spoiler visualizarThomas.Jordao 15/06/2023
Um dos meus autores favoritos, recomendo ver um pouco da história de vida dele, e contexto histórico para deixar a leitura ainda mais inacreditável.
Uma história na qual a primeira frase já é extraordinária. Existe duas ideias que são fenomenais e principais no livro, porém diversas outras pequenas ideias que também já são incríveis, como a da primeira frase: o poder da calúnia na vida de alguém.
O próprio título é outra ideia menor: o processo, se referindo ao processo jurídico e aos outros processos que acontecem no livro, no contexto de acontecimento, como o processo de decadência psicológica do K., personagem principal.
Outra ideia é a esmagadora ideia que corrobora com o mito da meritocracia. Como que as relações sociais são infinitamente mais importantes para aquisição de emprego, dinheiro, poder, ascensão ou manutenção de classe, do que a famosa força de vontade, estudos, acordar cedo, tomar banho gelado, etc, etc.
Outra ideia menor é o final, que admite interpretações distintas assim como toda obra, sendo que a que eu mais acredito é a de que o K pagou sua própria execução, estando tão esgotado psicologicamente com a sociedade e sua situação, após ter tido uma crise existencial que começou no capítulo anterior, na catedral.
Outra é a ideia da crítica aos ideais de como deveriam ser as mulheres da época, já que no livro todas as mulheres não tem voz, não parecem nem ser humanas, sendo pedaços de carne, inseparáveis de sua condição sexual, na qual todas são sexualizadas e se jogam aos pés do K. Algo que realmente incomoda o leitor, a forma como todas as mulheres são retratadas no livro e suas relações com o K. Um pensamento feminista em pleno início do século 20.
Uma das ideias principais é a crítica ao sistema jurídico em si, que é realmente incrível e palpável. Porém a outra ideia principal é a que mais me cativou, pois entra no escopo psicológico, social, não ficando apenas no jurídico, como ficou até o capítulo 8. É no capítulo nove, o maravilhoso a catedral, que tudo acontece, que o escopo se espande, que a obra brilha. Ao estilo Dostoiévski, Kafka conta uma parábola (usada no contexto de um diálogo entre o padre dos presos e K) que explica o próprio livro em si, porém até você chegar nessa conclusão, é muuuuito tempo de reflexão, pelo menos para mim. A parábola diante da lei não é fácil de entender, e possui vários pontos de vistas. Após analisar todos eles, o autor se encontra em desespero ao constatar que vivemos em tal sociedade, visto que é impressionante como que o livro retrata parte de nossa realidade, mesmo sendo um livro absurdo, irreal, maluco. Não é a toa que alguns consideram apesar de diversos absurdos que acontecem, uma obra no todo realista.
Olha, é simplesmente impressionante o que o Kafka fez com a metamorfose e o processo. Um gênio