Thaisa 26/02/2021
Anne Beddingfeld é uma jovem que acabou de perder o pai, que era um grande arqueólogo. Agora, sozinha, ela se vê perdida e sem saber que rumo tomar. Mas ao buscar o seu destino, o destino a encontrará primeiro: enquanto espera o trem, Anne presencia um homem cair nos trilhos e morrer instantaneamente. Um médico, surgindo do nada, tenta socorrê-lo, mas vai embora ao perceber que é tarde demais. No entanto, ele deixa cair um bilhete, recuperado pela moça... Seguindo as pistas do papel, Anne se depara com um assassinato ligado ao estranho e com um misterioso rastro que a leva até uma viagem de navio rumo à África do Sul.
É neste navio que a protagonista se encontrará rodeada de suspeitos: a socialite Suzanne Blair; Sir Eustace Pedler, membro do Parlamento, junto de Guy Pagget, seu secretário, e seu novo empregado, Harry Rayburn; o reverendo Edward Chichester; e o Coronel Race, um detetive que aparecerá em outras obras da Rainha do Crime. Cabe a Anne embarcar nessa aventura e desvendar todo um mistério do qual, sem saber, ela passa a fazer parte.
Sendo este um thriller mais voltado para questões políticas de sua época, Agatha Christie cria um enredo cheio de potencial, mas que se perde no desenvolvimento tanto da trama quanto dos personagens.
O que começa sendo uma ótima e interessante premissa, com uma protagonista excelente, vai se desmanchando aos poucos - e os grandes enigmas aqui mostrados, mesmo surpreendendo vez ou outra, passam a depender muito mais de golpes de sorte do que de processos de dedução para serem resolvidos.
Além disso, é difícil não se incomodar com o racismo e o machismo que tomam conta da narrativa, já que a maioria dos personagens negros são apresentados através de adjetivos físicos e psicológicos muito pejorativos, e a protagonista, que passa boa parte da história afirmando sua independência, sua força, sua inteligência e coragem, acaba se deixando levar por um romance extremamente tóxico e problemático.
Enquanto o início desse livro pode instigar, a única coisa que fez com que eu continuasse a leitura foram personagens secundários carismáticos, como a sra. Blair e o sr. Pedler - o senso de humor característico de Christie é explorado através desses personagens, e tornou a experiência de leitura não tão árdua.
Mas, no fim, a verdade é que este foi o primeiro livro da autora que eu realmente não gostei, talvez por todo o preconceito externado aqui, ou mesmo pelo fato da narrativa ter me decepcionado bastante.
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