Jacque Spotto 27/02/2022
Sabe aquele livro que você escolhe achando que é uma coisa e quando lê é totalmente
diferente do que imaginava? Pois bem, foi o caso desse aqui rsrs. Mas foi uma surpresa
ruim? não mesmo, foi bem melhor do que imaginava.
Escolhi o livro pensando ser uma história sobre o futebol no Brasil, como eu nunca li um livro desse tema, resolvi escolher "O Drible da vaca", mas o que encontrei foi divertidamente melhor. Aqui temos o Dr. Watson, isso mesmo, o Watson companheiro de Sherlock Holmes, nos contando como ele e Finnegans Wake (o personagem do livro Finnegans Wake do James Joyce) inventaram nada mais nada menos que: "O Futebol". Os dois são professores em Cambridge e recebem uma missão da Rainha Victória: criar um esporte que uniria os jogadores e as torcidas. E daí em diante é onde toda a história se desenvolve, na criação das regras e dos objetivos utilizados para criação desse esporte.
Já de início Watson nos relata que no momento em que Sherlock morre, ele tem uma pausa e pode contar suas próprias histórias, já que narrava as aventuras de Holmes.
"Você poderá me perguntar por que resolvi escrever o livro que agora está lendo. Em
primeiro lugar, porque eu estava lá, participei da jogada. E, em segundo lugar, e muito mais
importante, porque passei os últimos 25 anos da minha vida escrevendo histórias do
Sherlock Holmes. Não aguentava mais aquilo? Então resolvi contar a minha aventura. Sem nenhum mistério? Mas com muita ação." (p. 28)
Mário Prata não incluiu apenas personagens fictícios já existentes de outras grandes obras, mas também personalidades históricas como a Rainha Victoria, Sarah Emily Davies (escritora, feminista e sufragista), entre outros. Como também mistura fatos históricos com ficção que só poderiam surgir na mente imaginativa do autor.
O Drible da vaca é uma leitura leve e que te envolve pelas descobertas dos personagens,
pelas curiosidades históricas que estão recheadas em suas páginas e pelas maravilhosas notas de rodapé que conversam com o leitor, às vezes dando informações importantes, outras vezes agradecendo tradutores e escritores pela colaboração naquela parte do livro, e às vezes apenas fazendo um comentário cômico. Sua escrita me lembrou muito os livros do Jô Soares, então para quem gosta do "Gordo" vai adorar a escrita de Mário Prata.