Resenhas - Loira suicida

Luciana 09/04/2021

Pessoas com questões familiares mal resolvidas, com a cabeça fudida tentando se encontrar de alguma forma, ou fingindo que se encontrou. Basicamente isso.

Adriano 06/04/2021

Um bom livro
Alguns pontos sobre Loira Suicida

Primeiramente o que me chamou a atenção e me ganhou foi a capa.

Nessa foto temos Candy Darling, atriz transexual e uma das estrelas dos filmes de Andy Warhol. Musa de músicas (Walk on The wild side e Candy says) que amo.

Mas paramos por ai.

No livro acompanhamos Jessi e sua jornada de descobrimento no anos 90. Literatura marginal e queer.

Algums aspectos da história são subentendidos, sempre ficam soltos no ar.
Foi escrito no anos 90, no calor do momento, por isso acho que o impacto da leitura seria maior para que leu na época e não 30 anos depois.

Diversos gatilhos, violência, drogas, violência sexual...


Foto da capa: candy darling on her deathbed 1973

Geórgea 25/06/2021

Loira Suicida
Jesse tem quase 30 anos e ainda vive de maneira errática pelo mundo na São Francisco, dos anos 1990, ela divide um apartamento e a vida com o namorado, o enigmático Bell, um aspirante a ator. Os dois vivem altos e baixos, principalmente após receberem um convite de casamento de um ex-namorado de Bell. Ao que tudo indica, o namorado da jovem ainda sente algo pelo antigo caso.

“Havia algo rígido em mim que fazia questão dele, não importava quão constrangedor fosse.”

Dividida entre buscar amor do namorado, aprovação dos pais e trabalhar como ajudante de uma rica senhora, a madame Pig, a vida de Jesse segue sem esperar a mudança que virá.

Minha Opinião

Aqui está um livro que vai te prender em poucas linhas. Ele é curto, menos de 200 páginas, e é tão envolvente e inebriante que você nem verá o tempo passar durante a leitura. A curiosidade vai conduzindo a narrativa e te transportando para essa época, nesse lugar tão exótico e interessante.

A história é narrada em primeira pessoa, por isso, só sabemos o que Jesse está disposta a nos contar. Ela é uma personagem peculiar que vai dividir opiniões. Notamos que a carência que ela sente vem desde os tempos de criança e, sua necessidade de aprovação, remota de quando ela ainda era muito jovem. Com o passar da leitura, vamos descobrindo mais sobre o seu passado e tentamos entender como ela foi parar em um lugar tão inóspito e distante do que ela foi criada. Afinal, seus pais eram de classe média e o pai era um ministro da Igreja Luterana.

“Já fazia vinte e quatro horas que ele tinha saído. Houve um tempo em que eu achara charmoso esse seu hábito de sumir por aí, mas de repetente aquilo me parecia masoquismo. Eu não queria ser uma daquelas viciadas em indiferença.”

Outro personagem que nos intriga é Bell. Ele é daqueles namorados nocivos, tóxicos e que a tratam de maneira vil. No entanto, ela não consegue se desvencilhar da relação e parece cada vez mais envolvida com ele. Isso nos faz levantar questionamentos e visualizar algumas relações de outros ângulos. Compreendemos que, muitas vezes, alguma decisões são tomadas no impulso e não podemos julgá-las. Todos já tomamos decisões erradas.

Além disso, a relação do casal merece uma análise. Eles parecem tão envolvidos em fazer sofrer um ao outro, que não percebem o quanto estão afundados em um relacionamento sofrido, sem perspectiva e motivado pelo rancor. É muito intensa a forma como eles levam a relação e como demonstram sentimentos. A todo o instante eu me perguntava quando eles perceberiam isso.

“O problema de ser uma mulher moderna, pensei, enquanto a porta da frente se escancarava, é que você tem que fingir ser mais forte do que é.”

Neste livro, adentramos num mundo completamente diferente do que estamos habituados. Figuras dúbias, únicas e ricas completam a narrativa. Elas são cheias de histórias, possuem os seus próprios fracassos e demônios para exorcizar. As descrições do ambientes e pessoas são muito bem detalhadas e decrépitas. Ficamos chocados e fascinados por essa trama tão incomum. Minha única ressalva foi que eu queria mais desta história. Eu poderia passar horas desvendando o passado de Jesse, ouvindo todas as histórias que ela já viveu e juntando cada peça desse quebra-cabeça. Um livro que te deixa triste e reflexivo. Já conhecia essa história?

site: https://resenhandosonhos.com/loira-suicida-darcey-steinke/

Josiane PADIAR Zoch 25/05/2021

Tudo acontece nos anos 90.
Jesse namora um homem bissexual que, ao que tudo indica não sente mais o que sentia por ela. Na verdade, Jesse é loucamente apaixonada por Bell e, este nunca esqueceu seu antigo amor, Kevin, que no período que se passa a história do livro, a informação é que Kevin vai se casar com uma mulher. E isso faz Bell se distanciar de Jesse, assim como, Bell tem uma mágoa muito grande, com relação a seu pai, que o perturba muito.
Jesse, muito triste, se joga na cultura queen undergound daquela época. Passa a frequentar lugares onde rola muito sexo, drogas e situações sem vínculo afetivo nenhum. Nesse período, ela tenta entender melhor a si própria: ela foi filha de um pastor e de uma mãe submissa, chega a conclusão de que muito do que ocorreu em sua juventude a fez tomar as decisões atuais.
Durante esse afastamento de Bell, o lapso temporal é bem curto, ela conhece Pig, uma senhora de muitas posses financeiras e, através dela aparece Madison, muito misteriosa. Jesse chega a ficar obcecada por Madison, mas não esquece Bell.
Em uma atitude doentia ela vai atrás de Kevin, para conhecer seu grande rival.
O grande desfecho da história ocorre quando Jesse volta para Bell. Um livro perturbador, muito pesado, com muitos gatilhos.

Camila Faria 21/12/2021

Jesse é uma jovem de 29 anos que vive intensamente o underground e as esferas mais baixas de uma San Francisco dos anos 90, sempre envolta num submundo de drogas e relacionamentos confusos e violentos. O livro é uma sequência de relatos de Jesse, quase um diário da protagonista, onde ela narra sua vida errática em primeira pessoa. Esse universo caótico é muito bem construído pela autora, um prato cheio para quem curte esse realismo trash, cheio de angústia e sexo perverso. O que me pareceu mais real no romance foi o relacionamento (triste e tóxico) de Jesse com o apático Bell, seu namorado bissexual, deprimido após receber o convite de casamento do seu primeiro amor. Já outras situações específicas vividas pela protagonista me pareceram surreais demais, estilisticamente construídas para “chocar” ~ e talvez por isso eu não tenha me conectado tanto com a leitura. O ponto alto da narrativa (e o motivo do livro ser considerado um clássico feminista) é que Steinke conseguiu criar uma personagem feminina em busca de identidade, profundamente solitária e confusa, mas que não desiste de correr atrás e saciar os seus desejos mais profundos.

site: https://naomemandeflores.com/os-quatro-ultimos-livros-31/

pinksuricato 07/09/2021

Loira Suicida e os anos 90
Um leitura rápida e crua, "Loira Suicida" é um livro perfeito para quem está saindo de uma ressaca literária ou apenas nostálgico quanto a contra-cultura dos anos 90. Intenso, achei difícil me entediar com a história, pois a narrativa flui de forma natural e conta bastante com ações confusas de uma protagonista antipática (e igualmente confusa) ? o que, para mim, foi um ponto positivo.
Lançado originalmente em 1992, o livro se torna datado em alguns pontos ? sendo um deles, por exemplo, a forma como a bissexualidade de Bell é tratada, além de outros questionamentos que, talvez, não fossem tópicos de um livro lançado atualmente. Porém, o livro ganha pela forma como aborda o amor (auto) destrutivo de Jesse, além da ambientação da história: a San Francisco do início dos anos 90.

Raynara Voltan 24/09/2023

Se você gosta de literatura queer ou se você é uma gay tentando se encontrar no mundo ou se você gosta de LIVRO FODA leia loira suicida.

- se eu tivesse coragem de cortar os pulsos será que me daria ao trabalho de ainda descolorir os cabelos???????

Zeka.Sixx 04/08/2021

Medo e delírio em São Francisco
Este romance, que se tornou cult quando lançado originalmente, em 1992, narra a história de Jesse, uma jovem de 29 anos, sem rumo na vida, que mora em São Francisco. Em crise em seu relacionamento com Bell, um deprimido bissexual aspirante a ator, Jesse entra em uma jornada de "medo & delírio" pelas noites alternativas da cidade, transando com desconhecidos, bebendo, se drogando e trabalhando em boates de strip-tease.

Com uma relação conturbada com a mãe, uma perua caipira que nunca aceitou ter sido abandonada pelo marido, Jesse tenta juntar os cacos de sua vida, enquanto questiona o establishment, a própria sexualidade, seus ideais de felicidade, buscando não apenas fazer as pazes com seus amores mas, acima de tudo, encontrar amor-próprio.

É um livro com diversas passagens cruas, de sexo explícito, mas que carrega um verve muito poética, em uma atmosfera que muitas vezes flutua entre o sonho e o pesadelo. Um romance sobre ser jovem, sobre buscar se encontrar em meio ao caos, recheado de reflexões interessantes, escrito de maneira lindíssima. Não acho que vá "clicar" para qualquer leitor, mas me fisgou em cheio. Daria um ótimo filme alternativo.

"A história de Adão e Eva tem menos a ver com o mal do que com a tristeza cósmica humana de que relacionamentos nunca são totalmente francos, nunca são puros o suficiente".

Maria Eduarda 28/10/2023

Nao consigo digerir
O livro mais perturbador que ja li em toda minha vida! nao sei quanto tempo vou levar pra digerir e entender tudo que eu li nessas paginas, simplesmente a coisa mais nu e crua que eu ja li, o final eu ja previa, porem, meu deus do ceu tudo é uma loucura, sao os personagens mais pertubadores que ja conheci.

Yasmin Damaceno 28/11/2023

Que livro intenso. Uma leitura profunda e filosófica, focando em assuntos importantes e emocionais. Não esperava isso do livro me surpreendi positivamente . A escrita excelente, é um livro curto mas cheio de informações

Isabella 16/10/2021

absurdismo realista
Eu amei esse livro. Achei lindíssimo. Esse eu realmente fui convencida pela capa, pq com Candy Darling na primeira capa e Maggie Nelson na quarta capa, seria muita sacanagem ser um livro ruim. Ele foi lançado em 1992 e virou um livro importante para a contracultura e o feminismo nos EUA, mas só foi traduzido para cá esse ano. É um livro curto e pesado, ele passa por muitas coisas que podem funcionar como gatilho. O ritmo narrativo é muito rápido, então a leitura flui muito bem e dá pra terminar em poucos dias. Vi uma pessoa dizendo que não gostou pq tinha "só sexo, sem história" rs de fato não acho a maior qualidade do livro esteja na narrativa, mas na forma que a gente vai sendo transportado por algo que flutua entre o sonho e o pesadelo. Outras críticas achei igualmente descabidas, como o livro ser ultrapassado pela forma que o "divórcio" e a bissexualidade são tratados... primeiro que o que não acontece com a mãe da menina não é exatamente um divórcio, é um abandono, um abandono por ela se tornar velha e gorda. E a relação que Jesse estabelece com a sexualidade do Bell é baseada no medo de sofrer o mesmo abandono. Não é uma ojeriza gratuita, é uma ambivalência absoluta que se instala na personagem por ela se identificar com a bissexualidade mas, ao mesmo tempo, temer reproduzir a vida da sua mãe mesmo em um contexto tão radicalmente diverso. A forma que Darcey Steinke cria imagens e o modo que a cabeça da protagonista funciona me lembrou muito A redoma de vidro (que é outro que muita gente desgosta). Tanto essas imagens quanto a protagonista funcionam em algo muito próximo do nonsense e do excesso, acho que dá pra dizer que o abjeto (enquanto conceito) atravessa todo o livro. Gosto dessa sensação de ser guiada por um processo quase de enlouquecimento, mas que tá mais próximo de um absurdismo realista. Fora que é incrível o contexto de subcultura da década de 90, acho que várias mulheres que foram adolescentes rebeldes dessa época devem ter passado pelo apaixonamento do boy andrógino como o que é retratado no livro ahuehe Acho que consegui enxergar vários colegas dessa época nesse personagem. E também foi muito bom ler ele enquanto eu lia Itziar Ziga, acho que as autoras conversam bastante.