Contra a moral e os bons costumes

Contra a moral e os bons costumes Renan Quinalha




Resenhas - Contra a moral e os bons costumes


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@lucasmascarenhas 20/07/2024

Relatos do clima de medo generalizado com a presença ostensiva das forças de segurança, junto com o conservadorismo moral alçado à política oficial e o estigma social. Um amplo e complexo aparato de repressão e perseguição a dissidentes.
O Estado brasileiro adotou um plano sistemático de perseguição tortura e desaparecimento de homossexuais, se utilizou de uma ideologia da intolerância materializada na perseguição e na tentativa de controle de grupos sociais tidos como ameaça ou perigo social, por meio da criação da figura de um inimigo interno (ao associar a homossexualidade a uma forma de degeneração e de corrupção da juventude).
?A politização do corpo e da intimidade contestava a tradicional distinção entre público e privado, afirmando a autonomia, o desejo e o direito ao prazo como reivindicações centrais na esfera pública? p. 23
O movimento lgbt assim surgiu nas tensões e brechas da repressão do regime, suas formas de existência e de resistência.
?Lgbts eram presos arbitrariamente, extorquidos e torturados pelo fato de ostentarem em seus corpos, os sinais de sexualidade ou de identidade de gênero dissidentes? p. 27
?Enquanto alguns homossexuais e bissexuais com melhores condições econômicas e culturais, geralmente enrustidos e com vida dupla, integravam-se à cidadania pela via do mercado de consumo e pelo acesso à empregos formais no mercado de trabalho, lgbts pobres que não tinham a mesma sorte eram enquadrados como vadios , mesmo que portassem carteira de trabalho sem nenhum direito de defesa? p. 32
?Mais do que interditar e silencias as homossexualidades, a ditadura modulou uma série de discursos positivamente normativos que decantavam socialmente determinas representações dos homens que amavam outros homens e das mulheres que amavam outras mulheres? p. 33/34
?Apesar dos avanços, nas últimas décadas, no sentido de assegurar cidadania para as minorias sexuais, nosso país ainda ostenta índices alarmantes de violência contra a população lgbt. Por detrás da narrativa autocomplacente de um Brasil que carnavaliza os desejos e que se apresenta como um paraíso sexual repousa o apagamento de hierarquias e exclusões que estruturam e atravessam nossas experiências sexuais, afetivas e identitárias? p. 40.
?Homossexuais, travestis e prostitutas? Constantemente assediadas por batidas polícias seguidas de prisões arbitrárias, pela prática das mais diversas formas de torturas físicas e psicológica, pela extorsão e por outros métodos de violação de direitos humanos de uma população marginalizada? p. 41
?Tal imposição de isolamento e confinamento de homosexuais em guetos ostensivamente vigiados e rotineiramente abordados por forças de segurança pública não foi algo inaugurado pela ditadura. Contudo, a acentuada centralização do poder, típica dos regimes autoritários foi conjugada com a estruturação de um mosaico repressivo em que o policiamento cumpria uma função essencial em espaços públicos como as ruas. Ao lado da espionagem, da censura e da propaganda, a polícia política se constituiu como um dos pilares da atuação estatal? p 41
?A violência de Estado institucionalizou se como uma autêntica política pública e passou a atingir também os setores que se levantaram contra a ditadura. Com isso, a prática generalizada de desaparecimentos forcados, execuções sumárias, ocultação de restos mortais, inúmeras outras violações de direitos constituiu um repertório extenso de abusos de um circuito traçado pelo poder torturador contra os subversivos os políticos? p. 42
?A polícia prende os homossexuais por puro sadismo, exibicionismo e falso moralismo? p 46
?A violência desencadeada por um organismo estatal serviu de forma clássica como unificador de movimentos sociais? p 79
?Uma política específica de regulação dos desejos, dos corpos e dos afetos por parte da ditadura brasileira? p. 97
?Onde há poder há resistência? p. 99
?O quando a ditadura estimulou a formação de resistências em diversos setores sociais e como ela pode ter sido, inclusive responsável pelo perfil fortemente antiautoritário que marcou a primeira onda do movimento homossexual? p 99
?Um senso de conectividade senão um tipo de comunidade em formação, em que as pessoas se identificaram, compartilharam códigos, comportamentos e costumes, ainda dentro de uma semi clandestinidade imposta graças à marginalização social da homosexualidade? p 100
?Havia o peso do machismo que confinava as mulheres no espaço doméstico, além do controle mais duro das sexualidades femininas por uma moral conservadora que as reduzia à figura de mães? p 100
?Era preciso compreender as relações existentes entre a opressão do homossexual, a repressão policial, a exploração no trabalho, a discriminação racial e o machismo que a maioria da população sofre, com uma perspectiva marcadamente interseccional com os demais grupos vulneráveis? p. 134
?Diversão de clowns? homossexuais? p. 188
?As garantias de união estável e casamento homoafetivos (2011/2013), de ado adoção (2015), de mudanças de prenome e sexo nos registros de pessoas trans (2018), a criminalização da lgbtfobia (2019), e o fim da restrição à doação de sangue por homens que fazem sexo com outros homens (2020) inserem o Brasil em uma seleta lista de países que asseguram, ao menos oficialmente, os principais direitos de orientação sexual e de identidade de gênero. Com efeito, a luta contra a violência e o preconceito, o casamento igualitário para homossexuais e a mudança de nome e gênero pelas pessoas temas nos documentos têm sido as bandeiras centrais desse movimento social nas últimas décadas? p 275
?Há uma precariedade e uma fragilidade nas políticas de diversidade, pois a alteração de uma decisão do judiciário ou de uma norma do Executivo é mais simples e fácil de ocorrer do que a mudança de uma lei em sentido formal que demanda uma maioria parlamentar, além de estar sujeita a controle judicial. Além disso, nota se cera inconsistência e falta de regularidade na atuação estatal, pois as políticas públicas se modificam a depender do chefe do Executivo ou dos membros das pastas responsáveis pela implementação, comprometendo sua continuidade e efetividade? p 276
?A situação vivida no Brasil atualmente remete à lgbt fobia institucionalizada da ditadura, reeditando discursos contra minorias sexuais e episódio de censura desde o Estado? p 283.
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Lucas 12/04/2024

Importantíssimo no resgate de uma história recente e pouco falada, com especial ênfase no jornal Lampião da Esquina. Ele deixa um gosto amargo quando chega nos anos do governo genocida e percebemos as mesmas táticas em defasa da [falsa] moral, da família etc. Militar é uma m****!

?Só ando com gilete. É a minha defesa contra a polícia.?
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Anna.Beatriz 13/07/2023

Importante recorte
Um livro muito bom sobre um recorte que não deve ser esquecido desses tempos sombrios do nosso país. Tem uma pegada bastante jornalística e eu curti, é um material documental mesmo, com bastante referências. Interessante leitura e fonte de repertório pra quem pesquisa sobre o assunto.
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@somaisesseparagrafo 01/07/2022

Leitura obrigatória para todo mundo, LGBTQIA+ ou não.
São poucas as páginas deste livro, que faz parte da coleção ?Arquivos da repressão no Brasil?, para a quantidade de informações impressionantes.

Não poderia esperar menos do que isso de um autor tão competente quanto Renan Quinalha.

Sua pesquisa foi profunda e repleta de embasamento acerca de um período macabro na história do nosso país: a ditadura militar e o seus anos de machismo, homofobia, censura e violência.

Quando comecei a leitura pensei que se trataria de um livro muito denso pra mim (que não sou mais acostumada com uma não-ficção tão próxima da escrita acadêmica), mas me surpreendi. A cada capítulo eu me senti mais forte na luta contra a repressão para jamais permitir que esses tempos se repitam.

Fui inundada pela indignação e tristeza quando li os absurdos que a polícia cometia contra homossexuais, mas também pela alegria devido à ousadia em que a comunidade LGBT (ainda engatinhando como movimento) dava a cara à tapa em protestos, encontros e no incrível jornal Lampião da Esquina (título este que ironizava o cangaceiro machão que representava tão bem a virilidade na época).

Ansiosa pra ler a última publicação de Renan. Esse aqui com certeza é um dos livros mais preciosos que já li ??
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Jeferson.Gomes 25/02/2022

INQUÉRITO - SOMOS E EXISTIMOS.
Sair trajado de si mesmo é criminoso. Gestos delicados e manifestações de carinho são subversivos. A liberdade é exaurida e torturada até esvair a vida.

O submundo é a noite. Um lugar em que se possa fechar a porta sem precisar olhar o mundo. Ás vezes, é preciso sair para respirar.

Os cumprimentos não existem. Os encontros marcados e distribuídos em jornais não avisam. A censura não permite que a peruca seja reconhecida.

Na prisão, os hormônios não identificam. Ninguém tem razão e nem religião na inscrição. Com sorte, um corte, pode o livrar do declive, estrada e oportunidade.

A perseguição faz sua decomposição. Pedaços de vida são espalhados na Boca do Lixo, Lapa e no Ferro's Bar. O Lampião ilumina a Esquina, quando a visão se fecha na escuridão.

O amor da "Família" não aceita a descoberta e o sexo que não esteja à venda na bilheteria ou na capa de revista. A nudez é grotesca, e um luxo na reprodução.

Não Somos e não Seremos, ao instituir, o que não se deve ser. Não nascemos, e "O Crime de Aborto" só é aceito, quando não se reconhece e não são emitidos, documentos.

site: https://www.instagram.com/meuslivros.minhaleitura/
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