Alagoas Azul

Alagoas Azul Bruno Coelho




Resenhas - Alagoas Azul


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@wesleisalgado 18/11/2023

Um recorte distópico
Ao contrário das maioria das pessoas, eu adoro pontas soltas. Não preciso de tudo explicado, gosto de deixar minha mente trabalhar e imaginar o que não foi contado.

Vide que o Brasil aqui , um lugar em que algo já deu muito errado, e ao qual temos acesso por parágrafos esparsos só serve de pano de fundo mesmo. Mas é melhor que muito livrinho distópico que vende rios por aí de autores nacionais.

A amizade entre Flavio e Alagoas, contada no recorte de uma viagem e através de lembranças me pegou. A voz narrativa é muito poética, principalmente quando na perspectiva de Alagoas. Eu achei muito terno, e o fato de um livro de 100 páginas ficar comigo e me fazer pensar nele após a leitura , é um feito. Além de ter o estilo Road Trip, que eu adoro em livros, de Salvador à Recife, depois Maceió com flashbacks em São Paulo. Recomendo!

Leitura propícia nessa semana em que nunca senti um calor assim na vida, a sensação é de que o Brasil retratado no livro pode ser realidade a qualquer momento. Acabei de me tocar que o sumo da história se passa em Recife, e ando apaixonado por lá desde que assisti RETRATOS FANTASMAS. O livro até aumentou de nota agora.
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FellipeFFCardoso 08/09/2023

Um romance de grande potencial tratado com uma assertividade e uma economia de recursos que a história não merecia. Muitas pontas soltas, passagens confusas, momentos importantes para a construção psicológica das personagens e para a fundamentação da narrativa tratados com uma desimportância que não entendo. Ficou impossível para mim, de forma empática, entender as razões do autor para tais decisões. Para que entendam e ilustre essa minha frustração, há nesta história um acidente de carro, um assassinato, familiares perdidos, outro descobertos (e nada disso que estou citando é spoiler, fiquem tranquilos) e nenhum desses eventos é tratado com a profundidade e com a investigação necessárias, especialmente porque todos eles tiveram impacto e trouxeram consequências para as personagens de modo a transformá-las. O leitor apenas vê o recorte de história, sem contextualização, como se pegasse uma carona breve, jamais como parte da viagem. A estrutura também é confusa, os diálogos são postos como se as duas personagens estivessem em monólogos paralelos, jamais em diálogo. Poderia ter sido um grande livro, ficou apenas como um projeto promissor, muito similar ao que a própria narrativa traz como apresentação para sua personagem principal: incompleto e medroso.
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Raphael Santos 23/09/2021

Um bom primeiro passo
Bruno Coelho sabe como usar bem as palavras e discute temas importantes, como a sexualidade e a identificação do próprio corpo.

Se por um lado há poesia, críticas sociais bem pautadas e fôlego para contar um excelente Romance regional, se assim posso chamar. Por outro lado, a história se perde em si mesma, personagens não cativam e parecem não ter personalidade própria, assim como o enredo deseja entregar tudo e ao mesmo tempo, não entrega nada.

O final pode ser dos grandes filmes europeus e Independentes, sem conclusão óbvia ou grande lição de moral. O que me agrada, mas ao mesmo tempo mostra uma falta de experiência do autor e uma possível pressa em encerrar sua história, por falta de rumo, ou ainda, pelo pouco texto permitido dentro do prêmio ao qual foi vencedor.

Há grande chance do autor ter sucesso, mas lhe falta ainda sair da zona de conforto e ousar ainda mais em contar histórias inesquecíveis.
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Euler 19/10/2021

O céu do Nordeste, de Sergipe que também faz parte dessa trajetória, pra embalar um livro andarilho que faz Alagoas ser água, oceano, travesti. Um livro azul, como o mar. Um livro tecido com tanta simplicidade e cuidado, que fala sobre amizade, retorno ao passado, sobre as dores do retorno. Há o desabamento de casas em Maceió - fato que já acontece há anos e sequer ganha os noticiários, um acidente de avião em Recife e outras tragédias em contraponto a um carro na estrada atravessando cidades e costurando afetos entre Flávio e Alagoas, amigos de infância que se reencontram e conversam sobre o passado e os acontecimentos que mudaram sua vida, marcados pela presença-ausência de Augusto, irmão do Flávio. Nessa história, a delicadeza com que um corpo travesti existe é uma das coisas mais lindas de se ver, não há romantismo, e as tensões estão dadas e só quem se atenta, se atenta nos babados. Essa amizade entre o trio - por mais que haja uma ausência- move a narrativa, capturando no presente o que ficou solto no passado. O texto carrega os textos que vieram antes, Graciliano, Conceição, Hugo Mãe. Alagoas é um corpo território que afunda, despenca dos ares, mas resiste.
Leiam urgente.??
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