Joice (Jojo) 10/09/2014
Um dos filmes que mais gostava na "Sessão da Tarde", da TV Globo, era "Ela é o diabo", protagonizado por Meryl Streep e Roseanne Barr. Vários anos depois, descubro que o filme foi baseado em um livro de uma das minhas autoras favoritas, Fay Weldon, lançando-me a uma caça (bem-sucedida) pelo livro.
Muitos dizem que Fay Weldon é uma escritora feminista. Talvez ela aceite esse rótulo, mas, para mim, ela é acima de tudo uma escritora ácida e muito inteligente, capaz de extrair ótimos diálogos de situações corriqueiras. Em "A Maligna", assim como no filme, Ruth é a feia esposa de um contador ambicioso e muito bonito, que acaba por abandoná-la para ficar com Mary Fisher, uma escritora de romances baratos (dá para perceber que a autora não curte muito o estilo Danielle Steel). Assim como no filme, Ruth coloca fogo na casa e deixa os dois filhos com o pai e a amante dele para iniciar seu processo de vingança. Todavia, enquanto no filme o único objetivo de Ruth é vingar-se do marido (roubando dele casa, carreira e liberdade), no livro a trajetória de Ruth vai além. Só para se ter uma ideia todo o filme baseia-se apenas numa das fases da vingança de Ruth (além de conceder a Mary Fisher um final muito mais simpático).
Ruth é uma mulher em processo de reinvenção, que busca deixar a "mulher" de lado e aproximar-se do lado demônio que ela acredita ter. Nesse processo, ela adota vários nomes - Vesta Rose, Polly Patch, Georgiana Tilling, Molly Wishant, entre outros - tudo como meios de alcançar seus objetivos de destruir o marido e Mary Fisher. A obsessão dela por Mary Fisher, aliás, é algo que realmente merece uma análise mais profunda, como se apesar de todos os poderes de mulher-demônio o que Ruth mais quer é ser como a rival.
Discussões filosóficas a parte, o livro também diverte. Adoro a escrita ácida de Fay Weldon; a forma como ela debocha dos próprios personagens e dos padrões da sociedade é libertador.
Continuarei achando o filme um dos mais divertidos da "Sessão da Tarde", mas definitivamente o livro oferece muito mais elementos com os quais pensar e rir. Recomendo!