Giselle 21/06/2021
Uma crítica sutil ao imperialismo
O conto, escrito por Sui Sin Far, pseudônimo de Edith Maude Eaton, se utiliza de assuntos amplamente debatidos em nossa sociedade, como a essência do amor, o casamento e as diferenças culturais, para discutir questões mais delicadas, principalmente para a época em que foi publicado: a xenofobia.
Filha de um britânico com uma chinesa, a autora se dedicou a escrever sobre a experiência e o tratamento que os imigrantes chineses recebiam nos Estados Unidos durante a época em que a exclusão chinesa era lei. E, quando o conto foi publicado, em 1912, essa lei, que proibia a entrada e cidadania de chineses no território estadunidense, ainda estava em vigor.
No conto, conhecemos a Sra. Spring Fragrance, uma mulher chinesa de posição social elevada que se muda para os Estados Unidos ao lado de seu marido, um importante comerciante, também chinês, e como os dois se adaptaram ao país. Enquanto o marido se manteve parcialmente conservador aos costumes chineses, a esposa se transformou em uma verdadeira americana.
Não dei muita importância ao romance no enredo, o que me conquistou no conto foi seu valor satírico. Em um trecho marcante, a autora critica explicitamente os ideais imperialistas de liberdade vendidos pelos Estados Unidos, ou pela “América, a protetora da China!” que fascinam a protagonista, levando essa a perdoar as opressões sofridas pela sua família dentro do país em troca da “liberdade” e da “proteção”.
Eu gostei demais do conto, e me impressionei com a quantidade de ideias que foram passadas com tamanha genialidade em uma história tão curta. Minha leitura levou aproximadamente 30 minutos, mas me impactou tão positivamente que resolvi levar minha assinatura da Sociedade das Relíquias Literárias adiante com a esperança de continuar sendo surpreendida pelos próximos lançamentos.
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