A alma humana sob o Socialismo

A alma humana sob o Socialismo Oscar Wilde




Resenhas - A alma humana sob o Socialismo


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Laura.Brito 06/08/2024

Deturpar o socialismo até cultuar o individualismo
Fiquei extremamente decepcionada com esse livro. Acho que o principal motivo foi a expectativa que criei ao ler "socialismo" no título. Esse ensaio é uma manipulação do socialismo até ele servir ao individualismo - "o individualismo, a serviço do qual o socialismo está trabalhando" é uma passagem do livro.
O que se tem aqui é uma concepção surrealmente elitista sobre a política, e economia e, principalmente, a arte. Sob uma falsa roupagem socialista, o que Wilde defende é, basicamente, um estado mínimo para os artistas. "Arte é individualismo" e "o artista não deve se preocupar com o público" são alguns exemplos.
Li ponderações a respeito desta obra ser um ensaio e uma a utopia. Não teria problema com isso, não fosse o fato de que essa utopia é construída a partir da ignorância e parte de um discurso malicioso que age exatamente como o neoliberalismo: a apropriação de conceitos e sua revisão com base em valores neoliberais que exaltam o indivíduo em detrimento do coletivo.
Não, o individualismo não vai acabar com o crime, muito menos redistribuir a riqueza do mundo, acabar com a fome ou tornar a arte "perfeita". O individualismo vai somente permitir que a elite se mantenha à parte das instituições públicas enquanto o crime, a pobreza e a fome permanecem para as populações minorizadas. E a arte tem que se posicionar diante disso. Não reconheço artistas apolíticos e vejo que Wilde se contradiz até nesse ponto ao posicionar-se politicamente. Li que ele seria um "socialista libertário". Particularmente, ele é apenas um libertário. Acho preocupante a leitura acrítica dessa obra, principalmente nos tempos atuais.
Minha sugestão de título revisado: a alma do burguês sob o liberalismo.
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Sekhmet 04/11/2021

Muito bom
É difícil para mim dizer se Wilde estava levando essa obra a sério ou se pretendia ser uma sátira dos pensadores liberais.
Independentemente, a obra mostra um novo aspecto de sua criatividade, inteligência e ousadia, com o mesmo tom afiado, e espirituoso de seus escritos ficcionais.

"A maioria das pessoas estraga suas vidas por um altruísmo doentio e exagerado - são forçadas, de fato, a estragá-las. Elas se encontram cercadas por uma pobreza hedionda, por uma feiura hedionda, por uma fome hedionda […]. Conseqüentemente, com admirável, embora intenções mal orientadas, eles se colocam muito sério e sentimentalmente na tarefa de remediar os males que vêem. Mas seus remédios não curam a doença: eles apenas a prolongam. Na verdade, seus remédios fazem parte da doença. Eles tentam resolver o problema da pobreza, por exemplo, mantendo os pobres vivos; ou, no caso de uma escola muito avançada, divertindo os pobres. Mas isso não é uma solução: é um agravante da dificuldade. O objetivo adequado é tentar reconstruir a sociedade de tal forma que a pobreza seja impossível. E as virtudes altruístas realmente impediram a realização deste objetivo."
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