Ogaiht 03/07/2022
Vítima ou Manipuladora ?
Baseado em um acontecimento real, Vulgo Grace conta a história da jovem Grace que foi condenada por ter sido cúmplice no assassinato de seu patrão e da governanta da casa onde trabalhava. Mas a narrativa já começa depois de muitos anos da sentença com Grace já adulta. Graças ao advogado que a defendeu, conseguiu escapar da forca, mas foi presa num sanatório. Seu caso ganhou enorme notoriedade ao longo dos anos, tendo despertado o interesse do jovem médico Simon Jordan. Decidido a estudar o caso de Grace, ele começa a visitá-la com frequência para saber mais sobre sua vida, e claro, do assassinato. Grace alega não lembrar de nada do ocorrido, mas à medida que narrativa vai se desenrolando, ele vai contando de forma minuciosa todos os principais acontecimentos de sua vida. Obviamente, por ser narrada em primeira pessoa, não há como saber realmente se Grace é culpada ou inocente.
Mais uma vez, Margaret Atwood nos brinda com sua narrativa cativante, detalhada e clara, fazendo a leitura deste livre extremante rápida e prazerosa. Há uma minissérie da Netflix baseada nesta obra, que é boa mas não tanto quanto à obra original. No livro, a discussão do papel da mulher na sociedade é mais clara e aprofundada. E, no final, nos deparamos com o seguinte questionamento: seria Grace um demônio feminino, um monstro sedutor, instigadora de um crime e a verdadeira assassina ou seria apenas uma vítima involuntária, forçada e ameaçada a ficar em silêncio pelo verdadeiro assassino por temer por sua vida? De qualquer forma, talvez a resposta para isso seja menos importante do que que discussão social e o retrato de uma época que autora se propõe a mostrar nesta obra que mostra Atwood em seu auge como escritora.