José 22/03/2012
Lobo do mal
Humphrey van Weyden nunca imaginou que aquela viagem no vapor Martinez entre Sausalito e San Francisco pudesse mudar a sua vida. Mas naquela manhã nublada uma grande mudança começou a acontecer de modo extremamente contundente.
Na escuna Ghost a vontade do comandante Wolf (Lobo) Larsen era a lei. E ele governava o seu pequeno mundo com punhos de ferro. Para Humphrey, um intelectual ético e observador, aquele era um mundo desconhecido e intimidante. Principalmente porque Lobo Larsen não apenas espancava as pessoas - e às vezes batia em mais de uma ao mesmo tempo - mas porque ele tinha uma justificativa FILOSÓFICA para fazê-lo. Esse contraste entre algo negativo - a violência - e o seu fundamento racional é um dos pontos altos da história.
Por outro lado Larsen não era totalmente mau, estava longe de ser um brutamontes irracional. Saíra por si só da miséria, adquirira um patrimônio e - surpresa - era na verdade um superdotado intelectual. E Humphrey não era totalmente bom, uma vez que nunca trabalhara e vivia da fortuna que o pai lhe tinha deixado. Estes fatos tornam a história mais realista e interessante e a chegada de Maud Brewster, escritora bonita e famosa, acrescenta mais um elemento de tensão entre Humphrey e Lobo Larsen, precipitando o desfecho.
Este é um romance completo. Há, de forma intensa, a luta do homem com outros homens, pela vida. Do homem com a Natureza, também pela vida. E do homem com todos, e também consigo mesmo, pelo amor.
Finalizando, o texto está cheio de vocabulário náutico e expressões que reproduzem a pronúncia de personagens, dificultando a compreensão. Quem não tiver amplo domínio do inglês, é melhor que leia uma boa tradução - foi o que eu fiz há alguns anos e isso levou-me a reler a história, desta vez em inglês.