Manchester 25/10/2010
Resenha - O Homem que Calculava de Malba Tahan
Pensei em milhares de coisas pra escrever nessa resenha. O bom é que só tenho coisas boas para falar de "O Homem que Calculava". E lamento muito que só li esse livro agora... Queria muito que isso tivesse acontecido a dez anos atrás. Eu não gostava de matemática, sempre achei muitas coisas muito inúteis. Depois de velho, passei a ter mais maturidade e olhar melhor para os números...
Não que "O Homem que Calculava" fale apenas de números, continhas, teoremas e blá, blá, blá, não é isso, porém vai muito além.
Como de praxe, começarei falando da capa, conteúdo, etc. A capa é muito linda! Chama atenção. Um belo tom de azul nas bordas lisas. No centro, fosco, uma bela figura de homens tipicamente árabes ilustra belamente a capa. Gostei bastante, ótimo trabalho da Record.
Complementando, a estrutura do livro é muito bem organizada. Algumas expressões e nomes dignos de nota se encontram brevemente explicados em notas de rodapé e no final do livro tem um Glossário. Ou seja, a princípio, você não precisa quebrar o ritmo de leitura para se ligar nos termos, expressões e personalidades citadas ao longo do texto e isso eu acho excelente!
Outro ponto forte do livro é que está tudo estruturado em contos. E são relativamente curtos. Então quem tá procurando uma trama mega elaborada dos livros atuais, esqueça! Não é essa a temática do livro.
Falando brevemente do autor... Malba Tahan é o pseudônimo do professor de matemática Júlio César de Mello e Souza (1895 - 1974) que possui como característica, narrativas de fábulas e lendas orientais. "O Homem que Calculava" foi sua obra mais famosa entre as várias que possui o genial autor.
O livro conta as proezas matemáticas do persa Beremiz Samir, o Homem que Calculava. As peripécias do calculista são contadas pelo bagdali Hank Tade-Maiá que acompanhará Beremiz como um seguidor.
E agora acho que devo falar um pouco do por que de ter gostado tanto deste livro. Bom, ao contrário do que eu pensava, que o livro se tratava de um monte de estórias cheias e contas chatas que iam ficando piores ao longo do livro... Mas não é bem por aí. Os contos contam estórias bem simples, diretas, não muito descritivas sobre problemas matemáticos e/ou cultura oriental islâmica (muçulmana). O que eu achei maravilhoso, pois me acresciam quanto ao pensamento lógico e culturalmente ao conhecer um pouco da cultura, costumes e religião dos povos do oriente.
E nenhum dos contos envolviam uma matemática chata e complicada. Tudo era muito simples e prático e a maioria dos problemas resolvidos pela genialidade de Beremiz utilizava bem mais de raciocínio lógico do que matemática teórica. E quando o raciocínio dele não ficar claro, no fim do livro tem um apêndice explicando matematicamente com mais clareza os cálculos envolvidos.
Vou resumir aqui um dos contos e, obviamente, o mais famoso:
A divisão dos 35 camelos: Beremiz e Hank encontram um grupo de três irmãos que tem um problema com uma herança. Seu pai falecido deixou como herança 35 camelos aos 3 filhos. O mais velho receberia metade dos camelos. O do meio receberia um terço dos camelos e o mais novo, um nono dos camelos. Mas 35 dividido por 2, 3 e 9 deixa resto e nenhum dos irmãos queria abrir mão de sua parte. Beremiz pede o camelo de Hank emprestado para juntá-lo ao total de camelos. Agora são 36 camelos divididos por 2, 3 e 9 = 18, 12 e 4 camelos respectivamente. O somatório, então é de 34 camelos. Beremiz toma o camelo de Hank de volta e por sua perícia é agraciado com o camelo que restou. Então, Beremiz segue viagem com Hank, agora cada um com seu camelo...
Eu esperava que não houvesse final para esta história, no entanto, fiquei surpreso, pois há sim um final e de fato, surpreendente e inesperado (em parte, hehe)!
Só tenho a recomendar "O Homem que Calculava" à todos, de todas as idades, de todos os interesses, pois é uma leitura que realmente vale muito a pena!