spoiler visualizarRosana 06/02/2016
É um livro de leitura compreensível, exceto pelas referências (que não são poucas) e nomes de outros escritores, os quais não conheço que tornam um pouco mais difícil assimilar os fatos ditos. É composto por ensaios do escritor e autor do livro, Antônio Candido. Os ensaios são divididos em duas partes: na primeira parte, podemos notar como aspecto geral que o autor apresenta de que maneira os fatores humanos atuam concretamente nas artes e na literatura, a relação entre estes com os fatores sociais. Nela encontram-se os títulos “Crítica e sociologia”, “A literatura e a vida social”, e “Estímulos da criação literária sobre os quais irei comentar brevemente, respectivamente. No primeiro, Candido indaga o papel da crítica considerando a obra, relevando sobre elementos que passam a ser a ele internos enquanto a Sociologia se preocupa com os condicionamentos externos. A obra vista como objeto vai causar uma estrutura social particular. No segundo o autor explica fatores sociais que condicionam a vida literária, dos mais consideráveis aos menos, valores sociais, estruturas sociais etc. No terceiro, Candido fala da vida literária em sociedades primitivas e civilizadas.
Na segunda parte, temos como aspecto geral praticamente o mesmo da primeira parte, no entanto sob uma perspectiva de sociedade totalmente e somente brasileira. Nesta parte encontram-se os seguintes títulos “O escritor e o público”, “Letras e ideia no período colonial”, “Literatura e cultura de 1900 a 1945”, “A literatura na evolução de uma comunidade”, e “Estrutura literária e função histórica” dos quais irei tecer comentário breves: No primeiro, o autor relata a relação entre escritor e o leitor, como condição da produção de literatura no Brasil. Essa relação vai assumir uma posição social que muda ao longo do tempo, envolvendo aspectos como o grau de desenvolvimento de indústrias editoriais, e as ligações dos escritores com dirigentes. No segundo, se fala de uma tradição literária no Brasil que ocorre durante a vida colonial, em que se pode observar duas vertentes literárias: a primeira está ligada a literatura portuguesa e à justificação ideológica da colonização, tomando elementos religiosos e da transformação das letras da metrópole para a colônia. A segunda se caracteriza pela influência do Iluminismo, aparecendo em nossa literatura elementos como a confiança na razão e no progresso, partindo daí a extração de nativismo, nacionalismo e a defesa da independência política. No terceiro o autor se concentra na dialética entre localismo e cosmopolitismo, princípio que estrutura a constituição e desenvolvimento de nossas letras. Candido explana sobre os principais momentos do processo, falando sobre a gênese do Modernismo. Em outras instâncias aparece uma explanação sobre a evolução do trabalho intelectual e outras etapas do pensamento social no Brasil. No quarto, o autor busca assinalar qual a relação das formas históricas de associação entre escritores na cidade e de São Paulo, fazendo uma diferenciação entre elas, com a relação com o movimento da sociedade como um todo. No quinto e último ensaio é possível perceber a conexão que o autor quer construir entre os fatores históricos-sociais e orientação estética: O autor toma a obra “Caramuru” do Frei José de Santa Rita Durão, como obra específica de comentários. Ele defende a hipótese de que, após meio século de sua publicação, a obra foi a primeira que ajudou para que se formasse uma consciência literária autônoma, que surge junto com o Romantismo em seu auge no Brasil. Para comprovar sua hipótese, o autor busca elementos no próprio texto, de forma organizada, para fazer com que a obra cumpra as funções que se quer, mesmo em outro contexto e momento histórico.