Evelin Bianca | @paginasete7 26/09/2024
#5 A beleza nas coisas quebradas e a nova criação
Deus é o Artista maior, e ao nos criar à Sua imagem e semelhança, nos chamou para cocriar. Makoto Fujimura apresenta as implicações teológicas do ato de criar, o chamado à Nova Criação e a encontrar beleza mesmo nas cinzas, mesmo nas coisas quebradas.
Makoto traz a liturgia do trabalho artístico, fala sobre a relação do ser humano de mordomia com as coisas criadas por Deus, e discute muito a questão da utilidade, originada na Revolução Industrial, que trata a arte como ?desnecessária?. Deus, no entanto, não cria por necessidade, mas por amor. Trata sobre beleza e misericórdia, e uma visão de abundância, que busca não apenas consertar o mundo.
Um dos aspectos centrais da obra é o conceito do Kintsugi, uma técnica de restauração de cerâmicas japonesas quebradas usando fios de ouro, unindo os fragmentos e preenchendo as fissuras. O resultado são peças ainda mais belas do que eram originalmente e com formas únicas. Ilustra a restauração da nossa vida e a nova criação, mostra que coisas quebradas, fragmentos e fissuras podem gerar beleza.
O autor aborda o cuidar e amar na obra do criar, reflete sobre como o amor influencia no resultado final do que fazemos, discute economia de mercado ou de dádiva. Mostra que o ato de criar independe da área de ocupação, fala sobre como Deus nos chama para uma zona de descoberta, onde possamos exercitar a criatividade e descobrir necessidades. Também trata do sofrimento, da espera, da sensibilidade para ouvir e perceber; as marcas que carregamos, o compartilhar do banquete com as pessoas, e o criar para a eternidade.
Um livro com questões poéticas e profundas, que relaciona de forma bela a arte e a fé. Não é um livro apenas para artistas, nem apenas para teólogos. É sobre beleza, misericórdia, e o nosso chamado a sermos novas criaturas, a sermos cocriadores, na nossa jornada rumo à nova criação. Ótimo livro!
208 páginas
Lido: de 03 a 14/04/24