Cafeína 29/03/2023
É complicado, mano...
Kafka é complicado, ao menos a metamorfose exigiu uma releitura, e não acho que esse vai ser diferente, porque esse livro, esse maldito livro, é descer numa espiral de burocrácia, se atolando em alegorias, metáforas, ou melhor, a leitura é uma constante luta contra o subtexto para arrancar algum significado, e que aqui fique claro, não da para sair dessa de mãos vazias, só resta a você achar um sentido nesse pesadelo narrativo. É claro, esse ato de pôr o leitor à deriva é sem dúvidas um mérito da escrita, e sem dúvidas seria um mérito maior se não derivasse de um texto, na verdade, inacabado (durante a produção, o autor enfrentou o empecilho de morrer). Também não posso deixar de citar, por conta das obviedades que atraem na obra, a narrativa em si labiríntica, a própria trama onírica na qual o personagem vai adentrando, tentando enfrentar essa coisa imensurável que é o processo, terror que só se compara ao hercúleo trabalho de encarar essa leitura massante e prolixa. Quanto aos significados, e aqui, desde já, afirmo o interesse na releitura não por acaso, ele é rico em conteúdo já que ele se propõe a abordar? o meio judicial? a justiça? A burocracia? O poder legislativo? todo o funcionamento da sociedade?! bem? É sobre algo, sem dúvidas alguma coisa.