Aione 18/11/2021Sete minutos no paraíso é o primeiro volume da série Amores Australianos de Victoria Gomes, autora autopublicada na plataforma KDP da Amazon, na qual cada livro é protagonizado por um diferente irmão da família Taylor. Não recomendado para menores de 18 anos, o livro traz um romance leve e delicioso de se ler, com cenas eróticas, passagens divertidas e personagens encantadores.
Sarah é uma jornalista esportiva que foi enviada, de uma hora para outra, do Canadá para cobrir uma matéria de um time feminino na Austrália. A mudança de hemisfério provocou o fim de seu relacionamento e, tentando se adaptar à nova vida, ela conhece Luke, dono de um café e dos flertes mais descarados possíveis. Como a atração entre eles é inegável e nenhum dos dois está em busca de compromisso, o sexo casual parece a melhor opção para ambos… Até que a convivência provoca nos dois sentimentos não só inesperados, mas completamente inéditos na vida de cada um.
Victoria Gomes me ganhou nos primeiros parágrafos. Dona de uma escrita completamente fluida, não demorei a me envolver com os cenários e com as personagens. Os capítulos se alternam em narrativas em primeira pessoa pelas perspectivas de Sarah e Luke, de maneira que podemos conhecer os dois lados da história e entender como a relação se desenvolve para cada um, acompanhada dos receios e anseios consequentes da bagagem que carregam. Em termos de ambientação, Sete minutos no paraíso se passa na Austrália, onde a autora reside há mais de dois anos. Assim, seu intuito era trazer um pouco de como é a vida no país, algo que ela atinge com sucesso inclusive em termos linguísticos, procurando trazer para o português expressões típicas de lá.
Além da própria representatividade em Sete minutos no paraíso ser muito importante, já que Sarah é uma mulher negra e gorda, os temas levantados ao longo da leitura são extremamente relevantes. A protagonista com certeza se transformou em uma das minhas favoritas do ano, exatamente por ter tanta clareza sobre si. Focada em sua carreira, Sarah não exclui a possibilidade de se envolver com alguém, mas entende que, além de um homem não ser o centro da sua vida, ela não pode permitir que seus relacionamentos ditem algo sobre quem ela é ou sobre seus sucessos e fracassos. Victoria Gomes acerta em cheio ao demonstrar o que é o empoderamento e como seria uma relação saudável, sem ser pautada na necessidade socialmente imposta a mulheres de se estar com alguém ou de ser dependente emocionalmente de um homem. A partir disso, discute, ainda, questões como rivalidade feminina e responsabilidade afetiva, tudo feito de maneira muito orgânica na trama.
Foi impossível não me apaixonar pelo romance que nasce entre Sarah e Luke. Os diálogos entre eles são ótimos e me fizeram rir em diversos momentos. Além disso, a química que salta das páginas é gritante, então Sete minutos no paraíso entrega o melhor de um romance sensual e repleto de paixão. Também, Victoria Gomes desenvolve muito bem as questões de Sarah e Luke, de maneira que a evolução dos dois seja ótima de se acompanhar e faça dos personagens figuras mais palpáveis. Vale dizer que, para além do romance, existe a matéria que Sarah investiga na trama e, ainda que não seja o foco da história, traz elementos extras a ela e faz da leitura ainda mais interessante, sobretudo pela temática ali levantada.
Em linhas gerais, Sete minutos no paraíso foi uma das leituras mais encantadoras que fiz nos últimos tempos. Ao finalizá-la, senti o ímpeto de iniciar imediatamente Verdade ou Desafio, segundo livro da série, algo que nem sempre acontece, de tão envolvida que me senti pelas personagens e pela família Taylor. Certamente, pretendo retornar a esse universo futuramente.
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