debora-leao 02/12/2023
Sobre a intensidade da vida, para além do amor.
Não sei tão bem o que dizer de ou como explicar Werther.
Foi bom. É um livro curto, mas eu levei 10 dias lendo, intercalando com outro para ir digerindo.
Eu não fui tão afeita ao romantismo nunca: já sou uma pessoa patologicamente intensa (sério. Sou diagnosticada como borderline), e, como para mim isso é um fardo, tendo a evitar personagens que retratem isso para mim. E no caso do Werther, essa intensidade é principal, e mesmo glorificada. O que torna uma pessoa humana é, no livro, as suas emoções, as vivências fora da técnica. Mesmo assim, admirei o livro, pq a similaridade com a vida do próprio jovem Goethe não faz senão conferir total verossimilhança com a realidade de uma pessoa temerariamente intensa. Essa verossimilhança é central no livro, pra mim.
Apreciei o ritmo do romance, embora algumas partes tenham soado repetitivas, especialmente o dia a dia dele com a Charlotte - entre visitas, dias em que nada demais aconteceu. Isso me parece meio que algo recorrente em romances epistolares. Mas acho que até essas partes foram, mesmo assim, importantes para o livro, para construir esse relacionamento para além do mundo das ideias, para o concreto. E Goethe soube intercalar bem, trazendo um pouco além da amada de Werther, salpicando aqui e ali pedaços de rotina, de trabalho, de outras pessoas. E, acima de tudo, mostrando-nos essa intensidade fora do amor e na vida, para com o mundo, com a existência, com a condição humana, com o sentido das coisas. Isso foi acima de tudo o mais lindo de se ler.