Aisha Andris @AishandoBooks 20/07/2021
Não é uma série perfeita, mas é absolutamente deliciosa de ler
A história se passa num futuro distante, em que a humanidade praticamente drenou as reservas naturais do planeta e deixou o mundo à beira do colapso. Nesse cenário, surgiu um grupo que tomou o poder com a promessa de resolver as coisas, o Restabelecimento. No entanto, eles só estavam interessados em dominar e explorar as pessoas mesmo, não pensando no bem de ninguém além do deles.
Nesse cenário caótico, nós acompanhamos Juliette, uma garota de dezessete anos que está presa há quase um ano num hospício, após matar acidentalmente um garotinho com seu toque, que por algum motivo é letal a todos. Lá ela é mantida em completa solidão e submetida a todo tipo de tortura física e psicológica, a única coisa que a impede de enlouquecer é um diário que ela mantém escondido dos seus algozes.
Certo dia, a rotina dela sofre uma mudança brusca quando prendem um garoto na mesma cela que ela. No passado, ele foi a única pessoa que a tratou com alguma humanidade, o que fez com que ela desenvolvesse um carinho especial por ele, e o tempo compartilhado na cela os aproxima mais uma vez. Só que ele não passa de um agente enviado pelo Restabelecimento, que planeja usá-la como arma, um destino que vai contra a vontade de Juliette, que não quer se sentir um monstro.
“Estilhaça-me” é a prova viva de que uma história não precisa ser perfeita para ser maravilhosa. A Tahereh Mafi tem uma escrita que não me agradou tanto, e o cenário distópico não é tão explorado como deveria, mas duas coisas fizeram com que eu me envolvesse completamente com a leitura: os personagens, que são tão cativantes que é impossível a gente não se apegar a cada um, e o romance arrebatador que é construído livro a livro, então, se vocês não curtirem em “Estilhaça-me”, continuem a leitura que as coisas só melhoram. Eu amei acompanhar o crescimento da Juliette, da garota retraída que teme os próprios poderes à garota forte, que aceita quem é e sabe que pode mudar o mundo. A história também ganha pontos por conta da representatividade que carrega, algo que é sempre positivo de encontrar.
Eu curti todos os livros e as novelas, mas o primeiro volume, “Estilhaça-me”, foi meio mediano para mim e até chato em alguns momentos, porque a Juliette me irritava com a pena que sentia de si mesma e o medo que tinha dos próprios poderes, e o romance também era bem morno, mesmo eu gostando do Adam; já o Aaron era ranço total. “Destrua-me” foi bem mais legal, porque é sempre interessante ter o ponto de vista do “vilão” e ver que ele não é tão malvado quanto pensamos. Em “Liberta-me”, as coisas melhoraram bastante, e a Juliette cresceu muito ao longo da trama, mas ainda fiquei com o pé atrás com o Aaron, porque não via sentido nenhum na relação dele com a Juliette. Achei meio forçado. “Fragmenta-me” foi ok e serviu bem para ver como funcionava a mente do Adam e quais eram suas prioridades. Só que “Incendeia-me”, meus amigos, foi simplesmente MARAVILHOSO! O crescimento da Juliette foi gigantesco, finalmente ela virou uma personagem que dá gosto acompanhar. O Aaron também me conquistou e acabei terminando o livro completamente apaixonada por ele.
“Estilhaça-me” foi originalmente criada para ser uma trilogia, mas ainda bem que a autora decidiu criar mais três livros. Já vi muita gente dizer que não curtia essa segunda parte ou que ela era desnecessária e super respeito a opinião deles, mas discordo completamente. Esses livros expandem o universo de uma forma incrível, resolvem muitas pendências e trazem revelações e plots twists chocantes, mostrando que conhecíamos apenas a pontinha do iceberg. Não posso falar muito sem dar spoiler, então vou dizer apenas que adorei saber mais sobre a base do Restabelecimento e senti um prazer imenso em vê-lo cair. Não vou mentir e dizer que a série teve o melhor desfecho, porque algumas coisas se resolveram fácil demais, na minha opinião, e outras não fizeram tanto sentido, como as atitudes do grande vilão em relação à Juliette, mas a Tahereh Mafi entregou tudo, tudo que eu queria, então não vão me ver reclamar por aqui. E as duas novelas no ponto de vista do Kenji foram tudo para mim, porque ele acabou se tornando meu personagem favorito ao longo da série e foi uma delícia saber mais e mais sobre ele. Quando ele ganhou ponto de vista nos dois últimos livros, eu só comemorei.
Eu acho que “Estilhaça-me” é uma ótima dica para quem quer começar a ler distopia. É uma série simples, com livros curtos e super fluidos que a gente devora depressa e mantêm nosso interesse do começo ao fim.
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