mi.ria__ 05/11/2024
Ana Laura e Alexander devem estar com escoliose por carregar o romantismo (e a trama) desse livro nas costas... O meu adeus aos livros da Carina Rissi
Indomada é o último volume da série Perdida, que em tese, deveria focar nas filhas na fase adulta de Sofia Alonzo e do apaixonante Ian Clarke: Marina e Ana Laura.
Foi muito interessante voltar para o universo de Perdida com a perspectiva das filhas da Sofia e do Ian, mas mesmo assim as decisões criativas deixaram um gosto meio amargo na boca, por se tratar de uma conclusão de série. Já deixo registrado que a Ana Laura é a minha irmã favorita. Marina é basicamente uma versão 2.0 da mãe, ou seja, inpulsiva e um tantinho insuportável que tem a sua personalidade reduzida no arquétipo "não sou como as outras garotas", mas no final do dia ainda acho ela menos sofrível do que a Sofia que inclusive nesse livro tá um pé no saco de tão chata e infantil. Sinceramente, o Ian merece ter um trono no Paraíso, se tornar santo por simplesmente aturar essa mulher.
O livro perdeu muito com a adição da perspectiva da Sofia nos capítulos de ponto de vista intercalados, que sinceramente NÃO acrescentam em NADA na narrativa, pois vemos ela agindo pior do que criança em momento de birra, e principalmente, porque temos os trechos das cartas para a Nina (melhor amiga da Sofia), então já temos o ponto de vista da Sofia. Adicionar parágrafos e mais parágrafos que pareciam intermináveis só reforçam mais a redundância. Parecia que a Carina não tinha mais o que adicionar à trama e ficou esse show de repetições horroroso. Era para ser o livro das FILHAS!
Marina é uma versão 2.0 da Sofia. O romance dela com o Samuel (em resumo, um Lucas 2.0) foi uma das coisas mais sem graça e mais nojentas que eu já li. Eles mesmo não sendo primos de sangue, ainda sim, tem uma relação de co-dependência. Tudo gira em torno deles mesmos. Marina não tem personalidade alguma além de: ter uma paixão enrustida pelo próprio primo, gostar de cavalos e quebrar narizes. O mesmo vale pra Samuel (que é ainda pior), onde sua personalidade é: sofrer com os traumas do passado e ser médico.
A única que salvou o dia foi a Ana Laura (a quem de fato dou os créditos por ser a típica "mocinha à frente do seu tempo"), que apesar do seu romance com Alexander que ter um destaque digno de consistência de um mingau ralo (mesmo sendo mil vezes mais interessante que o romance da irmã), ainda sim, Analu era capaz de ser a protagonista que todo mundo torce para as coisa darem certo e que ela tenha um final feliz, mesmo quando não estivesse com seu interesse romântico em cena.
"Poucas pessoas detêm a coragem necessária para lutar pelo que acreditam. A história era repleta de nomes de indivíduos que resolveram traçar o próprio destino, em vez de enfeitar salões de baile, pensou com rancor ao passar pelas roseiras. E nunca acabava bem: Hipácia de Alexandria fora torturada até a morte por manter a crença na ciência. Joana d’Arc, a guerreira que ajudara o exército francês a vencer diversas batalhas, mais tarde acabou na fogueira sob a acusação de feitiçaria... Havia tantos exemplos, e ainda assim ela tinha sido estúpida o bastante para sonhar."
As cartas para a Nina também serviram para pouca coisa, pois não temos o artifício que a Carina fez em Encontrada (segundo volume) adicionando um capítulo com uma cena da melhor amiga da Sofia recebendo e lendo as cartas. Então eu me pergunto: qual a função das cartas? Isso também é decepcionante. Sem mencionar que, esse livro foi publicado em 2021, mas mesmo assim parece que a estrutura textual está presa em meados de 2010 com vícios de linguagem e utilizando a falta de diálogo como ferramenta narrativa.
"Bom, era como Ian uma vez me disse: ninguém bate em árvores que não dão frutos.
Então, é, Ian tinha razão. Eu fiquei bem.
Minhas filhas também ficariam."
Basicamente Ana Laura e Alexander devem estar com escoliose por carregar o romantismo (e a trama) desse livro nas costas. Infelizmente dei essa nota por certo apego a Analu e Alexander, se não a nota seria ainda menor desde Destinado que para mim foi o pior da série. Deixo aqui o meu adeus aos livros da Carina Rissi.