O Código Da Vinci e a Bíblia

O Código Da Vinci e a Bíblia Grenville Kent...




Resenhas - O Código Da Vinci e a Bíblia


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Vânio 06/12/2009

"O Código Da Vinci", de Dan Brown

As Fontes de Dan Brown

No auge do sucesso do best-seller em 2006, antes mesmo do lançamento do filme homônimo, escrevi um simples e objetivo resumo d'O Código Da Vinci para o site de resumos Shvoong (para ler, copiar e opinar sobre o referido resumo clique no link: http://pt.shvoong.com/books/mystery/135273-livro-o-c%C3%B3digo-da-vinci/ ).

Mais de dois anos se passaram, e a febre do Código já foi superada. Mas o livro continua sendo bem vendido, o que me leva a crer que Dan Brown de fato acertou na dose ao “criar” o mirabolante thriller, o “livro de ficção para adultos ... de maior sucesso de vendas de todos os tempos”, segundo o Daily Telegraph.

Quando digo que Brown “criou” (entre aspas) a estória do Código estou insinuando que ele não é o autor autêntico das teorias ventiladas pelo best-seller, que já vendeu mais de 42 milhões de exemplares desde o ano do seu lançamento (2003), em mais de 42 línguas, cujo filme de mesmo nome foi sucesso de bilheteria quando do lançamento em 2006, mas, segundo os críticos, não agradou tão quanto o livro.

Hoje se sabe que Brown usou como uma de suas fontes para escrever o Código o livro "The Holy Blood and the Holy Grail" [O Santo Graal e a Linhagem Sagrada], dos autores ingleses Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, lançado em 1982, um livro que trás como essência a mensagem da Nova Era, um tema muito recorrente nos dias atuais. Inclusive o nome de um personagem do romance, Leigh Teabing, é uma singela homenagem aos dois primeiros autores, provindo de seus sobrenomes, com as letras de Baigent reorganizadas, formando assim Teabing. Michael e Richard, os homenageados, parece não terem gostado, pois moveram um processo na justiça inglesa contra Brown por plágio em fevereiro de 2006 – sem sucesso, apesar de Brown ter admitido que usou o livro deles e muitos outros autores do gênero Nova Era para escrever seu romance. Segundo o jornal The Times, os autores da acusação afirmam que Brown copiou no best-seller O Código Da Vinci a estrutura da obra escrita por eles em 1982.

A defesa de Brown negou as acusações no tribunal de Londres, mas reconheceu que o autor conhecia as pesquisas de Baigent e Leigh.

Ou seja, toda aquela estória mentirosa de Da Vinci pertencer a uma sociedade secreta guardiã de um segredo milenar que, se revelado, jogaria por terra o cristianismo como um todo – tudo isso e quase tudo o mais – não saiu da fértil imaginação de Brown; ele já pegou a fórmula semi-pronta, reformulou, romanceou, e, segundo a revista Forbes, ganhou US$ 76,5 milhões só entre junho de 2004 a junho de 2005.

Sem dúvida, o homem é um gênio!

Mas, há uma pergunta que não me quer calar:

Por que O Código Da Vinci é tão popular?

A que se deve a popularidade d'O Código Da Vinci?

Encontrei uma resposta no livro dos pesquisadores australianos, Pr. Grenville Kent (teólogo) e Dr. Philip Rodionoff (médico): "O Código Da Vinci e a Bíblia – Seria o Cristianismo a Maior Fraude da História?" (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006).

Segundo eles o Código é tão popular porque “levanta questões relevantes à cultura contemporânea.” Para apoiar esse ponto de vista, eles relacionam quatro tópicos:

1) O Código questiona a religião organizada – “Questionar a igreja é um esporte popular na sociedade cada vez mais secularizada de hoje. E não é sem razão (...) Talvez a igreja seja o problema de imagem mais sério que Deus tenha. Não admira que a crítica à igreja chame a atenção das pessoas.”

2) As pessoas adoram desmascarar uma mentira – “Para muitos, a igreja é apenas mais uma organização multinacional com sua agenda própria. Então, por que não desmascará-la também?”

3) O romance promove uma espiritualidade que está na moda – “O livro acaba tentando dar uma feição errônea ao cristianismo, fazendo-o parecer com a espiritualidade da Nova Era. Mas o cristianismo, no que ele tem de melhor, não precisa desses retoques.”

4) O Código parece democrático quanto à verdade espiritual – O Dr. Michael Green em seu livro "The Books the Church Suppressed: Fiction and The Da Vinci Code" (Oxford: Monard, 2005) nos “alerta que 'a alegação de Brown quanto à precisão factual, brincando com a tendência de confundir fato com ficção', faz que o livro seja potencialmente enganador, especialmente porque muitas pessoas sabem tão pouco sobre o cristianismo original.” Muitos de nós somos "biblicamente analfabetos" e propensos a aceitar qualquer inverdade, desde que seja bem contada, como se fosse uma verdade irrefutável.

Vale ressaltar, ainda, que o romance de Dan Brown é uma ficção. Ele mistura história secular e cristã com meras e infundidas alegações engenhosamente criadas (ou plagiadas), sem fundo de verdade e principalmente sem citar fontes para suas conclusões absurdas, mesmo porque as fontes que ele teria para citar (os livros da Nova Era que o próprio admite ter pesquisado) não seriam aceitos, pois não são autênticos nem confiáveis.

Onde estão suas evidências plausíveis e inquestionáveis?

No resumo que fiz a mais de dois anos atrás recomendei a leitura do romance O Código Da Vinci, e continuo a recomendá-lo; no entanto, faço aqui lgumas ressalvas: ao lê-lo, use seu senso crítico, pesquise, procure descobrir o que é fato e o que é ficção, o que é falso e o que é verdadeiro.

E não faça – jamais! – como um certo aluno que, ao fazer um trabalho de História valendo nota usou como fonte de pesquisa O Código Da Vinci, de Dan Brown. Resultado final: tirou nota ZERO!

Definitivamente, a obra de Brown não é recomendável como fonte de pesquisa histórica, apesar de ser um excelente livro de ficção e entretenimento para adultos.

* Publicado no Blog http://ponderacoes.spaceblog.com.br/203691/O-Codigo-Da-Vinci-de-Dan-Brown/ em 26/09/2008.
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