Resenhas - Isso é prazer + a dificuldade de seguir as regras

flor.de.jasmin 01/01/2024

Acessamos a narrativa de Quin e de Margot. Quin por ele e pelos olhos de Margot. Margot por ela e pelos olhos de Quin.

O editor-chefe de renome está sendo acusado de assédio por muitas mulheres com quem conviveu. O livro não apresenta respostas, mas perguntas, elabora impasses e desconfortos.

O acusado de abuso não parece tão terrível assim, ainda que tenha atitudes baixas e escrotas. Margot o vê de maneira humana, tecendo críticas e sem abandonar o afeto por seu amigo ? que a assediou num dos primeiros contatos.

Mary coloca muitas questões de nossa cultura em relação, como o cancelamento, a violação que praticamos contra nós, a falta de sensibilidade masculina. É uma leitura curiosa.

Marcella.Spelta 20/03/2023

Uau
O livro fala sobre as nuances de um abuso, sobre como é sutil e complexo - mesmo para as mulheres - entenderem que foram abusadas. Também mostra a perspectiva de um abusador em relação aos atos. É um ensaio que reflete sobre o estupro e sobre como as mulheres são ensinadas a se comportar. Incômodo e necessário, como o tema.

gioh_mileny 30/03/2022

?
A primeira parte do livro é muito bem articulada. Vc passa a leitura inteira entre condenar e repensar se as medidas são tomadas de maneira correta. Quinn é um completo canalha, constrói Td uma imagem pra tentar se isentar da culpa, insiste o tempo todo na existência de reciprocidade. Uma leitura que te faz pensar em várias situações. Uma leitura incômoda. Uma leitura necessária.

@li.varal 22/01/2022

Excelentes reflexões sobre um tema complexo
5/2022 ? Isso é prazer + A dificuldade de seguir as regras
#MaryGaitskill
?21.01.2022
?01h49min, 136 p.
@fosforoeditora

Isso é prazer é um conto narrado alternadamente por Quin e Margot. Ele é um editor acusado de assédio e que foi ?cancelado? (movimento #metoo ?). Ela é uma amiga, que conhece o jeito dele, mas tem dúvidas sobre as consequências das acusações.

A dificuldade de seguir as regras é um ensaio escrito por Mary Gaitskill em 1994 sobre sexo não consentido (date rape). Ela reflete sobre as normas sociais, a mudança cultural, o vitimismo, assédio e que caminho seguiremos.

A leitura dos dois textos conjuntamente é ótima. Eu adorei o livro e achei a autora muito inteligente. Nunca tinha pensado sobre algumas das ponderações que ela fez, como a importância de assumir a responsabilidade (habilidade de pensar, escolher e defender-se).

No segundo ensaio, ela faz ponderações valiosas sobre a análise de obras de arte. Espanta que isso tenha sido escrito em 1994 e o cenário tenha se agravado: ?(?) ao menos metade das resenhas de livros e filmes que tenho lido exaltam ou aviltam uma obra com base na empatia pelos personagens (como se empatia fosse um consenso) ou se o ponto de vista do autor em relação à vida é ou não ?afirmativo? - ou sabe-se lá o que a crítica acredita ser a atitude correta em relação à vida (?). Tal crítica presume que espectadores ou leitores precisam estar familiarizados com certo tipo de universo moral que reflita sua própria vida, ou, sendo sacos vazios que são, eles poderiam ficar confusos ou deprimidos etc.? (122-123)

Recomendo demais essa obra. O tema é muito complexo e é importante debater e refletir sob seus diversos aspectos; a análise dela é muito humana. Fiquei interessado em ler outros livros da autora.

?Quando quero descobrir como as pessoas de fato são, essa é uma das minhas primeiras perguntas. Será que essa pessoa reza?? (50)

?As mulheres são como os cavalos. Elas querem ser conduzidas. Elas querem ser conduzidas, mas também respeitadas. Você precisa fazer por merecê-las, sempre? (70)

?Mas será que ele merecia perder o emprego, o direito a ter um trabalho, sua honra como ser humano? Será que tinha que ser totalmente massacrado?? (81)

?A vida ultrapassa as pessoas, e é por isso que inventamos histórias? (89)

?É inerente à responsabilidade aprender a fazer escolhas a partir da posição que se tem em relação ao código social e, em cobsequey, responsabilizar-se pelas suas escolhas? (107)

?Feministas que postulam que os homens têm que receber um sim com todas as letras antes do sexo também estão tentando estabelecer normas, gravadas em pedra, que se aplicam a todo e qualquer encontro e que todas as pessoas implicadas devem obedecer? (109)

?A verdade muitas vezes dói, mas na arte sempre tem grande serventia, às vezes age profundamente? (125)

?Ensinar a um menino que o estupro é ?ruim? não é tão eficaz quanto fazê-lo compreender que o estupro é a violação de sua dignidade masculina, bem como a violação da dignidade da mulher estuprada? (129)