dudinharoan 15/12/2022
Honey Girl e Champagne bubble girl ?
Elas são como Sol e Lua, como princesa Jujuba, e são o casal mais lindo que já vi.
Nesse livro, as protagonistas são Grace e Yuki, mas o foco é na vida da Grace, que luta pra se descobrir quem é em meio a um mundo completamente conturbado planejado pelo pai, um coronel aposentado extremamente rígido, que deixa a vida da filha igualmente rígida. Num momento de explosão emocional causada pelo estresse de, pela primeira vez, não cumprir os planos que tinha pra sua vida por causa do casamento repentino com Yuki, ela realmente chuta o balde e joga tudo pra cima quando decide conhecer a tal garota, vendo ela pela primeira vez depois do casamento bêbado da noite em Las Vegas. No encontro, as duas se apaixonam, se amam, compartilham até escova de dentes, até o momento em que suas ideias convergentes sobre ideais de vida resultam numa discussão, já que a Yuki nunca foi parte do plano de vida da Grace e do que "é melhor pra ela" e ela passa a se ver extremamente confusa sobre todo o seu futuro, porque todas as suas certezas se foram. Por isso, na busca pela própria vida fora do "sempre mais difícil" planejado pelo pai, Grace busca a mãe, que sempre morou longe. Quando a coitada encontra algum tipo de paz e começa a frequentar terapia, ela começa então a entender melhor seus limites, seus sentimentos e o que fazer com eles, ao invés de sempre ignorar tudo com medo de falhar na caminhada pelo futuro perfeito e impossível. Quando finalmente ela se sente pronta pra conversar com a querida, ela se abre tal qual uma flor na primavera, e tudo floresce. A conversa com o pai também não tarda a chegar, e tudo corre como esperado.
Primeiro de tudo, é um livro incrível por ter protagonismo lésbico, isso pra mim basta, já que não existe ainda variedade suficiente nesse assunto. Não só isso, ele é perfeito porque sua história não se concentra só em homofobia e finais tristes; é um livro normal, lindo, feliz e até bem clichê (de um jeito confortável e gostoso, não chato e previsível), mas o casal é lésbico, e essa é a única diferença pra um comfort book "normal". Apesar das duas terem personalidades, rotinas e origens completamente diferentes (por isso também gostei tanto do livro, cada um tem sua vida, sua rotina e nada para por causa do romance) o sentimento que elas compartilham juntas é justamente o foco do livro: a busca pelo entendimento de nós mesmos, como "monstros e criaturas solitárias", num mundo tão vasto e geral, no qual somos incrivelmente insignificantes. É o que o capitalismo faz, não é mesmo; se torna responsável por nos proporcionar experiências e sentimentos terríveis como seres comuns na Terra, tentando buscar sermos especiais num lugar que claramente não somos, e o que essa busca constante nos faz quando paramos pra pensar no que nossa vida virou.