Carla.Parreira 17/06/2024
Pollyanna (Eleanor H. Porter). Pollyanna é uma jovem com sardas cheia de vivacidade e que, infelizmente, perde seus pais e se torna órfã aos 11 anos. A única parente que lhe resta é sua tia Polly, uma mulher distante que decide cuidar da menina mais por obrigação do que por afeto. Assim que Pollyanna chega à casa de sua tia, ela começa a transformar o ambiente amargo em que sua tia vivia. A menina é incessantemente falante e expressa-se com a sinceridade desinibida que somente uma criança possui, sem filtros em suas palavras. Apesar dos esforços de sua tia Polly para manter uma postura rígida e hostil, ela se vê constantemente desarmada pela sobrinha Pollyanna, que insiste em encontrar alegria mesmo em meio a reprimendas. A história do "ficar contente" é, na verdade, um jogo que o pai de Poliana inventou para que ela pudesse enxergar o lado positivo em qualquer situação. Para ela, quanto maior dosse o desafio, mais divertido o jogo se tornava, e esse é o espírito do livro. A história nos ensina que sempre podemos encontrar algo de bom em todas as situações, por pior que pareçam. É uma verdadeira lição de como a positividade e a gratidão podem transformar nossas vidas e as vidas daqueles ao nosso redor.
Contraparte da história: Vale frisar que essa personagem foi o que norteou os psicólogos Matlin e Stang a analisar a influência do pensamento positivo exacerbado em nossas vidas: o polianismo. Em um estudo divulgado na década de 1980 eles chegaram a conclusão de que pessoas extremamente positivas, demoram muito mais tempo para identificar eventos desagradáveis, perigosos e tristes. Pessoas que tem a síndrome de Poliana, ou do chamado viés de positividade, tem uma grande dificuldade em armazenar memórias negativas de seu passado, sejam traumas, dores ou perdas. Para essas pessoas, suas memórias sempre aparecem mais suavizadas, ou seja, suas lembranças são sempre positivas e perfeitas. Isso acontece porque para elas os eventos negativos não são considerados significativos. Uma ramificação da psicologia procura dar essa abordagem em seu tratamento, mas esse viés é questionável. Principalmente porque esse “óculos cor-de-rosa” usado para amenizar os problemas, nem sempre funciona. O foco exclusivo em uma vida 100% otimista pode causar problemas no enfrentamento das dificuldades diárias. O polianismo pode ajudar em muitos casos, e as vezes é essencial termos um olhar otimista. Entretanto, a vida também é feita de momentos tristes e difíceis. Por isso, é essencial saber lidar com isso.
Melhores trechos: "...O jogo do contente. Papai me ensinou. Começou com as muletas. — Muletas?! — Sim, eu tinha pedido uma boneca de Natal, mas na caixa de donativos da igreja, em vez da boneca, veio uma par de muletas. Papai explicou que eu deveria ficar contente por não precisar usar as muletas. — Contente por ganhar muletas em vez da boneca? Não entendi nada! — O jogo consiste em encontrar alegria em qualquer situação, Nancy. Se acontecem coisas ruins, o jogo fica mais divertido. Quer ser minha parceira?... Estou muito, muito contente! Contente até por ter ficado sem andar por algum tempo, para dar valor às minhas pernas. Quem nunca passou por isso não sabe como é bom tê-las de volta!..."