Thales Moreira 21/05/2021Uma introdução à altura de "Os Pilares da Terra"Escrever livros com temática histórica é um ofício arriscado; se você acerta a mão em uma história, não necessariamente vai conseguir isso em toda obra que escrever; a possibilidade de se tornar pedante e utilizar elementos desnecessários, descrições excessivamente prolongadas e pecar em contextualizações sempre vai pairar. E, por isso, Ken Follett chama tanto a atenção; seu cuidado e maestria em desenvolver um enredo capaz de segurar o leitor da primeira à última página é notório.
O Crepúsculo e a Aurora nos transporta para o fim do século X e início do XI, já dentro do período das trevas da Idade Média, um tempo do qual pouco sabemos e que, exatamente por isso, é tão difícil de escrever sobre sem se entregar a suposições esdrúxulas e se perder criando cenas impossíveis de acontecer naquele momento. É através desses tempos que vemos germinar o que vem a se tornar Kingsbridge, cenário de Os Pilares da Terra.
Com essa história, Follett nos apresenta Edgar, o Construtor, Lady Ragna, Frei Aldred, e o trio de irmãos que governa a região de Shiring, o bispo Wynstan, Wilwulf e Wigelm. É em torno dos seis que a história toma forma e nos surpreende com tantas reviravoltas. São tantos os momentos de tensão, que por vezes o leitor chega a ficar sem fôlego, ansioso para descobrir como a situação vai se desenrolar.
Os sentimentos causados pelo autor através dos personagens também são pesados. A cada nova artimanha e plano asqueroso de Wynstan, fica mais difícil suportá-lo. Wilwulf, apesar de se mostrar com uma personalidade mais pacificadora a princípio, se torna quase tão ruim quanto seus dois irmãos. E Wigelm é simplesmente o brutamontes, típico machão que a única qualidade é saber lutar, mas sem nenhum outro tipo de inteligência. Já Edgar, Ragna e Aldred são os típicos personagens mocinhos, porém com alguns toques peculiares, que os fazem se tornar mais próximos de pessoas reais, com defeitos e qualidades que se equilibram.
Apesar de ser uma leitura densa e longa, o livro não é cansativo. Sempre existe algo que impulsiona o leitor a querer saber o que vai acontecer na sequência. Aos poucos vamos presenciando a transformação, cheia de percalços, da Travessia de Dreng no que virá a se tornar a cidade de Kingsbridge.
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