Gica Brombini 01/03/2023
" - Estou mais livre que nunca. A liberdade do coração é tudo."
"Enlevo e susto em corações que se estréiam na comédia humana são sentimento congeniais."
Meu Deus, que experiência maravilhosa! Eu nunca imaginei que poderia gostar tanto de "Amor de Peridção".
Depois de semestre atrás de semestre tendo aula com o mesmo professor na matéria de Literatura Portuguesa, nunca achei que iria me interessar genuinamente pelas obras apresentadas dentro desse conteúdo. Felizmente, no segundo semestre no terceiro ano de Letras Vernáculas, um milagre ocorreu, e uma nova professora assumiu essa matéria.
A primeira obra que lemos foi esta, "Amor de Perdição", e não achei que me apegaria tanto a essa história. A escrita é maravilhosa e impecável, e as sátiras e críticas, o tom irônico do narrador, que se soma ao contexto de produção e das próprias vivências do autor, Camilo Castelo Branco como escritor português são exelentes.
A leitura pode ser um pouco difícil ou até massante para quem não está acostumado a ler clássicos, e a narrativa pode ser pouco imapctante ou relevante quanto seria para alguns leitores do séxulo XIX (1800), mas eu devo frisar que, se você está na área da Literatura, esta é uma leitura obrigatória.
Eu compreende que, para mim, a experiência pessoal de ler um clássico sempre se torna mais relevante combinado aos meus estudos teóricos e históricos. Por vezes, a leitura pode não ter aspectos de interesse para mim como leitora comum, mas que, olhando do ponto de vista acadêmico, muitas coisa se transforma e cresce para mim.
Aqui, ambas as coisas aconteceram. Mesmo lendo como análise, fazendo marcações a respeito de pontos de estética ou técnica específicas de escrita e criação narrativa, consegui me conectar muito com alguns personagens, e ainda me deliciar com o dessenrolar dos dramas aqui enfrentados. Cada final de capítulo me levava ao próximo e assim por diante.
Teresa e Mariana são maravilhosas protagonistas femininas e que, por muitas vezes, contrapoem os padrãos estabelecidos para as "mocinhas" de romances românticos (atenção, me refiro aqui as obras narrativas produzidas no período literário do romantismo). Por outro lado, apesar de não ter me apegado pessoalmente ao Simão, é impossível não admirar sua crianção que vai contra aos ideais de um herói romantico, pois suas ações pendem muito mais aos impulsos humanos de ciúmes e agressividade, que fojem do esteriótipo do cavalheiro perfeito ou "príncipe encantado". Apesar de ainda ser explorado auqi, um foco narrativo pautado em amores inalcançáveis, as desenvolturas de enredo e dos personagens secudários começam a ser muito mais exploradas, o que nos aproxima de um senso de humanidade em relação aos protagonistas. As "brincadeiras" feitas pelo próprio autor através de um narrador que se comunica diretamete as leitoras da época também contribui para essa ideia de proximidade com a realidade e com os comentários ácidos que criticam os modelos romanescos que vieram anteriormente a obra de Castelo Branco.
Uma experiência extraordinária!