Rafael.Nicastro 14/12/2020
Tudo pela futilidade
A literatura nos permite conhecer a realidade humana sem que tenhamos vivido, em nossa própria pele, as experiências narradas nessas histórias.
Neste outro romance de Machado de Assis - assim como em Memórias Póstumas -, vemos como grande parte da elite brasileira, salvo exceções, era fútil, dado que estava mais preocupada com status e aparências do que em resolver problemas sociais importantes ou amar verdadeiramente.
A própria personagem principal, Rubião, após enriquecer, decide buscar a ilusão de "conquistar a Capital", lugar praticamente desconhecido por ele. Desconhecido ao ponto de, lá chegando, tornar-se instrumento dos alpinistas sociais que o cercavam.
De qualquer forma, a preocupação com riquezas, conquista de cargos políticos e aparências toma tanto os pensamentos das personagens que, quem se sai bem nesses jogos, só leva "batatas". Fica a dúvida sobre se a nossa geração permanece assim...
Por fim, é preciso ressaltar o trabalho de escrita primoroso de Machado de Assis. Por mais que as personagens, na maior parte do livro, busquem futilidades e poucas coisas importantes aconteçam, a forma como Machado de Assis escreve nos dá vontade de continuar lendo sem parar.
Geralmente, nos importa mais o conteúdo do que a forma das coisas. Em Machado de Assis, ambas lutam pelo protagonismo.