spoiler visualizarMandy_Abreu 14/11/2024
Continue estendendo a mão
Vi uma resenha dizendo que só gosta da Nestha quem já passou por traumas ou é babaca que nem ela e eu realmente não vejo assim. Nestha é simplesmente um ser humano (nem tão humano), com defeitos, que não lida com as dificuldades e traumas como as pessoas esperam que alguém lide.
Cada uma delas tem uma personalidade completamente diferente, sentem diferente, agem diferente. Feya é a coragem em pessoa, a que resolve, a que faz o que ninguém quer fazer. Elain é a doçura, a ingenuidade, aquela que as pessoas esperam que não vai enxergar perigo a sua frente e que precisa ser cuidada o tempo todo (talvez isso mude como Ryhs percebeu). Neshta é a fúria, a raiva, o ódio personificado. Não por ser uma pessoa ruim, mas por enxergar o quanto sua vida foi ruim, mesmo quando eles tinham dinheiro e sua mãe com ela, a única que se "importava" com Nestha. O quanto tudo poderia ser diferente, o quanto aquilo afetava eles e o pai delas não se importava em resolver.
É claro que ela poderia ter agido de formas diferentes, nós sempre podemos agir de formas diferentes nas situações da nossa vida. Mas ela não consegue falar sobre seus sentimentos, ela não sabe manter as pessoas perto porque não aceita que merece ter isso. Ela não enxerga o quanto ela é importante e o quanto ela merece aquilo como qualquer outra pessoa, porque ela não consegue se perdoar pelos erros, pelo que ela não fez quando ela poderia fazer. Ela tem traumas e inseguranças que uma boa terapia que infelizmente não existia ali ainda poderia ter resolvido em várias sessões.
Esse livro me mostrou como muitas vezes pessoas como ela só estão pedindo socorro, porque não conseguem enxergar uma saída pra elas. Óbvio que na vida real nem tudo são flores, ninguém é obrigado a aguentar tudo isso até porque no fim pode não ter um final feliz, infelizmente não vivemos em um livro de ficção que pode se dar esse caminho. Mas nesse livro eles resolveram continuar estendendo a mão pra ela, e ela aceitou.