Pessotti 12/02/2022
Carta a Anne Shirley
Piracicaba, 12 de fevereiro
Minha estimada amiga, Anne, pensei em te escrever na forma de suas lindas histórias sobre a princesa Cordélia, com episódios trágicos, dramáticos e muito românticos, porém após ler Windy Poplars e apreciar as suas magníficas cartas ao seu querido e tão amado Gilbert, não pude deixar de me inspirar e lhe escrever por meio de uma correspondência (a palavra correspondência traz sentimentos de mistério e encanto, você não acha?). Minha querida, o lugar em que estou neste momento, te escrevendo, não se compara a Green Gabes ou England, mas é um lugar que tem suas belezas. Aqui tem uma cachoeira esplêndida conhecida como Véu da Noiva, não é encantador este nome? Também temos um espaço chamado ESALQ que é abrigo de muitas árvores, flores e animais, o nome não é muito romântico então prefiro seu apelido de Gloriosa (se você viesse aqui um dia com toda certeza te apresentaria a esse lugar mágico, onde sonhos se realizam e nosso coração sempre está conectado com a beleza que a natureza nos proporciona). Falando um pouco de minha casa, ela não tem um nome definido mas, parando para pensar poderia ser colocado de Amantes desafortunados. Isso porque o casal que morava aqui antes de minha família só vendeu a casa pois romperam com o casamento (triste, porém é até poético). Bom, Senhorita Shirley, ou eu devo te chamar de Senhora Blythe (te conheci com tantas idades e em fases diferentes que até me perco), você deve estar se perguntando o motivo de escrever essa carta. Posso te afirmar que meu único propósito é de te agradecer! O seu olhar sobre o mundo me ensinou a buscar o encanto da vida. Um simples lago se tornava o Lago Cintilante, uma simples primavera era vista como possibilidades de amores nascerem, uma simples flor ganhava o título de morada de lindas fadas e aaah como me esquecer do cemitério, que se tornava lugar de admiração das muitas histórias que ali eram enterradas. Minha confidente, e quem sabe se Diana não ficar com ciúmes, minha amiga do peito, os seus valores sobre amizade, família, feminilidade, estudo, amor cortês, matrimônio e maternidade sempre serão lembrados por mim, posso te jurar solenemente enquanto houver um sol e uma lua. Obrigada por encerrar seu último livro me apresentando a maior benção que podemos ter, a nossa família. Tenho certeza que em cada ?mamãe? e ?minha menina?, a Senhora se lembra do Criador e é grata pelo privilégio de viver amores tão diferentes mas tão reais e intensos. Finalizo desejando que sua história voe para novos lares. Minha querida Anne não fique triste, isso não é uma despedida. Vou te encontrar novamente! Estarei com alguns anos a mais e dessa vez terei uma companheira, uma menininha, que em meu colo também irá aprender a apreciar o belo da vida.
Sua tenra e leal amiga,
Vitória Pessotti