Resenhas - O Processo

Ibn.Al-Ahlam 05/05/2024

Uma estória angustiante!
Como dito, esta é uma estória para lá de angustiante, pesada. Mesmo sendo uma obra inacabada, até mesmo não organizada, Kafka facilmente consegue nos prender na trama de Joseph K., aplicando o absurdismo na vida da personagem. O responsável pela organização e publicação do livro, foi o seu amigo pessoal, Max Brod. Nesta edição da obra, contém notas demasiadamente úteis, que ajudam a não se perder no enredo.

?O homem se ocupa então da esperança. Mas este não é o seu problema. Seu problema é evitar o subterfúgio." Camus.

O que diz o filósofo, define perfeitamente Joseph K., uma figura complicada que, diante de toda a burocracia imposta sobre ele, que o dificultava de provar sua inocência, buscava sempre caminhos mais fáceis para a resolução de seu problema. O capítulo que muito amei foi o nono, "Na Catedral", onde Joseph tem um interessantíssimo diálogo com um padre ? salvo engano ? e ele lhe conta a alegoria do porteiro e do homem do campo. Simplesmente incrível!!

A burocracia age como um monstro em nossa sociedade, impondo seus tentáculos em todos os caminhos que o povo decide caminhar. E veja bem! Nem sempre em todos os caminhos, mas na maioria das vezes, não são nem o povo quem decide! Somos obrigados. É tanta burocracia, que nem sempre a própria burocracia resolve alguma coisa, e sim piora.

Céu cheio de estrelas 04/05/2024

Talvez você precise tomar um pouco de ar... :)
É um deleite ler o kakfa escreve. Seus capítulos languidamente descritos, e para alem disso, escritos de maneira fluída, bonita, lírica, fazem-me aspirar a mais frases, mais palavras e menos pontos finais. 

Quanto ao livro em si: é um assomo de angústia em um ambiente psicodélico. O livro descreve o percorrer de um processo que segue suas próprias regras, tão distantes do mundo real que é quase como se o processo inteiro fosse um Deus. Seus dogmas imutáveis não respeitam qualquer lei mundana. Na verdade, uma vez que a pessoa está dentro do processo é como se fosse emanada uma força centrífuga que atrai toda a vida do acusado. O leitor está vendo tudo isso de dentro dessa força, com tudo sendo jogado de um lado a outro. Você sabe que há um processo, um acusado e que alguma coisa está errada,mas as informações terminam por aí. O resto é a busca por alguma explicação de sua parte e um esforço exponencial da parte de Josef K para provar sua inocência (ao tempo em que também busca alguma informação). E falando sério, eu poderia ficar páginas e páginas lendo Kakfa escrever sobre isso, mas também é necessário tomar um pouco de ar :) 


O que se aprende com esse livro: é muito importante que protejamos um Estado de coisas dentro dos padrões democráticos e constitucionais, a fim de termos garantidos nossos direitos fundamentais! Isso jamais pode ser flexibilizado. 

Marta 03/05/2024

“A lógica, na verdade, é inabalável, mas ela não resiste a uma pessoa que quer viver.”
Sempre gostei de Kafka e com a leitura desse livro não foi diferente, mas alerto que essa é uma leitura extremamente claustrofóbica, é assim que me sentir durante a leitura. Kafka era um escritor profundamente introspectivo que acreditava que a literatura deveria refletir a realidade de sua época. Uma das principais ideias defendidas por Kafka era a de que a vida moderna era cada vez mais impessoal e alienante. Por isso ele é um autor denso. Esse livro traz a história de K. que no dia de seu trigésimo aniversário é surpreendido pelo conhecimento de que há um processo penal contra si, que é embasado numa acusação que não é revelada nem para o réu, nem para o leitor e, durante um longo e exaustivo ano, Josef se empenha em defender-se, enfrentando a burocracia estatal e judiciária e as arbitrariedades que permeiam seu processo. No decorrer do livro, o leitor acompanha a incessante tentativa do acusado de conseguir defender-se, o que parece quase impossível, visto que o mesmo não podia nem ao menos ter acesso aos autos do processo, nem mesmo por meio de advogados, o que, por óbvio, torna inviável uma defesa plena quando não se sabe nem ao menos o teor de sua acusação. Esse romance de Kafka no final nos traz várias interpretações, cada uma vai depender de quem o ler. Recomendo muito a leitura para os que gostam de obras mais densas e para os que apreciam o autor.

Jheniffer 02/05/2024

A saga de um ser grande processo terminar essa leitura
E um belo dia você acorda na data do seu aniversário e descobre que está sendo detido por um processo que não sabe nada sobre o assunto em questão. Assunto de uma situação que o autor, Franz Kafka, elabora um de suas obras mais famosas: O Processo.
De início, confesso que não me interessei por aquela história. Não entendia o porquê algo tão simples precisaria de 150 páginas para se desenrolar; e depois da leitura continuo com o mesmo pensamento. Contudo, tentando entender a ideia do autor, é possível compreender que essas voltas que a história dá são essenciais para a construção de uma narrativa sufocante e desgastante; tudo isso esquecendo que é uma obra inacabada e que um amigo de Kafka que montou os capítulos da história da forma como achou adequado.
E nessas voltas é possível analisar como ele consegue, de forma proposital ou não, ir guiando o leitor juntamente com o protagonista para as etapas de uma exaustiva burocracia sem fim. Kafka transforma a vida de Ka em um tormento tão drástico que fica impossível de viver com essas incertezas, algo que pode ser atrelado ao nosso sistema judiciário atual.
Isso é um outro fator importante do livro, a forma sucinta como o autor consegue associar as questões do livro com a sociedade da época e, de uma forma totalmente preocupante, como ainda conseguimos relacionar os problemas sociais contemporâneos com as questões daquele momento da história.
E a grande sátira, para mim, é que o processo é o menos importante do enredo. Questões de classe, gênero e tantos outras mazelas sociais ganham vida com seus pequenos detalhes durante a narrativa, se destacam em meio a essa redundante burocracia jurídica do livro; como ?furos jornalísticos? propositais do autor.
De um processo insosso a um inseto monstruoso, tudo vai diminuindo sua vivacidade para mostrar o que realmente importa: suas ideias sobre algum tema que está presente na sociedade; sendo nesse momento que a genialidade do escritor aparece.
Ele vai construindo um enredo sem força, para que essas críticas entranhadas em cada capítulo sejam vistas e discutidas pelos leitores; mesmo que tenha publicado poucos escritos em vida.
No fim, o protagonista se mata. No fim, o processo, de uma forma ou de outra, acaba e outros processos ilegítimos continuam nascendo.

joaozinho30 01/05/2024

A burocracia e o sentimento de Angústia de " O Processo"
Um homem comum se vê de repente contra o sistema de justiça burocrático e sufocante. Tentando entender e esclarecer suas dúvidas num mundo onde todos sabem tudo e, ao mesmo tempo, ninguém sabe nada.

Marcella.Pimenta 27/04/2024

Ser processado sem saber por qual crime é só um dos absurdos
Quem nunca ouviu falar em "processo kafkiano" para se referir a um processo esquisito, absurdo? E é essa a sensação que se tem no decorrer da obra. Mas os absurdos não param por aí. Não é só que ele está sendo processado e não lhe é informado o crime cometido. Ele é preso. Mas pode seguir sua rotina livremente. E há muitas outras situações completamente despropositadas.

Apesar de não conter termos rebuscados, a escrita não é fácil, já a construção das frases deixa dúvida ou incompreensão às vezes.

No fim, creio que a história é menos importante do que o que cada um extrai dela. Sabe aquele ditado de que "Não é você que lê o livro. É o livro que lê você."? Pra mim, se encaixou bem neste caso.

O livro não foi finalizado pelo Kafka (um amigo publicou a obra, organizou segundo o próprio entendimento), tanto que, nesta edição, é dito que um capítulo não foi concluído.

O estilo de escrita do Kafka, que sugere um simbolismo em cada personagem que Josef K. encontra (o advogado de defesa debilitado) ou na narração dos acontecimentos (a sensação de sufocamento do personagem principal no "fórum" ou do contraste luz/escuridão na catedral) é um dos motivos que faz da obra aberta a diferentes interpretações, como até sugere a parábola "Diante da lei" (não é nomeada assim aqui, mas é a que aparece no penúltimo capitulo).

Vi muitas pessoas enfatizando o peso do Judiciário sobre o ser humano, que se vê sem poderes de reagir aos abusos. Uma interpretação correta, e óbvia.

Pra mim, mais que os absurdos do processo, fica a reação das pessoas diante de cada um deles. O supervisor diz que K está preso, mas que ele pode ir ao trabalho, seguir com a vida, com a maior naturalidade. O fato principal, que é K não saber de que crime é acusado, nem é abordado pelos outros personagens. A localização do tribunal e das pessoas que lá trabalham também é outro disparate.

A ordem de todo o procedimento, que começou com prisão que deixa o réu livre e ele não pode nem se defender porque não sabe do que é acusado, já foi perdida e tratada como normal. A partir daí, todo absurdo é banalizado.

Enfim, é menos um livro pra pessoas do tipo "quero saber como isso vai terminar" e mais pro tipo "o que isso quer dizer?". Cada um que faça a própria interpretação.

Miguel.Sardenberg 26/04/2024

Confesso que esperava mais. Aqui acho que Kafka foi vítima de sua própria genialidade. A Metamorfose é talvez o livro mais incrível que já li, portanto esperava que O Processo tivesse parte da mesma genialidade que tornou Kafka diferente dos demais. Não que O Processo seja ruim, muito pelo contrário, um excelente livro que te deixa intrigado e nervoso até o fim. Mas aqui a minha expectativa influenciou sim na minha leitura. Ainda assim um livro bastante recomendado para quem deseja conhecer mais do autor.

joyboy0 25/04/2024

Paralisia
O meu sentimento ao ler O Processo de Kafka, foi semelhante a uma paralisia do sono, que você tenta escapar a todo custo mas não consegue. É como se você tomasse consciência no meio daquele sonho, tentasse sair a todo custo mas falha a cada momento, causando uma sensação de angústia e inconformidade.

isababy 25/04/2024

Até hoje relatavel
"a razão pode pouco contra a banalidade da violencia irracional" frase da ante capa que me fez gostar do livro, pois ele é bem chatinho, mas até os dias de hoje mesmo um século depois esse livro continua relatavel, principalmente no brasil onde a a lei se contradiz constantemente e é subjetiva, para pobres é uma, para os ricos outra.

Karina.Liberato 23/04/2024

MUITO bom
O autor te deixa no mesmo patamar que o personagem principal: perdido. uma crítica póstuma (que o coitado não queria que fosse publicada) sobre os nós burocráticos feitos para que não consigamos nos mover em sociedade. aqueles que mais conhecem do processo negam esse conhecimento ate a advogados, quanto mais próximo da resposta, mais perto de perder o processo. uma jornada frustrante em um meio burocrático relevante ate hoje.

Haryadne.Moreto 23/04/2024

Angustiante
Este não é um daqueles livros cheios de acontecimentos com começo meio e fim, é um livro com escrita fácil, mas tão pesado ao mesmo tempo. Kafka te envolve em uma leitura profunda em vários aspectos. A escrita me envolveu de tal forma que foi me agoniando e me perdendo junto com o personagem. É o tipo de livro que você para de ler mas fica pensando sobre as diversas possibilidades e conexões com os acontecimentos que se pode fazer fora do livro.

ValAria34 22/04/2024

Não entendi ???
Gente, eu amei A metamorfose e por mais que fosse, assim como é O processo, com diálogos longos, capítulos imensos, eu achei que A metamorfose fluiu muito bem. O processo pra mim foi bem difícil de se ler, achei cansativo e confuso, mas não é um livro ruim, é Kafka. Talvez depois eu leia novamente com mais calma. O que eu entendi é que fala sobre a luta desse homem pela liberdade, pela sua inocência, um processo do qual ele nem sabe pelo o que está sendo processado. Pessoas e mais pessoas aparecendo em sua vida e falando sobre tal processo, dando ou retirando dele as esperanças de ser considerado inocente. É um livro muito bom, como eu disse, bastante confuso em alguns aspectos, como o relação dele com a empregada.

Wane 20/04/2024

Jantando o sistema criminal
O livro é uma óbvia critica ao sistema criminal num geral, principalmente considerando a época que o livro foi escrito, mas muitas falhas ainda perduram até hoje.
Em minha humilde opinião, o livro é sufocante ao mesmo tempo que em diversos momentos torna-se confuso. Porém, ao descobrir que a obra não foi finalizada, inclusive foi um livro póstumo do qual o autor não queria que fosse publicado acabo que entendo os motivos da narrativa confusa (amigo da onça esse que o homem deixou escrito que queria que tacasse fogo nos manúscritos).
Enfim, é um livro bacana, mas imagino que obra prima não seria se o Kafka tivesse de fato finalizado ele.
PS: o pica de mel que toda mulher que se jogar encima do homem (pior que Dorian Gray)

Dri 19/04/2024

Não sei explicar a sensação de ler esse livro. Não é ruim, porém é uma história que ao mesmo tempo em que é complexa ela não acontece muita coisa.
O final com ele sendo assassinado levanta o questionamento: ele era realmente culpado por isso o mataram? Não sei!

lala.literaria 19/04/2024

O processo e a burocracia
De antemão, queria dizer que adorei O processo.
Esse livro é, basicamente, sobre a burocracia do poder jurídico e como isso prejudica o cidadão. Josef K. acorda em uma manhã sendo acusado pelo tribunal de justiça e ninguém explica o porquê de isto estar acontecendo. Ao longo do livro, nunca é mencionada a razão pela qual ele foi processado e isso é uma reflexão da realidade de como a burocracia de ações jurídicas estão em um patamar mais elevado de entendimento propositalmente para o indivíduo que está sendo julgado não compreender o que acontece, precisando de diversos intermédios que nem sempre tem a boa vontade de ajudar.
"O processo" mostra a destruição da vida de um homem que foi acusado de um crime, livro que pode parecer inacabado, mas nada o impede de ser uma obra prima.