filme. O novo título é na verdade, a outra volta que a narradora dá no parafuso dos personagens ao pressioná-los.

Recomendo e muito obrigada a Isa do lidolendo que indicou esse livro.


Por Haida Carvalho
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grazinha 11/10/2012

Não gostei muito
Não me assustou, falto sentindo mais levando em conta que é um classico
então da para da alguns ponto.
Cripta Da Leitura 23/05/2013minha estante
Eu dei a mesma quantidade de pontos que você, não por ser um clássico, mas sim por que eu acho que o que atrapalhou a história é que a linguagem e a narrativa já não "cola" mais nos dias de hoje, mas como na época quase todos os autores escreviam dessa forma, então eu dei um desconto também. Mas realmente, este foi um livro nada empolgante. Também não gostei!




Day! 18/08/2012

Outra Volta do Parafuso
nao senti medo
Mare 01/09/2012minha estante
hun? Õ_o




sonia 05/03/2012

uma história policial?
Uma história de suspense.
Uma governanta, dois órfãos deixados no isolamento por um pai negligente, criados indiferentes, uma paixão revelada entre uma criada e um jardineiro - mortos? - deixando o leitor em dúvida sobre se estamos lendo uma história sobrenatural de fantasmas, ou se estamos diante dos delírios doentios de uma governanta predisposta a acreditar em qualquer fantasia por não admitir a possibilidade de um crime estar acontecendo diante de seus olhos.
O leitor decide.
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MENINALY 05/03/2012

O FINAL...
Adorei o livro, apesar do final ser meio dubio...(fui pesquisar na google para entender melhor)....Tive medinho em algumas partes!!!Livro facil e gostosinho de ler...Essa ediçâo da Abril Classicos é simplesmente maravilhosa (capa dura e encapada com tecido).
Recomendo a todos (mais um classico com cara de moderno).
Jacy 08/08/2012minha estante
sem falar que é baratinho...




Durval 24/02/2012

O terror e a governanta
Gosto de livros que exploram mistérios do ser humano e este é um deles.

É a história de uma moça, filha de um pároco do interior, que com apenas 20 anos de idade vai procurar emprego em Londres e acaba sendo contratada como governanta para cuidar de duas crianças--um menino e uma menina--numa casa de campo isolada, numa pequena vila. O emprego é ótimo, o pagamento é bom, mas o patrão, um cavalheiro jovem pelo qual a moça se apaixona instantaneamente, impõe a condição de que ela deve cuidar da propriedade e das crianças, sem recorrer a ele em hipótese alguma.

A jovem sente-se assustada com a responsabilidade e sua própria falta de experiência mas fica encantada ao ver o lugar e conhecer os criados e a menininha. O menino está para chegar, nas férias do colégio interno onde estuda. Chega então uma carta do colégio, que o patrão encaminhou à governanta sem abrir, ordenando que ela resolvesse a questão sem incomodá-lo. A carta do diretor do colégio avisa que o menino foi expulso devido a algum problema de conduta que não é esclarecido. A governanta fica assustada: será que o menino tem um problema de caráter?

Na época da história imperava a rígida moral vitoriana e uma filha de pároco do interior, criada num ambiente repressor e limitado, não se sentia capaz de lidar com a situação.

Finalmente o menino chega. As duas crianças são encantadoras e carinhosas. Começam as lições e logo a governanta percebe que as crianças possuem uma capacidade intelectual maior que a dela.

Então aparece um homem misterioso, que ela identifica como um antigo criado da casa, mas ele tinha morrido num acidente. Daí aparece uma mulher, que parece ser a antecessora dela, que também morreu. Ela fica sabendo que os dois tinham um relacionamento, o que era visto como depravação na época. A governanta entra em pânico.

A novela, que é narrada em primeira pessoa pela governanta, descreve as angústias pelas quais ela vai passando... até chegar ao desfecho surpreendente.

Ótima leitura. Fascinante, uma sondagem de estados exaltados da mente humana. Recomendo enfaticamente.
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Andréa 04/02/2012

Terror psicológico
Outra volta do parafuso é acima de tudo, um livro que lhe permite uma interpretação própria. Duas crianças, uma governanta, uma empregada viva e dois mortos. O enredo começa de forma instigante, a leitura de manuscritos de uma história "real" vivida na juventude da narradora. O diferencial é que o que parece ser "real" para a governanta, pode não passar de terror imaginário. A leitura é por vezes morosa, mas a expectativa em relação às apararições faz com que os capítulos sejam vencidos sem grandes dificuldades. O autor nos leva a questionamentos sobre a inocência das crianças, a complacência da empregada e a sanidade da governanta. A ambientação é fantástica, cheguei a sentir o cheiro da casa e o frio da água do lago. O resultado de tudo isso, é um livro de terror muito bem escrito, que te deixa numa constante expectativa em relação à verdade sobre as aparições dos dois antigos empregados mortos em circunstâncias não explicadas. Para ser lido com a mente aberta e o espítito alerta.
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georgia 23/01/2012

Surpreendente
A outra volta do parafuso, de Henry James, foi publicada primeiramente em 1898,e desde então é considerada até hoje uma das mais brilhantes historias de fantasmas.
A historia começa com amigos reunidos na noite de natal contando historias de terror,a partir disso um deles,Douglas,conta uma historia que realmente aconteceu e ainda por cima com uma pessoa que ele conhecia.
Para mim apesar de ser curto o texto (é um conto bem grande) é genial e super bem escrito,o que mais me intriga e me faz querer reler a historia varias vezes,é justamente,essa ambigüidade,será que existiam fantasmas mesmo?será que ela não estava apenas ficando maluca,obcecada com as crianças,e com o propósito de supostamente protege-las?Definitivamente Henry James acertou e a outra volta do parafuso com certeza merece ser considerada e vai continuar sendo uma grande historia de fantasmas.RECOMENDO MUITO!


Desculpe com a resenha sem muita informação sobre o conteúdo mesmo da obra,estou tentando evitar spoilers ((:
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dani 07/12/2011

Mistério e confusão!
O livro é um clássico, ninguém pode negar, porém nos dias de hoje, não conseguiria fazer o nome que tem!
uma história lenta, monótona e, por vezes, confusa, não atinge o objetivo de entreter e segurar o leitor ate o fim, eu , particularmente, esperava um livro envolvente e cheio de mistérios, ou pelo menos, com um grande mistério, desde que fosse atrativos, mas me enganei e me decepcionei...
é uma pena, um dia, talvez, ele foi bom, mas hoje, não acredito nisso..
poderia dar mais detalhes, como já vi em muitos comentários, mas acredito que isso faz com que o leitor perca o interesse pela leitura da obra, e na minha opinião, todo devem ler, para que possam formular a própria conclusão, que, pode ser bem diferente da minha, .....

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Matheus. 14/09/2011

Me interessei em ler o livro por causa do filme Os inocentes. E o que mais me agradou na obra de Henry James foi toda a ambiguidade da história. Não há uma situação no livro em que você possa pensar que as visões da criada são reais. Se você analisa por cima, tudo pode estar na mente dela, mas ao mesmo tempo fica a possibilidade de que possa ser real (como ela conheceria a fisionomia dos antigos empregados, então?). Enfim, adorei! Extremamente envolvente pra uma história que não tem muitos acontecimentos e além disso mega bem escrito.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 12/08/2011

Henry James - A outra volta do parafuso
Editora Companhia das Letras - Selo Penguin Companhia - 200 páginas - Tradução de Paulo Henriques Britto - Posfácio de David Bromwich - lançamento 01/07/2011.

Publicado originalmente em 1898 este pequeno romance, ou novela, de Henry James (1843 - 1916) logo se tornou um clássico e precursor da literatura de horror. No entanto, diferente de outros autores(as) em língua inglesa que provavelmente o influenciaram como Edgar Allan Poe (1809 - 1849) e Mary Shelley (1797 - 1851), o seu estilo é menos explícito e mais psicológico, se concentrando na relação e nos efeitos do sobrenatural com seus personagens. Como sempre a bem cuidada edição do Selo Pengin Companhia valoriza o livro com cronologia e posfácio de David Bromwich, professor de literatura da Universidade de Yale e crítico da The New York Review of Books.

A narrativa de A outra volta do parafuso é construída de forma indireta através da leitura de um manuscrito deixado por uma governanta que conta os fatos ocorridos ao cuidar de duas crianças orfãs em uma casa de campo no interior da Inglaterra, a pequena Flora de oito anos e seu irmão mais velho Miles de dez, expulso da escola por motivos desconhecidos. Ela vê aparições na propriedade que vem a descobrir serem de dois ex-funcionários, a governanta anterior, srta. Jessel e o perverso Peter Quint que trabalhava como uma espécie de secretário do proprietário. Ambos morreram sob condições misteriosas e aparentemente mantinham um caso. O estranho comportamento de Flora e Miles leva a governanta a deduzir que os fantasmas exercem uma influência moral sobre os irmãos e o desenvolvimento de uma verdadeira obsessão sobre a necessidade de evitar esta influência a qualquer custo para a salvação das crianças. A prosa de Henry James avança aumentando o clima de tensão psicológica até o desfecho surpreendente.

O ponto chave em toda a narrativa é o fato de que as referidas aparições não são testemunhadas pelas crianças ou por qualquer outra pessoa da casa, exceto pela governanta, fazendo com que o leitor passe a suspeitar da sanidade mental da narradora, mesmo não tendo ela meios de conhecer os detalhes das aparências dos ex-funcionários de nenhuma outra forma. Henry James, através de detalhes conflitantes, alimenta esta ambiguidade até a conclusão inesperada do romance. Uma interpretação alternativa, apoiada por vários críticos, é de que Henry James estaria, através desta alegoria, criticando a repressão sexual da época vitoriana através do caráter histérico da narradora, mas esta versão jamais foi admitida pelo autor em seus diários, tendo afirmado mesmo em carta à H. G. Wells ter escrito o livro apenas para ser uma espécie de best seller da época, difícil de acreditar.
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Mais1Livro 07/08/2011

Muito mais do que uma novela sobre fantasmas
Fantasmas fazem parte do imaginário popular sabe-se lá há quanto tempo. A natureza extraordinária da ligação entre o mundo dos vivos dos mortos desafia nossa lógica. E é, talvez, por isso que as almas penadas motivem tantas boas histórias.

A outra volta do parafuso é muito mais do que uma novela sobre fantasmas. Lançada em 1898, a obra tem todos os elementos para uma boa história de terror: personagens problemáticos, a assombração de um passado desconhecido, a tensão constante preparando para um acontecimento dramático e um clímax que corresponde às expectativas. Porém, Henry James foi mais longe. Sua novela é insistentemente psicológica. Em cada linha o escritor parece exibir uma obstinação natural de fazer com que o leitor entenda seus personagens, que compartilhe o horror vivido por eles...


Leia a resenha completa em:

http://www.mais1livro.com/?p=1466
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Anica 30/07/2011

A outra volta do parafuso (Henry James)
Novela escrita por Henry James e publicada pela primeira vez em 1898, A outra volta do parafusoé sem sombra de dúvidas uma das grandes histórias de fantasmas já escritas. Primeiro porque cumpre muito bem a função de assustar – há momentos do livro que são de tirar o fôlego e não decepcionarão em nada os amantes do horror. Mas também por causa da precisão do estilo e, mais ainda, da qualidade literária da obra de Henry James.

O livro começa com um encontro entre conhecidos em uma noite de Natal. Um deles promete que contará uma história assustadora, assim que tiver em mãos um manuscrito que lhe foi confiado décadas atrás. Quando passa a ler o manuscrito, ficamos sabendo que é o relato de uma governanta que aceitou o trabalho de cuidar de duas crianças (Miles e Flora) em uma casa no interior da Inglaterra, com a condição de que não procurasse jamais o tio e guardião das crianças para relatar problemas. Mas mal ela chega na casa, e logo eles começam a aparecer – o garoto, Miles, é expulso da escola e a governanta passa a ver fantasmas de antigos empregados da mansão, e acredita que eles desejam corromper as crianças.

Toda a ação é desenvolvida de modo a chegar ao grande clímax da novela, que se encerra de forma um tanto dúbia para o leitor, que tem como informação apenas o que a governanta relata. E esse é um dos maiores trunfos de A outra volta do parafuso: por causa da forma que é narrado, o texto deixa a dúvida aberta e não há certeza alguma se existem de fato os fantasmas que a governanta alega ver ou se eles são apenas fruto da imaginação da moça.

Dois livros em um

Por causa desse tom ambíguo o livro (até um tanto pequeno, já que trata-se de uma novela – um texto menor que romance e maior que conto) acaba valendo por dois. Porque a releitura se fará necessária a partir do momento que alguém levantar esta questão da dúvida sobre os fantasmas existirem mesmo ou não. Passando para termos mais modernos, lembrem da quantidade de pessoas que voltaram para o cinema para rever O Sexto Sentido porque precisavam confirmar o que tinham deixado escapar para compreender o final do filme. Com A outra volta do parafuso o processo é semelhante. O leitor deseja reler a história nem que seja para buscar uma falha na prosa de James que dê uma resposta definitiva sobre o assunto.

Por outro lado é um pecado carregar esse tipo de dúvidas já na primeira leitura. Apesar da genialidade de James nos que se refere aos pontos de vista da narrativa, ainda assim A outra volta do parafuso é uma história de fantasmas. Mais do que isso, uma excelente história de fantasmas, tão boa que chegou a inspirar alguns sucessos recentes, como A menina que não sabia ler.

O conselho que posso dar é justamente esse, que se faça primeiramente uma leitura pelo prazer de ter uma ótima história de fantasmas em mãos. Aproveite, se assuste e imagine o rosto de Peter Quint na sua janela quando estiver sozinho em casa à noite por pelo menos uma semana. Mas depois retorne à Bly para investigar o relato da governanta, escolhendo então sua versão favorita para a novela, se os fantasmas existiam ou não.

Como eu estava fazendo uma terceira leitura (na ótima tradução de Paulo Henriques Britto), tomei um lado sem pudores e estava buscando elementos que comprovassem minha teoria de que não, os fantasmas não existiam e a governanta enlouquecera e/ou estava querendo torturar as crianças com essa história (o que por si só já seria arrepiante). É muito fácil duvidar da governanta, primeiro porque pouco sabemos dela (nem nome ela tem). Segundo porque ela é tão exagerada nas descrições das pessoas e acontecimentos, que não tem como não pensar que ela está escondendo algo muito ruim e deseja ganhar a simpatia do leitor (repare em como ela descreve os primeiros contatos com a sra. Grose, por exemplo).

Tudo parece tender perfeitamente para essa ideia de que ela é uma doida varrida, a não ser um pequeno detalhezinho perdido logo ali no primeiro encontro com o fantasma de Quint. A pergunta: como ela sabia que ele era ruivo? Ela não descrevera apenas um vulto, ela dá detalhes sobre ele, embora um tanto gerais, ainda assim detalhes. O leitor mais cético pensará que ela estava fazendo algo próximo ao cold reading com a Sra. Grose, esperando que ela lhe entregasse a identidade relacionando com alguém que vivera ali, calhou que a descrição batia com a de Quint, que morrera recentemente. Para amarar sua história, ela não é tão específica assim sobre a srta. Jessel, o outro fantasma.

Compreende então o que quero dizer sobre a amarração perfeita da narrativa? De como vale a pena reler o livro, depois de ter se divertido com o conto de fantasmas? É realmente um grande quebra-cabeças, um livro para quem gosta também do exercício de pensar, refletir sobre a leitura. Não acredito ser exagerado dizer que a dúvida que James levanta se aproxima muito de nosso “Capitu traiu ou não traiu?” da literatura nacional.

Sobre o título

Como André Conti conta no blog da Companhia, a escolha de como seria a tradução do título para o livro que saiu pela Penguin-Companhia foi bastante atribulada. O problema é que uma tradução literal não traz para o leitor brasileiro a real noção do que o título deseja passar. A volta do parafuso (the turn of the screw) em inglês tem o sentido de algo que falta para se completar a pressão sobre algo ou alguém. O título vem de um momento da conversa que antecede o relato da governanta, onde se diz:

(…)Se uma criança dá ao fenômeno outra volta do parafuso, o que me diriam de duas crianças…?

“Diríamos, é claro”, exclamou alguém, “que elas dão duas voltas!”

Esse trecho acaba justificando a escolha do uso de “a outra” complementando o original, porque não só passa muito bem a impressão de alguém apertando um parafuso (a pressão), mas também reflete bem o que se vê nesse diálogo da história. No final das contas uma ótima opção, confesso que até pouco tempo eu ainda gostava mais de Os Inocentes (que a versão adaptada para jovens da Scipione ganhou, seguindo o filme de 1961).

A outra volta do parafuso (ou: Concluindo)

É realmente impressionante tudo o que se pode tirar de um livro tão breve. A edição da Penguin-Companhia tem exatas 200 páginas, isso que, como nos outros títulos do selo, traz extras como um posfácio de David Bromwich (um ótimo guia para quem desejar fazer a segunda leitura, diga-se de passagem) e a cronologia de Henry James. E mesmo assim A outra volta do parafuso não se esgota, parece render muito para se falar, para se pensar.

E é por isso que insisto que não só os apaixonados por histórias de fantasmas devem visitar esta mansão em Essex, mas também qualquer um que tenha paixão pelo trabalho de verdadeiros artesãos da literatura. Trabalho impecável de James, que mostra que não só o enredo pode ser bom, porque a brincadeira entre o que é escrito e o que se lê rende infinitas possibilidades.
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Júlia 22/07/2011

Esse livro me foi indicado por uma amiga. Comecei a lê-lo, e logo no primeiro capitulo ele conseguiu prender minha atenção. Com linguagem rebuscada e clássica, conta a história de uma jovem que, em seu primeiro emprego, é contratada como preceptora de duas crianças pelo tio rico e galanteador destas. Este impõe uma condição: que a preceptora jamais deve incomodá-lo. Tudo parecia ir bem - as crianças eram encantadoras e inteligentes, além de graciosas - até surgirem suas figuras suspeitas e misteriosas na velha mansão...

Trata-se de um suspense muito bem escrito. Não chega a aterrorizar, na verdade em nenhum momento senti medo, mas sua narração prende e cria uma ansiedade desenfreada de descobrir o que acontecerá em seguida.

Agora vamos aos defeitos: achei-o, em vários trechos, muito repetitivo e cansativo, o que aumentava mais ainda minha ansiedade. O final foi surpreendente, no entanto um pouco frustrante. Fiquei com aquela sensação de que faltava algo mais, mas talvez essa fosse exatamente a intenção do autor, entao não classificarei isso como ponto negativo. Num todo, a obra é ótima, de leitura rápida por ser pequena, e que valerá a pena.


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