Carlinha 15/11/2024
Daríamos a volta ao mundo por menos que isso?
A volta ao mundo em 80 dias foi escrito pelo autor francês Jules Verne, em 1872. Interessante notar, primeiramente a coerência entre os interesses do autor ? apaixonado por viagens e geografia ? e o conteúdo de sua obra. Assim, no referido livro, Verne relata a viagem de Phileas Fogg ao redor do mundo (e se observamos no mapa mundi os lugares que ele percorreu, veremos que, de fato, é praticamente uma circunferência).
Fogg, o personagem principal era um homem altamente metódico, objetivo e fleumático ? como apontado diversas vezes no livro. Após fazer uma aposta que conseguiria dar a volta ao mundo em 80 dias, não mediu esforços para conseguir e, nessa aventura, contou com a ajuda do seu criado Passparteaut e conheceu Alda, que tem um papel importante na história.
O que mais me chamou a atenção nesse livro foi a reflexão final acerca da felicidade, o que eu não esperava pelo caráter extremamente objetivo do personagem. Percebemos que a felicidade não era uma meta para Fogg, ele apenas queria cumprir o seu dever e estava disposto a pagar qualquer preço ? literalmente ? por isso, afinal, era um homem de palavra. Entretanto, ao logo da história, notamos que ele não era capaz de controlar os imprevistos, apesar do seu esforço e pontualidade.
Nessa viagem, Fogg aprendeu que a vida não segue horários cronometricamente determinados: ela acontece! Com todos os seus altos e baixos, alegrias e desafios, a vida é tudo menos uma linha reta. Nesse sentido, também saltou aos meus olhos uma visão sobre a virtude da ordem, a qual não significa ter uma rotina inegociável, mas saber hierarquizar, como quando Fogg abriu mão da certeza para salvar Alda e Passparteaut.
Phileas Fogg ?ganhou? a felicidade, mas ela não era uma meta: foi resultado de viver as coisas certas no momento certo e de doar-se, atendendo aos chamados que a vida o convocava. Sua honra, portanto, não estava simplesmente em cumprir a viagem a qualquer custo ? mas em cumprir seu dever encontrando sentido no percurso. Daríamos a volta ao mundo por menos que isso?