Laranja Mecânica

Laranja Mecânica Anthony Burgess




Resenhas - Laranja Mecânica


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Jessé 07/12/2020

Não foi pra mim!
Os fãs desse livro que me desculpem, mas não gostei. Não vi nada de mais como alguns dizem. Em algumas partes achei esse livro raso, bobo e infantil.

O dialeto Nadsat não foi um problema porque com o tempo vc se acostuma. Mas o problema é que chegou um momento do livro que eu só conseguia achar esse modo de falar, um tanto quanto tonto e isso só me fazia dar risadas.

Acho até cômico colocarem esse livro ao lado de 1984 e Admirável mundo novo, como uma das grandes obras da ficção, já que esses outros dois mencionados são infinitamente melhores que esse livro. Eu colocaria Um cântico para Leibowitz no lugar de Laranja mecânica sem sobra de dúvidas.

O filme me agradou bem mais, e estou em total acordo com o Kubrick por ele ter suprimido o último capítulo do livro, alegando que esse capítulo destoava do restante da estória. Na minha opinião, o Anthony Burgess deveria agradecer o Kubrick por ele ter melhorado a estória do livro dele. Rsrs

Enfim, pra mim não rolou. Mas se vc tiver esse livro em casa leia. As vezes pra vc a experiência pode ser mais agradável.
Mari M. 07/11/2021minha estante
Ai amigo, tive as mesmas impressões viu...nem senti o clima futurista esperado,nem entendi também o podium com admirável e 1984.Terminei com cara de "ué" ?


Jessé 07/11/2021minha estante
Mari, esse foi um dos piores livres que já li na minha vida, e tenho minhas dúvidas se essa admiração toda por ele hoje em dia, não se deve ao sucesso do filme do Kubrick.

Peguei tanto ranço, que passei meu livro pra frente pra não ver a cara dele na estante kkkkkkkkkkk




gabriel2611 28/06/2021

Reli minha obra preferida da distopia
Tinha esse livro na versão de capa comum e amei todas as ilustrações originais do autor, mas essa edição é incrível, um luxo. Não deixando de citar novamente a magnitude da obra e o quão bem ela discute o que é ser bom, o quanto ou se é justificável a violência policial e o livre-arbítrio.

Dessa vez li muito mais rápido porque já tava acostumado com a linguagem nadsat e pretendo revisitar essa obra muito mais vezes, acho ela super necessária e atemporal. Um livro deveras horrorshow, meus druguis.
Guss 29/06/2021minha estante
de nada ??


gabriel2611 29/06/2021minha estante
A!!




Bruno G. Guimarães 30/10/2020

Que tal um pouco do velho “entra e sai”?
Laranja mecânica é uma ficção distópica em um mundo futurista onde gangues de jovens estão fora de controle. Eles roubam, estupram, espancam, tudo por puro sadismo. Até mesmo o conceito de violência é ultrapassado, agora temos a “ultraviolência”.
Alex, o protagonista, é um jovem, líder de uma dessas gangues. A noch (noite) é seu domínio e, enquanto outros dormem ou se sentem seguros em suas casas, ele e seus drugs instauram o caos e a ultraviolência age desenfreada.
A história, dividida em 3 atos, trata das agressões e violações de Alex e seus drugs e progride para uma nada agradável reviravolta.
O narrador personagem usa um dialeto único criado pelo autor Anthony Burgess para explicitar as gírias das gangues de rua desse tempo. Não seria possível usar gírias temporais, pois cairiam de desuso rapidamente, tornando o livro obsoleto. Para isso, Burgess criou um dialeto que mistura termos e expressões russas (língua que era fluente), com aspectos repetitivos para marcar a imaturidade dos personagens e até mesmo traços de vocabulário erudito e rebuscado. O resultado é assombroso. Num primeiro momento, você estranha completamente a leitura, mas começa, aos poucos, a compreender e até aceitar essa linguagem tão bizarra. Esse estranhamento dá ao livro um toque sensacional.
É um livro forte, não se pode negar, mas extremamente divertido e envolvente.
Junior 30/10/2020minha estante
Até coloquei na lista de leitura, depois de ler a resenha.


Bruno G. Guimarães 31/10/2020minha estante
Eu recomendo. É muito legal e até tem um certo teor humorístico nas falas do narrador, mas isso é suplantado por outras características e acaba ficando quase imperceptível.
Acho que vai curtir!




Miguel Freire 08/04/2024

Ultraviolência
Laranja Mecânica é uma verdadeira sinfonia. Espancamentos, drogas, mortes, linguagem, bem e mal, liberdade, Beethoven e “ultraviolência” se unem para formar uma harmonia sonorosa, que abala o leitor com seus acordes devastadores.
Publicado em 1962, Laranja Mecânica é um dos integrantes da “sagrada” tetralogia das distopias, junto com 1984, Admirável Mundo Novo e Fahrenheit 451. Porém, por mais que o livro apresente características futuristas, ele não se mostra tão distante da atualidade quanto os seus pares. O futuro retratado em Laranja Mecânica é mais próximo do que se imagina; até porque, venhamos e convenhamos, grupos adolescentes tocando o terror à noite, gírias, violência e degradação nas ruas não é lá muita novidade. Hoje, Laranja Mecânica talvez seja a distopia mais próxima do nosso presente.
Ainda sim, como uma boa obra de ficção-científica, há a sensação de afastamento e de estranheza inerentes ao gênero. Porém o principal causador dessas sensações não é a tecnologia, mas sim a linguagem. Anthony Burgess desenvolveu um dialeto falado pelas gangues de adolescentes misturando palavras inglesas e russas: o nadsat. Essa sensação de estar em um mundo novo foi vivida por Burgess ao voltar para a Inglaterra depois de prestar serviço militar em Bangladesh, além de que os anos 60 foram uma época de profunda mudança nos costumes e normas sociais.
Mas, como toda grande obra, o livro vai além de um simples retrato social: livre-arbítrio, origem do mal e amadurecimento são temas que também têm destaque. Alex é o líder de um grupo de adolescentes vândalos que, assim como vários outros, espalham o medo pelas ruas de uma metrópole decadente com todo tipo de perversidade: roubos, espancamentos, estupros, assassinatos e por aí vai.
Um dia, ele foi preso e submetido a um tratamento de recuperação adotado pelo governo, que tinha como base a lavagem cerebral, fazendo com que o criminoso passasse a ser incapaz de cometer o mal. Já perceberam aonde isso vai chegar? Por mais que o sujeito nunca mais fizesse mal a ninguém, ele seria para sempre incapaz de fazer qualquer escolha moral. Privado de seu livre-arbítrio, ele não se torna nada mais do que um robô, uma laranja mecânica. É justo desumanizar uma pessoa para que ela não cometa mais crimes?
A origem do mal é um ponto interessante aqui: o mal não é causado por má influência da sociedade ou dos pais ou do que quer que seja… o mal vem de dentro do ser humano, é inerente à ele. Alex é mal por vontade própria, ele mesmo diz isso: “E mais: maldade vem de dentro, do eu, de mim ou de você totalmente odinokis[...]”. O homem acima de tudo é mau por natureza e isso reforça ainda mais o dilema do limite do livre-arbítrio.
E no meio disso tudo, Beethoven e sua gloriosa nona sinfonia servem como a trilha sonora desse romance brutal, formando um delicioso contraste entre a violência e a glória, entre bem e mal, um contraste que tanto é humano quanto não é mecânico.
mysteriesflashing 12/04/2024minha estante
caramba, resenha perfeita!
Eu tinha visto outra resenha que não me agradou muito e por isso desanimei de ler, mas agora, depois de ler a tua a vontade dobrou, mto obrigada


Miguel Freire 20/06/2024minha estante
Valeu demais! Fico muito feliz que gostou




IgorP 10/01/2019

Livre-arbítrio, que livre-arbítrio?
Laranja mecânica é antes de mais nada uma história sobre escolhas e suas consequências.
Burgess em sua completa genialidade cria uma trama simples, mas nada simplória, recheada de personagens simpáticos e envolventes.
Com sua linguagem autoexplicativa o autor aborta o tema mais recorrente da história da humanidade: o livre ato de escolher e o suposto martírio que é viver com ele. Aliás, faz isso com maestria ao nos dar de presente esse protagonista chamado Alex que simplesmente me cativou com sua forma de ver o mundo, suas imperfeições e sonhos. Nos levando por um enredo cheio de filosofia e autorreflexões.
Evidente que precisei fazer certo esforço para lidar com o dialeto nadsat que Burgess criou, mas garanto que algumas folheadas no glossário é mais do que suficiente para se acostumar.
Bem, cheguei a conclusão que Laranja Mecânica trata-se de uma leitura obrigatória para todos os que usufruem de livres escolhas assim como eu, afim de que possam imaginar como seria viver em um mundo ao qual seríamos privados dela.
Matheus 10/01/2019minha estante
Genial! Ótima resenha


IgorP 10/01/2019minha estante
Obrigado, Matheus!




Jojo.sl 02/11/2023

O que séria mais estranho e impensável que uma laranja mecânica?
Esse é um dos livros mais "difíceis" que já li, não estou exagerando, apesar de que, eu admito ter sido influenciada pela prefacio do livro "depois de ler Laranja Mecânica você não será mais o mesmo" kkkkk

Ele consegue entregar o que promete com todas as suas cenas cruas e ricas de descrições perfeitamente calculadas, tenho muito o que falar, mas não agora. Já tenho certeza que preciso ler novamente. Há muito o que analisar, mas com certeza (e obviamente deve ser) uma das questões X da obra, é a ideia de que o bem não é algo que se possa ser imposto o "ser" bom é natural sendo que esse ser, pode ou não se manifestar prevalentemente e assim temos uma das ideias mais paradoxais com a qual já me deparei!
Sofia.with.a.f 02/11/2023minha estante
Mano sua foto é linda ???


Jojo.sl 02/11/2023minha estante
Muito obrigado Sossô ?




Galahad 09/10/2018

Gíria.
A história é legal, o Alex é legal.

Toda a rebeldia, sofrimento, drama e ?regeneração? dele é muito interessante, mas no final acredito que ficou a desejar. O último capítulo pra ser mais exato ficou muito corrido e bem chata a conclusão de tudo. E até legal de ler e o mesmo é pequeno e da pra ler rápido.

Porém o mais insurportável e que deixa o mesmo lento e a linguagem Nadsat, sério o livro se torna um porre com essa gíria a todo momento. Pode até ter ficado legal pra algumas, mas eu detestei ler o livro assim, ele se tomar chato, até mesmo incompreensível em algumas partes, fora que é um porre,mesmo que tenha um glossário não adianta muito, pois de uma frase de dez palavras 8 e a desgraça da gíria.
João 04/01/2019minha estante
Concordo com você


@falavaleria | Valéria Martins 07/01/2019minha estante
Concordo muito!!!




EGO PATRONUS 16/11/2015

QUEM VOS FALA NÃO QUERIA QUE ESTE LIVRO ACABASSE, Ó, MEUS IRMÃOS
Junto de Matilda (Roald Dahl), ó, meus irmãos, Laranja Mecânica - o Opus Magnum - de Anthony Burgess, é uma das poucas obras cujo filme é tão bom quanto o livro. Um tanto obvio, a escrita possui mais detalhes tanto na perversão da mente de Alex quanto nos acontecimentos na conturbada vida de nosso querido amigo e narrador, ó meus druguinhos. Um protagonista doente, com um vocábulo estranho e um refinadíssimo gosto para música.
Esta edição especialmente possui nota a tradução Brasileira, glossário para compreensão do Nadsat e prefácio repleto de informações que contribuem para um maior aproveitamento do mundo de Laranja Mecânica.
Muito bom, ó meus irmãozinhos. Eu vou lê-lo novamente um dia.
Willyam Vieira 19/11/2015minha estante
Adorei a resenha! Adoro o filme, por isso tenho muita vontade de ler... Na primeira oportunidade de comprar esse livro com certeza o farei.


EGO PATRONUS 20/11/2015minha estante
Willyam, como eu disse, o filme é quase tão bom quanto o livro. Malcolm Mcdowell fez uma interpretação brilhante no filme, isso é um fato incontestável. E Kubrick também honrou a produção, sem dúvida. Está entre os meus filmes favoritos - e livros desejados para comprar também. Este exemplar, INFELIZMENTE, não é meu, é da biblioteca da escola. =(




Clara Xavier @araclana 28/08/2021

LARANJA MECÂNICA - ANTHONY BURGESS ?

Um livro que adiei para começar por medo de sofrer, mas que acabou sendo muito difícil largar.

Ignorei a recomendação e só consegui passar das primeiras páginas com ajuda do glossário nadsat. Fiquei até com dor na gúliver de tanta veshka ujasni de entender, mas juro por Bog que se pega o ritmo muito skorre. Foram várias emoções em menos de 200 páginas: repulsa, raiva, tristeza, graça, satisfação, pena, esperança e muita dúvida. Anthony é um gênio!

Alex e os druguis formam uma das gangues do Reino Unido, em um futuro distópico, que desafiam o sistema. Eles cometem atos de ultraviolência pelas ruas, isto é: roubam, agridem, estupram e vandalizam por diversão, dinheiro e poder. E foi aí que minha dúvida veio com força.

Me questionei se o autor quis representar que existem pessoas essencialmente ruins, e nesse caso, se alguém que não reconhece os papeis das microesferas de poder (Estado, Deus, escola, trabalho e família) sobre o indivíduo, necessariamente, não atinge uma noção de moralidade e toma, então, o poder para si, se tornando assim, o líder do mundo que criou, onde usa, até mesmo, um dialeto próprio.

Alex, o narrador, via muita beleza na violência e na música clássica, sendo então inegável sua sensibilidade, independente do que é certo. Mas quando aceita participar de um experimento que promete curar seus impulsos e o livrar do resto da sua sentença na cadeia, isso tudo fica comprometido. Ele é obrigado a assistir cenas de extrema violência sob o efeito de drogas enquanto escuta música clássica. Ele até descreve os vídeos como realistas e muito violentos (será que para um "bem maior", o Estado seria capaz de usar vídeos reais?). Essa ideia me incomodou muito.

Como efeito, Alex se torna uma Laranja Mecânica: naturalmente mecanizada e programada a não ter livre arbítrio: ele fica enjoado só de pensar em sangue e até mesmo ao ouvir música clássica. As consequências são insuportáveis para ele que ainda não tem nem 18 anos. Por isso, a questão é: quais os limites de interferência na vida do indivíduo? Mesmo que seja um como Alex.

Bom, vale demais à pena! Mas para rever a adaptação acho que preciso da Ludovico.
Beatriz 28/08/2021minha estante
amo demais esse livro, mas o filme consegue ser melhor ??


Clara Xavier @araclana 28/08/2021minha estante
Eu vi ha muito tempo e lembro de ter ficado bem mal depois.. vou rever agora que li o livro.. tomara que role de boa. Gostei demaissss tb




Clara.gianna 06/05/2024

Que comece a Distopia! ????
Um dos melhores livros que li este ano, sei que estou atrasada a meses atrás mas este é um ótimo livre, que atenta ao livre árbitro, a questões filosóficas...recomendo muito ler! ??
LeitorDepressivo 13/05/2024minha estante
Hmmm, vou começar a ler agr só pq vc leukkkkkk


Clara.gianna 15/05/2024minha estante
Virando influencer sem querer-




Fernanda1487 07/09/2022

Completamente fascinada
Comecei o livro sem saber do que se tratava e logo no início fui guiada sobre o autor, suas influências e tudo mais. Fiquei bastante curiosa e comecei a ler e não consegui mais parar, minhas madrugadas lendo este livro valeram muito a pena.
Uma história fascinante que te choca, toma sua atenção e te surpreende. Não consegui parar de pensar nele quando terminei sua leitura, com certeza se tornou um dos meus favoritos pra vida.
Henry Gonçalves 07/09/2022minha estante
já tô na expectativa com essa leitura kkkkk


MANURJ 07/09/2022minha estante
O livro deve ser muito melhor que o filme.. o filme já choca imagina o livro. Obrigada por compartilhar conosco!




Ticiana 21/05/2022

Muito interessante o final escolhido por Burgess em contraste com o final que Kubrick escolheu ao fazer seu filme baseado nessa história
Felipefno14 21/05/2022minha estante
Na verdade o que o Kubrick fez foi retirar do filme a ?Parte Três ? do livro, né?


Ticiana 22/05/2022minha estante
O que é uma escolha né ;)




naniedias 24/03/2012

Laranja Mecânica, de Anthony Burguess
Alex é um adolescente violento. Com Georgie, Pete e Tosko, ele anda pelas ruas da cidade à noite aterrorizando - roubos, violência, estupro.
Até que ele é preso e a vítima de uma de suas agressões morre. Alex então vai parar na prisão.

O que eu achei do livro:
És fluente em Nadsat, ô, querido irmãozinho? Pois se a resposta a essa pergunta é não, eu só tenho a dizer: bem-vindo ao horrorshow mundo criado por Anthony Burgess.
Calma, você não precisa saber nadsat para ler o livro. Aliás, você não deve saber nadsat. A terceira versão brasileira*, essa que estou resenhando e que foi publicada pela editora Aleph, assim como a primeira traz um dicionário de nadsat no final do livro. A ideia não partiu do autor, ele não queria que nós, pobres mortais, entedêssemos perfeitamente tudo o que Alex narra. Aliás, esse é justamente o ponto: não compreender o narrador.
Laranja Mecânica, juntamente com 1984, de George Orwell, e Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, forma uma trinca de sensacionais livros de ficção que criticavam duramente a sociedade do século XX (que, infelizmente, evoluiu para algo muito parecido com o premeditado pelos três autores: a nossa sociedade). A distopia tão aclamada na atualidade não é novidade. E se você não leu esses três livros, ainda não pode afirmar que conhece as principais obras distópicas.
Antes de começar a falar sobre a obra em si, eu preciso falar dessa edição. Com uma capa intrigante, que apesar de não ter muito a ver com a história ficou ótima no livro, a edição vai muito além de uma diagramação bem-feita. A tradução ficou maravilhosa - eu que não costumo gostar de "aportuguesamento" de termos e nomes, achei que o trabalho do autor Fábio Fernandes ficou excelente. Há uma "Nota sobre a nova tradução brasileira" logo no início do livro explicando algumas escolhas do tradutor na hora de realizar o seu trabalho - e eu achei muito interessante todo o estudo que foi feito para conseguir o resultado final que tanto me agradou. Como existe uma língua criada dentro do livro - o nadsat, montado como uma mistura de inglês com russo e cigano - a tradução da obra de Burgess não é nada trivial. Manter os termos na forma original faria com que a maioria dos leitores brasileiros não entendensem nada e tivessem que recorrer ao dicionário (o que faria com que a grande graça do livro fosse perdida). Então decidiu-se por manter alguns termos e adptar outros; e tenho que dizer que achei incrível a forma como isso foi feito. Algumas expressões ficaram um tanto cômicas, outras puxadas, assim como devem mesmo parecer as expressões usadas pelos jovens quando pessoas mais velhas as escutam - ou seja, ficou excelente! E ainda podemos contar com uma maravilhosa introdução escrita pelo próprio Fábio Fernandes sobre a obra. Não seria a mesma coisa ler Laranja Mecânica sem essa introdução. Portanto, é mais do que merecido o parabéns à editora Aleph pelo primoroso trabalho e, principalmente, a Fábio Fernandes pela maravilhosa tradução e introdução.
Voltando à história.
A primeira versão de Laranja Mecânica surgiu da ideia de passar para o papel o que Burguess via nas ruas - as lutas entre gangues, a violência desmedida, as gírias adolescentes. Porém, ele se preocupava com o fato de que aquelas gírias iriam sumir rapidamente - e o livro estaria ultrapassado, por se tratar de gangues do passado. Mas uma viagem à Rússia acabou por lhe dar a ideia que tornaria Laranja Mecânica um dos melhores livros do século XXI segundo as mais importantes listas: ele criaria a gíria de seus personagens - uma mistura de inglês, russo e língua cigana. Uma fala ritmada e rimada, com um pouco de inglês vitoriano. Assim nascia o nadsat (palavra que quer dizer jovem): a linguagem de Alex e seus amigos.
O livro é ambientado em um futuro próximo e é narrado em primeira pessoa por Alex - o adolescente problemático. E ele fala com o leitor como se estivesse falando com seus amigos, ou seja, utilizando seu estranho modo de falar e suas palavras aparentemente sem sentido.
Na primeira edição americana, inseriu-se um dicionário de nadsat, para que o leitor pudesse entender o livro. Mas esse não era o objetivo de Burguess e já adianto que se você ler olhando o dicionário vai perder um dos pontos essenciais do livro, que é se sentir velho, fora do mundo de Alex - um adulto olhando os incompreensíveis erros de um jovem. Não compreender todas as palavras do protagonistas faz com que nos sintamos fora do mundo dele, como adultos que não conseguem atingir a nova geração. Essa era a ideia do autor - e o nadsat nos proporciona isso. Então, não use o glossário. Depois que terminar a leitura, pode ser bacana ler os termos e perceber quais palavras você havia entendido, quais havia simplesmente ignorado e quais havia errado completamente o significado, mas não o consulte enquanto a leitura estiver em andamento - por maior que seja a curiosidade. Se preciso for, danifique seu livro arrancando fora o glossário, mas não danifique a leitura dessa história.
O livro ainda faz uma crítica à sociedade e o autoritarismo estatal. Algumas questões filosóficas também são levantadas pelo autor. Não é possível ler Laranja Mecânica em apenas um dia, apesar de ter uma linguagem simples (embora em alguns momentos incompreensível, por causa do nadsat) - é uma leitura densa, que faz o leitor refletir muito.
Laranja Mecânica é divido em três partes, de sete capítulos cada uma - totalizando 21 capítulos, que representam a maioridade do protagonista. As edições americanas até o início da década de oitenta não tinham esse último capítulo, que, na minha opinião, é super importante para esse livro - quase que uma lição final imposta pelo autor: não se esqueçam, vocês já foram jovens e quando jovens não sabiam tudo o que sabem hoje, de forma que erraram e muito; mas todos crescem um dia.
Tem tanta coisa que eu gostaria de discutir nessa resenha, mas não quero entrar em detalhes, contar todos os acontecimentos do livro (afinal de contas, quero apenas instigá-los a ler essa história e não substituir a leitura com um resumo da obra). Deixo apenas assinalado que muita coisa acontece em Laranja Mecânica. É um livro intrigante, dolorido, chocante e maravilhoso!
"Mas que tipo de mundo é esse? Homens na Lua e homens girando ao redor da Terra como mariposas numa lâmpada, e ninguém presta mais atenção às leis e à ordem terrenas."

PS: O livro foi brilhantemente adaptado ao cinema pelo diretor Stanley Kubrick em 1971. O filme tornou-se um clássico do cinema mundial e um dos principais trabalhos do famoso diretor. A versão cinematográfica não é totalmente fiel ao livro de Burguess, mas também vale a pena ser assistido.

PS2: Não deixe de ler a Introdução de Fábio Fernandes. Ele consegue falar brilhantemente sobre essa obra e dá ao leitor informações muito interessantes sobre o autor e o livro.

PS3: NÃO CONSULTE O GLOSSÁRIO ANTES DE TERMINAR A LEITURA, drugui querido.

PS4: Eu queria escrever algumas frases em nadsat na resenha, mas me abstive a um "ô, irmãozinhos", no início, um "horrorshow" e um "drugui" no final. Se eu colocasse muitas palavras em nadsat o texto ficaria bolshi kali bizumni, eu teria que explicar tudo para vocês kopatarem e seria aquela kal total. Então, pronto, usei só um malenk de nadsat para vocês não ficarem como se tivessem tomado um moloko.com e conseguirem ponear a razkaz toda. Não fiquem razdraz comigo, druguis, esse último ps não fala nenhuma kal dorogoi, serve apenas para confundir mesmo.

* A saber, a primeira versão brasileira foi publicada em 1977 pela editora Artenova, a segunda em 1994 pela editora Ediouro e essa terceira edição em 2004 editora Aleph.

Nota: 10
Dificuldade de Leitura: 7

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Ana Paula Sinueh 11/01/2015minha estante
Adorei a resenha, a melhor que eu li até agora! Entre tantas resenhas, diversas vezes mudei de opinião se leria ou não, afinal, este aparentemente complexo livro, Com a sua descrição, me decidi: passo na livraria amanhã.
Obrigada.


ilana 06/06/2016minha estante
parabéns pela resenha, ficou chudesni, mas mesmo que a tivesse lido antes do livro, não deixaria de consultar o glossário nadsat, apesar de ter achado a proposta bem interessante. XD




Nicole 06/07/2021

"Então, o que é que vai ser, hein?"
Bom, o que dizer sobre Laranja Mecânica?

O início foi muito difícil e quis parar a leitura. Alguns dos fatores que contribuíram para isso foi a linguagem nadsat e a chamada "ultraviolência" praticada pelo Alex (personagem principal).

Mas continuando a ler, percebe-se que esses fatores foram propositais e essenciais para a construção do livro. A escrita de Anthony Burguess é inteligente e sutil, nos fazendo ter repulsa e ódio no começo do livro mas no final nos fazendo sentir até um pouco de compaixão. O arco de redenção foi incrível, devo admitir (mas claro que não dá para esquecer os erros do passado de Alex).

Além disso, o livro aborda muitos assuntos que podem ser motivos de inúmeros debates. Como por exemplo, até que ponto podemos usar e abusar do nosso livre arbitrio? E será que alguém tem o direito de nos tirá-lo, mesmo sendo por uma boa causa?

Enfim, vale a pena ler pela experiência única do livro mas não leria de novo pois achei a leitura pesada.
Samuel Simões 01/08/2021minha estante
Pesado no sentido de escrita e narrativa? Ou os absurdos que o personagem faz? Tenho esse livro há uns 3 anos e estou pensando em ler kkkk vale?


Nicole 01/08/2021minha estante
Os absurdos que ele faz. Mas o autor descreve esses absurdos com a maior tranquilidade como se fosse super normal (sendo esse o intuito mesmo) e fica mais difícil de engolir. E sim, vale a pena ler porque pelo menos comigo, foi uma experiência única, nunca li uma distopia como essa. Mas lembra que é um horrorshow, então é pra ser uma temática pesada mesmo.




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