natália rocha 13/11/2024Tudo que eu sabia sobre esse livro antes de começar a lê-lo era que se tratava sobre um processo criminal sem pé nem cabeça. e de fato é, mas calma.
kafka monta uma atmosfera de absurdos jus ao seu nome do início ao fim do livro. não sabemos de nada sobre nada, e quando achamos que finalmente surgiu alguém que vai trazer algum sentido para a história, belo engano.
os personagens surgem do nada, falam seus absurdos e opiniões que não se conversam, todos sabem sobre o processo, mais do que o próprio réu - como? por que estão todos interligados nesse tribunal subterrâneo? ou melhor, tribunal de sótãos. sabe quando estamos sonhando e os personagens e lugares mudam num virar de pescoço? é nesse ambiente que estamos na leitura.
quando kafka descreve josef k andando pelos corredores estreitos, quentes e sufocantes, em busca de resposta, a angústia é tanta que nos sufoca em conjunto. a história decorre em um ano, entre os aniversários de 30 e 31 anos do personagem, um ano de contradições, da busca pela inocência que foi retirada de si sem maiores explicações, em que vemos josef enlouquecendo aos poucos por um processo invisível, sendo observado por tudo e todos - delírio persecutório?
o final ainda está processando na minha cabeça, mas por enquanto me vem à mente resignação e alívio por chegar a um fim - não ideal de finais felizes - mas um fim, apesar de o personagem demonstrar um resquício de vontade de lutar ao final, rapidamente tirada de si, como de um cão.
dou quatro estrelas porque apesar de ser uma história que me agradou, o texto é seco, por vezes tem capítulos imensos e cansativos, e não foi terminado. nessa edição temos várias notas em que nos é elucidado que os capítulos não estão posicionados em ordem cronológica na história, além de vários não estarem finalizados.