Jô 16/04/2024
Ninguém é de Ninguém é uma história que me fez refletir muito a respeito da vida. Sou espírita e acredito no que é abordado no livro, referente ao assunto. Independente da religião, devo dizer que esta história deve ser lida, com toda a certeza, até mesmo encarada como ficção nas partes do espiritismo, para aqueles que têm algum tipo de preconceito.
Tudo começa com Roberto sendo traído pelo sócio. Eles tinham um negócio, e Roberto confiava plenamente nele, apenas porque ele era formado em engenharia, e Roberto não, julgando-se inferior por não ter feito faculdade, o que era uma ilusão, já que ninguém é melhor que ninguém . Quando é traído, se vê desempregado e endividado, tendo que depender do trabalho da esposa até que conseguisse se levantar. O problema é que Roberto é uma pessoa extremamente orgulhosa, e tem pensamentos machistas que vêm de sua criação. Ou seja, para ele, ter que depender do trabalho de sua esposa, a qual ele nunca quis que trabalhasse, pois na sua opinião, lugar de mulher é em casa com os filhos, é algo torturante. Desde então, ele passa a ser uma pessoa resmungona, para baixo, que só sabe se fazer de vítima e ainda, mesmo nas situações, insiste que a mulher largue o emprego. Tornando-se desagradável e pouco carinhoso com ela. Além disso, um imenso ciúme que sempre existiu, passa a possuí-lo cada vez mais. Ele começa a imaginar coisas, até a ver coisas que não aconteceram, envolvendo sua esposa. Pouco a pouco, seus pensamentos o fazem uma pessoa fraca e facilmente domável a entidades ruins.
Ao mesmo tempo, acompanhamos a história de Renato, chefe de Gabriela, esposa de Roberto. Em casa, ele possui uma mulher ciumenta e mimada, que vive sem nenhuma atividade, somente em casa e em shoppings, e adora se fazer de vítima para qualquer problema. O tipo de pessoa que se finge de doente para conseguir o que quer e não passa um bom exemplo para os filhos, devido a essas suas "fraquezas". Renato só continua com ela, por causa dos filhos, exigindo de si mesmo, cada vez mais paciência, por amor às crianças.
Sim, a história começa complicada e pesada. Há muitos problemas e os personagens são muito reais. Um segredo? Eu leio as histórias do Lucius considerando-as como reais... Não sei, acho que ajuda a compreender melhor, e podem até ser mesmo, para mim são... Os personagens são bem construídos, cada um com seus defeitos e imperfeições, e a parte do espiritismo, é claro, é perfeita.
Eu poderia listar todas as coisas boas que aprendi com a leitura, mas acabaria impedindo que outros pudessem obter tamanho crescimento... É o tipo de livro que faz você se sentir outra pessoa, muito mais madura e esclarecida. Realmente vale muito à pena. O que posso adiantar é que compreendi que cada um precisa do seu próprio tempo, dar atenção a si mesmo e deste modo vai parar de cobrar do outro, tanta atenção. Sabe esses casais que cobram extremas coisas um do outro? É porque não cuidam de si, não reservam tempo para atender algumas de suas necessidades, e acabam querendo que o outro cuide disso para eles. Outra coisa, é que se você ama alguém, tem que aceitar a pessoa como ela é, com seus sucessos e fracassos, você tem que estar lá. O amor não é um símbolo de vaidade e de aparência, ter compromisso com alguém não deve ser para se mostrar aos outros, como se o outro fosse um brinquedo novo, mas sim, deve ser uma aliança de respeito e amor, que deve ser vivida a cada dia, pouco a pouco, e como diz a sinopse, o amor deve ser também, exercício de autodomínio. Exercício de crescimento e amadurecimento. Um treino para a paciência e ao amor ao próximo. Como diz Sócrates em O Banquete, o amor vai evoluindo, crescendo. E no final, é contemplação da sabedoria, um meio de se aprimorar e "chegar aos Deuses". Portanto, pode ser o amor, meio de provação para amadurecermos e evoluirmos. E ainda há mais muitas lições e aprendizado, que cabe a nós, ler com atenção, para captarmos.
Em alguns momentos, pode se tornar cansativo. Eu demorei um pouco para terminar, pois havia lido Amor de Redenção anteriormente, e apesar de amar, foi muito drama. Ao ler Ninguém é de Ninguém, minha cabeça se esforçou ainda mais. No início, muitas coisas "tristes e revoltantes" acontecem. Você lê e lê, esperando a melhora, mas ela demora. Quando tudo finalmente se esclarece, é um alívio. Você aprende tanto nos momentos ruins, quanto nos bons, é só ficar atento e abrir o olho. Eu fiz uma leitura bem observadora nos conceitos do espiritismo, percebendo os erros de cada um, as situações, e é claro... Por mais que haja situações chatas, à princípio, você percebe que no final, nada é por acaso, e que não há nenhuma vítima, nem nenhum mal feitor sem recuperação... Tudo se encaixa, tudo no seu tempo perfeito.
Não é uma história que traz diversão, mas sim aprendizado e reflexão. Você sente algo especial dentro de si, quando as coisas se resolvem no livro, principalmente no que se refere à fé e ao amor. Sente aquilo que não há palavras capazes de explicar. É a sensação de ver alguém que você acompanhou, que viu cada tropeço, cada erro, se reerguer e aprender, e isso não tem preço. Neste sentido, a leitura se torna muito prazerosa. Afinal, como não sentir prazer ao realizar novas descobertas?