Dimas Lins 07/02/2022
A guerra econômica americana contra o mundo
Em abril de 2003, ao chegar em Nova Iorque por causa de suas atividades profissionais, o ex-executivo da Alstrom, Frédéric Pierucci é preso ao desembarcar no aeroporto. O motivo, corrupção. Mas nem tudo parece o que é. Embora o caso tenha acontecido em Cingapura, na Ásia e Frédéric não tenha tido atuação no pagamento de propinas, através da contratação de ?consultores?, ele é o bode expiatório da Alstom e é processado pelo DOJ, o Departamento de Justiça americano.
A primeira pergunta é o que os Estados Unidos tem a ver com transações de propinas na Ásia? O FCPA, Foreign Corrupt Practices Act, uma lei de 1977, tem aplicação mundial, tornando os EUA a polícia do mundo, empurrando goela abaixo dos outros países seus procedimentos judiciais.
A luta contra corrupção é apenas a desculpa para abarrotar o tesouro americano com multas bilionárias e enfraquecer os concorrentes internacionais. No caso da Alstom, a perseguição aos seus executivos fez a empresa sucumbir a GE, a mega-concorrente americana que, ao adquiri-la, tomou conta de um setor estratégico europeu: as centrais de energia nuclear e afetou sobremaneira a soberania francesa.
Os métodos mostrados no livro são idênticos aqueles utilizados na Operação Lava Jato. Para se ter uma ideia, só a Petrobras pagou multa de U$ 1,78 bilhão ao Tesouro Americano. A Odebrecht, gigante do setor de engenharia, também pagou U$ 2,6 bilhões de multa.
O enfrentamento às práticas de corrupção deve ser uma bandeira de todas as nações, mas aqui ela é utilizada como instrumento de guerra econômica utilizando-se os procuradores e os tribunais americanos como verdadeiros cães de caça. Dessa forma, tais práticas não passam de instrumentos de manipulação e dominação econômica.
Embora um pouco tarde, os europeus começaram a despertar e contra-atacar os abusos americanos. Quanto a nós, brasileiros, a cada dia entrávamos de mão beijadas as joias industriais brasileiras. As instituições brasileiras são utilizadas em benefício do tesouro americano. A pergunta é: até quando?