Cris 13/10/2024
Não MUITO bom mas sempre um bom livro.
Minha história com a Anne é antiguinha e se deu em 2017 quando a Netflix adaptou a coleção de livros de Lucy Maud Montgomery publicados a partir de 1908. E por motivos que até hoje desconheço, a série foi cancelada e tive de recorrer aos livros a fim de continuar a linda e poética história da ruivinha de Green Glabes.
O sexto livro da série, 'Anne de Ingleside' traz em seu enredo a vida da Anne já com os seus aproximados 40 anos e casada com o Dr. Gilbert. Juntos, eles têm 6 filhos pequenos e o foco do livro é justamente esse: toda a infância e começo da pré-adolescência dos filhos do casal Blythe. A cada avançar de capítulos e com uma narrativa em terceira pessoa, conhecemos um pouquinho de cada um e a Anne acaba ficando em segundo e até terceiro plano preparando então o leitor para os próximos livros que serão voltados integralmente para sua descendência pelo que deduzi.
(...) Era a vida. Alegria e sofrimento? esperança e medo? e mudança. Sempre mudança! Era inevitável. Era preciso deixar o velho ir embora e receber o novo em seu coração? aprender a amá-lo e depois também se despedir dele.
Terminar qualquer livro do universo da Anne sempre será uma experiência enriquecedora pois as lições presentes na história nutrem o espírito e aquecem o coração. No entanto, este em específico não me agradou tanto, senti que o enredo em si foi um tanto desinteressante embora bem estruturado. Seus personagens secundários também não me interessaram tanto apesar de serem bem apresentados. Bem, estou ciente de que, cada vez mais a Anne ficará ausente da trama para dar foco aos seus filhos, mas, o livro anterior ( Anne e a Casa dos Sonhos) entregou muito mais que este. Claro que me diverti ao ler as traquinagens das crianças, claro que entendi o fio da meada, contudo, o meu lado romântico e sentimental sempre ficava esperando as migalhas do casal, afinal de contas, eles demoraram DEMAIS para enfim ficarem juntos, sendo assim, acho que merecia mais, dona Lucy Montgomery rs.
Por mais que tenha mais alguns apontamentos, considero 'Anne de Ingleside' um bom livro, a narrativa floreada e escrita de fácil entendimento ajudam bastante e acabam se sobressaindo quando me refiro a uma trama que não enche os olhos. E para falar a verdade, o sentimento de pertencimento fala bem alto pois conheci a falante órfã quando ela tinha apenas11 anos e hoje, a jovem senhora está casada e com a casa cheia de filhos. Enfim, acho que sou vendida quando o assunto é romance de formação, e se você é assim como eu, comece este livro e faça parte dessa história que, sim, deixará muitas saudades. ?
(...) Ela se afastou da janela. De camisola, com o cabelo preso em duas tranças, parecia a Anne dos tempos de Green Gables? dos tempos de Redmond? dos tempos da Casa dos Sonhos. Aquela luz interior ainda brilhava dentro dela. Ouvia o som da respiração das crianças através das portas abertas. Gilbert, que raramente roncava, agora estava roncando. Anne sorriu. Pensou em algo que Christine disse. Pobre Christine sem filhos, disparando seus dardos de deboche. - Que família! - Anne repetiu, exultante.