Prim 30/10/2022
Pollyanna
A princípio, eu não tinha muito interesse em ler Poliana (vou escrever assim que é mais fácil).
Não me entenda mal, eu amo clássicos e esse livro sempre pairou nas minhas listas de possíveis leituras, mas clássicos infantis têm uma característica que me deixa desconfortável e eu acabo os evitando: a moral da história.
Não que a maioria dos livros não tenha uma moral no final das contas. Entretanto, em livros infantis, ainda por cima nos clássicos, frutos da própria época, isso tem uma pegada diferente. E eu fico me perguntando o quanto aquela mensagem realmente serve para a criança. Acho um pouquinho manipulativo, e assustador muitas vezes.
No fim, talvez seja o meu eu criança rebelde que odiava ter que fazer algo sem explicação beeem explicadinha. Algo além de uma "moral" tirada de uma história às vezes bem traumática. Trauma não ensina, trauma é trauma, ué!
Enfim, devaneios a parte, voltarei à surpresa que foi ler esse livro. Cheio de moral e partes traumáticas. Porém, também cheio de doçura e empatia.
A Poliana é uma personagem única e que me deixou impressionada. Normalmente, figuras como ela são caracterizadas pela inocência e leveza do ser criança, mas não é bem assim no livro. Ela é, acima de tudo, empática. E isso não tem nada a ver com ela ser criança.
Ela mostra a força de alguém que se importa, com as pessoas, com os animais, com o mundo a sua volta. Como isso contagia!
O jogo do contente não é ser contente o tempo todo ou por qualquer coisa. Não se trata da "gratidão" tão em voga hoje em dia. O jogo do contente é sobre esperança, empatia e saber que a vida é para ser vivida apesar dos infortúnios.
É uma história divertida e triste, tudo em doses bem equilibradas. E valeu muito a pena deixar os receios de lado e finalmente me entregar a essas páginas, que me envolveram e me fizeram refletir o quanto eu preciso me deixar viver, sem precisar me forçar a buscar um propósito ou cumprir um dever. Simplesmente ser contente com o agora.