Karini.Couto 16/12/2021Nessa obra vamos conhecer Lola, que ama nadar e com pouco menos de dois anos de idade quando caiu acidentalmente em uma piscina ou pulou, Lola se safou sem a ajuda do seu pai e ele disse: "Ela não caiu, ela pulou. A minha filha, ela sabe nadar" - Isso é uma memória tão marcante em Lola, talvez de tanto sua mãe contar por aí, quando alguém pergunta sobre suas proezas na piscina, e olha que sua mãe não é de falar muito; mas parece que essa história, ela gosta de contar.
Mas a verdade é que Lola não tem nenhuma lembrança antes do dia 02/09/79, o dia em que seu pai morreu, ou, o dia que sua mãe contou para Lola e seu irmã, que seu pai tinha ido embora para sempre.
"O pai de vocês morreu. Agora somos só nós três."
Raul, irmão de Lola, tinha menos de dois anos na época e Lola estava prestes a completar quatro anos.. E a sensação que teve era que envelheceu mil anos de uma hora para outra. Um dia seu pai está lá, e no outro não está mais..
"Para onde foi o meu pai? O que aconteceu com ele?"
Nadar tornou-se um sustentáculo em sua vida. Ela se sente reconfortada sempre que está em uma piscina fazendo aquilo que faz de melhor.. Nadar!
Mas não é só isso, Lola tem uma mãe ausente, que vive para os cuidados de seu irmão asmático. É uma adolescente de quinze anos, idade conflituosa e com muitos questionamentos. Seu pai morreu de acidente? Doença? Não se sabe! Lola não sabe! E ela se sente sempre só.
Essa ausência da figura que significou tanto em sua vida, machuca! A ausência de um pai do qual ela nem se lembra... A única lembrança de Lola é a lembrança emprestada que sua mãe conta.
Em dado momento surge a oportunidade de ir para Salto Bonito, no interior, passar as férias na casa do seu tio diferentão, longe de sua mãe ausente e do seu irmão esquisito, e Lola acredita que com essa viagem, poderá quem sabe, encontrar respostas para a pergunta que permeia seus pensamentos.. o que Lola não fazia a menor ideia, é que ela teria lembranças já esquecidas e que sua vida começaria a mudar ali.. ao se apaixonar e começar a voar..
Gente, esse livro é mais profundo do que se imagina olhando a capa ou lendo seu título, bão conseguimos entender muito do que esperar, mas ao começar a leitura, nos deparamos com muitos sentimentos e uma personagem que nos conquista logo nas promessas páginas.
Começando pelo fato que ela basicamente vivia no automático e infeliz, imatura e a única coisa que lhe trazia paz, era nadae. Mas a vida tem suas surpresas e Lola de repente vê portas se abrindo e tem um amadurecimento a olho nu, tanto na piscina, quanto na vida dela.. Ao se aventurar em uma viagem ao interior ela encontra tudo, ela encontra a si mesma e ao amor. Consegue entender sua mãe, se conectar com pessoas e tudo muda, ficando colorido e brilhante! Conseguindo expressar seus sentimentos, chorar, abraçar..
O livro trás assuntos relevantes, apesar da forma leve da escrita de Keka, o livro aborda a depresso, ausência, angústia, desatenção parental, como lidamos com as perdas, primeiro amor, família e tantos assuntos importantes e reais que ao terminar a história eu me vi suspirando sem parar, como se tivesse prendido o fôlego por algum tempo!
"Ela não caiu, ela pulou. A minha filha, ela sabe nadar! A minha filha, ela sabe voar!"
Um livro para ser apreciado e para refletir, assim como nos ensina que mesmo que um momento possa mudar tudo, nunca é tarde para seguir em frente e voar alto!
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