Este livro, publicado em 1965, tem como pressuposto o desejo de compreender a obra literária como resultado da sublimação de dados sociais que, de um lado, fazem dela expressão de uma sociedade e de um momento histórico; mas, de outro lado, perdem a sua natureza de fatores para se transformarem em elementos de uma estrutura que funciona como se fosse independente. Daí uma conseqüência fundamental: a obra literária deve ser estudada pelo crítico como objeto estético, não como documento ou reflexo da realidade, mas sem ignorar as conexões com esta. Os ensaios deste livro estão, ora mais próximos, ora mais afastados da realidade histórica e social que condiciona as obras e enquadra os autores. Há simples resumos históricos, como LETRAS E IDÉIAS NO BRASIL COLONIAL, e há tentativas de correlacionar produção literária e estrutura social, como A LITERATURA NA EVOLUÇÃO DE UMA COMUNIDADE, no caso a cidade de São Paulo entre o século XVIII e o Modernismo. Já LITERATURA E CULTURA DE 1900 A 1945 focaliza o movimento literário de todo o país, com atenção ao ritmo histórico, podendo dizer-se o mesmo de O ESCRITOR E O PÚBLICO, que destaca no quadro geral da literatura brasileira um dos elementos fundamentais do processo literário (autor, obra, público). De cunho mais propriamente teórico são outros escritos, como os três da primeira parte, um dos quais, ESTÍMULOS DA CRIAÇÃO LITERÁRIA, investiga de que maneira as necessidades básicas do homem variam enquanto fontes de inspiração nas sociedades primitivas e nas civilizadas. Coroando e de certa maneira procurando justificar concretamente as posições teóricas do livro, o ensaio final, ESTRUTURA LITERÁRIA E FUNÇÃO HISTÓRICA (sobre o Caramuru, de Santa Rita Durão), é uma espécie de demonstração, visando a sugerir que os elementos externos a determinado texto se transformam em elementos internos organicamente integrados, de modo que o estudo destes é que constitui a finalidade específica do trabalho crítico.